Escolha de sucesso

Jantar

Quando me dei conta do que fiz senti vergonha. Mais uma vez me deixei levar pelo monstro que vivia em mim. Como pode, eu, uma mulher forte, de personalidade marcante e independente, estou sempre sucumbindo a essa fragilidade? Essa viagem era para me aproximar de Luís, e já nas primeiras horas eu o havia esquecido e me entregado a um qualquer, que eu não sei nem o nome e nem tinha nenhuma vontade de saber. Como eu poderia esperar que Luís sentisse algo por mim, que se interessasse por mim, se eu era tóxica e contaminava todos a minha volta?

Fiquei deitada na cama me sentindo miserável até a hora do jantar que eu havia combinado com Luís. Não consegui dormir, mesmo com muita vontade, eu era miserável demais para merecer a alegria de um sono tranquilo. Porém, mesmo assim, acreditando que não sou digna de estar na presença dele, eu me esforcei para me arrumar, porém com simplicidade. Dentre as roupas que eu trouxe, escolhi um vestido longo, branco e de renda, as alças mais largas escondiam bem meu busto, e por ser mais largo o vestido não deixava minhas curvas se sobressaírem. Soltei os cabelos de maneira natural, não escovei, nem modelei, secou naturalmente, ficando da forma que ele é, ondulado. Também desisti da maquiagem, passei apenas um protetor labial de cereja para proteger da maresia.

Eu não sei se eu estava atrasada ou no horário, estava mais preocupada em como me comportar diante dele. Parei na porta do restaurante olhando o salão, não estava cheio, logo avistei Luís. Cabelo penteado de qualquer jeito, acho que ele só passou os dedos, vestia uma gola polo azul marinho e uma bermuda jeans. A camiseta levemente apertada evidenciava seus músculos como ele podia ser tão bonito?

Fui caminhando a passos hesitantes até a mesa, meu coração batia descontroladamente, senti as palmas das minhas mãos suando. Quando estava perto o suficiente, a atenção dele foi chamada para a minha pessoa, e seu olhar iluminado me fez queimar por dentro. Luís se levantou para me receber, ele tinha uma expressão em seu rosto perfeito que nunca antes havia visto, me lembrou vagamente Otávio falando de Gerard.

– Me desculpe pelo atraso, se é que estou atrasada, perdi a noção da hora – falei, enquanto me sentava na cadeira que ele puxou.

– Quinze minutos apenas, não chega a ser considerado atraso – ele refutou sorrindo gentilmente. – Aposto que você não resistiu e acabou dormindo.

– Bem que eu queria – falei com certa amargura, se eu tivesse dormido não teria feito o que fiz. – Mas você está com uma cara de quem dormiu toda a tarde.

– Jamais! Lutei contra as minhas pálpebras a tarde toda, mas não dormi - ele achou graça, depois ficou um tempo em silêncio, e mesmo sem olhar, sabia que me observava. – Você está linda!

– Não exagera, estou natural, isso não pode ser bonito – contestei sem graça.

– Linda! – Ele sorriu com carinho, me fazendo ofegar. – Como foi a massagem? – Luís perguntou e eu praguejei internamente.

– Foi bom! – Respondi, tentei imitar certa empolgação, mas desviei o olhar.

– Seu corpo fica diferente quando você faz – Luís comentou e eu o olhei surpresa. – Desculpa, precisei comentar.

– Não sei o que você quer dizer – tentei despistar.

– Seu corpo parece ganhar vida depois que você tem relações – ele explicou, sua voz ganhou um tom de amargura que não teve como passar despercebido.

Fiquei em silêncio, eu sabia que ele não estava mentindo, Augusto já tinha feito essa mesma observação. Me sentia uma idiota por achar que podia enganar o Luís. Mesmo que ele fosse um cavalheiro e geralmente não comentasse sobre isso, ou que nunca observasse, pelo menos não descaradamente, meu corpo, não podia esperar que ele não percebesse certos detalhes.