Reconciliação parte 3

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Eu acordei depois de um sonho distante, algo muito importante, mas que eu não conseguia saber o que era. Meus olhos estavam pesados, e meu corpo rígido. Abri os olhos lentamente, estava num quarto com baixa iluminação, era um quarto estranho a mim. Ao meu lado um corpo repousava, tentei me virar para ver quem era, os músculos das costas e do quadril protestaram, mas mesmo assim, consegui me virar. Otávio estava deitado ao meu lado, completamente nu, e sem nada o cobrindo. De barriga para cima, um braço sobre a própria barriga, o outro esticado ao longo do corpo, uma perna estava dobrada sob a outra, seu membro estava flácido, mas mesmo assim exuberante. Em seu rosto, uma expressão serena, lhe dava o aspecto de juventude, fiquei imaginando como ele seria no dia-a-dia se sorrisse mais e levasse a vida com mais leveza.

Sentei na cama testando meu corpo, cada movimento me fazia lembrar dos momentos selvagens da noite. Otávio não se cansou, até me ver implorar por descanso.

Levantei e me encaminhei até o banheiro do quarto, no espelho uma mulher muito diferente de quem eu era, se apresentou. O cabelo desgrenhado parecia ter sido penteado há dias, a maquiagem borrada, dava o ar de prostituta de rua depois de uma noite de trabalho, pescoço, colo, seios, barriga, quadril e bunda com grandes marcas roxas. Droga! Me aproximei do sanitário para urinar, mas vi estrelas quando o xixi saiu, eu estava totalmente assada na vagina, demoraria dias para voltar ao normal.

Decidi tomar um banho. A água quente batendo em minha pele sensível, me fez gemer um pouco, mas foi muito melhor quando terminou e eu me senti, e aparentava, ser mais eu. Saí do banheiro vestindo um roupão e enxugando o cabelo numa toalha. Otávio ainda dormia.

Recolhi minhas coisas espalhadas pelo quarto, sentei em uma poltrona, sem forças para me vestir, mas sabendo que era necessário. Penteie o cabelo com os dedos, passei um corretivo nas olheiras, rímel e apenas carimbei com o próprio dedo o batom vermelho nos lábios. Eu sempre colocava na bolsa um kit de emergência, maquiagem, camisinha e um chiclete de menta, eu nunca sabia onde a noite ia dar, precisava estar preparada.

Quando me levantei para pôr o vestido, Otávio se mexeu na cama, seu braço se esticou ao lado da cama, provavelmente me procurando, pois, ao constatar que eu não estava, ele abriu os olhos e olhou pelo quarto.

– Bom dia! – Eu o saudei, terminando de fechar o zíper do vestido.

– Quantas horas? – Ele perguntou.

– Ãh... – Peguei meu celular dentro da bolsa e olhei as horas. – 9h.

– Faz tempo que você acordou? – Ele perguntou, se sentando na cama.

– Não, acho que uns quinze minutos – respondi.

– Quer comer alguma coisa? – Ele perguntou. – É só pedir, eles têm serviço de quarto.

– Não, eu estou indo embora, mesmo sendo sábado, tenho muita coisa para resolver – eu disse abotoando minha sandália. – Mas você pode pedir se quiser.

– Eu te levo em casa – Otávio disse, levantando da cama.

– Não! – Eu disse. – Eu me viro pra ir embora.

– Vai dar uma de orgulhosa agora? – Ele riu, cínico. – Ontem você não tinha muito orgulho enquanto pedia pra eu te bater mais forte e meter mais fundo.

Eu parei de organizar minhas coisas na bolsa, eu não acredito que depois de tudo o que aconteceu, ele ainda vai dar uma de superior.

– E obrigada por ter me inutilizado por uma semana – eu disse com raiva. – Assim eu posso andar pelo escritório, rebolando minha bunda, e você vai saber que não pode me tocar. Eu não estou me fazendo de orgulhosa, eu sou independente e livre, posso ir e vir quando e como eu quiser, posso foder com quem eu quiser e da forma que eu quiser. E agora, se me der licença, estou indo.

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