O silêncio

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A corrida de Augusto não demorou muito mais. Parou na padaria da esquina, tomou um expresso e comeu um sanduiche de peito de peru. Seguiu para o loft, a sensação de que havia algo errado ainda não havia sumido. E era, sem dúvida nenhuma, uma preocupação com Beatriz, ela estava em perigo. Esse pensamento inquietou o personal.

Ao pôr o primeiro pé no apê, fez uma ligação para ela. Augusto sabia que em Cancún ainda era cedo, mas ele só precisava ouvir a voz dela para se acalmar, ele já até podia ouvir os inúmeros xingamentos proferidos por ela, por ele a ter acordado naquele horário. Mas só isso bastaria para ele saber que ela estava bem e acalmar seu coração.

Estranhamente a chamada caiu direto na caixa de mensagem. O que queria dizer que o celular estava desligado, coisa que Beatriz nunca faria. Tentando acalmar seu coração, Augusto deixou uma mensagem:

Oi, Bi!!! Desculpa estar te ligando nesse horário, em minha defesa aqui já são 8h33. Enfim, só queria saber se está tudo bem, me liga assim que ouvir essa mensagem. Te amo!

Augusto resolveu se arrumar, tinha uma avalição física às 10h, quanto mais se mantivesse ocupado, mais rápido essa sensação ia embora.

Longe dali, num quarto luxuoso de um hotel a beira-mar de Cancún, Luís acordava com os primeiros raios de sol. Seu coração acelerado lembrou a sua mente o motivo da sua alegria. Um sorriso brotou em seus lábios e a ansiedade de ter Beatriz novamente em seus braços, despertou-o completamente.

Luís se virou na cama em busca da morena, mas encontrou o espaço totalmente vazio, o quarto também não havia o menor rastro dela. Salvo, por um papel dobrado na mesinha de cabeceira, Luís sorriu ao reconhecer a letra que escreveu seu nome. Pegou-o, e conforme ia fazendo a leitura seu mundo parecia ruir. Foi obrigado a ler pelo menos mais duas vezes até entender, com clareza o que Beatriz tinha dito naquelas poucas linhas.

Luís rodava pelo quarto relendo a carta, por mais que entendesse o que estava escrito ali, não compreendia porque Beatriz escreveu. A noite anterior foi mágica, ele teve certeza do que Beatriz sentia, não porque ela falou, mas porque ele viu nos olhos dourados dela a mesma emoção dele, a forma com que ela adorava o corpo dele, também mostrava o quanto ela estava entregue. Nada disso combinava com as palavras escritas ali.

Luís parou no meio do quarto, "e se fosse brincadeira?", ele pensou. Vestiu uma calça de pijama e correu até o quarto dela. Falaria com ela, esclareceria tudo, qualquer coisa que estivesse fora do lugar seria ajustado.

Na porta do quarto dela, ele bateu, com violência, era perigoso que derrubasse. Contudo, não havia sinal de que ela estava ali, só havia o silêncio, o silêncio da ausência, aquele que mesmo que ninguém te fale, você sabe que não tem nada nem ninguém.

– Esse quarto está vazio. Posso ajudar? – A camareira, que estava saindo de outro quarto, se aproxima de Luís.

– Você sabe... onde está a hóspede desse quarto? – Luís perguntou, a voz abalada.

– Não sei informar, só me passaram que era para deixa-lo pronto para o próximo hóspede – a camareira respondeu.

Luís não disse mais nada, nem mesmo agradeceu, seu desespero estava muito grande para lembrar da boa educação. A recepção do hotel teria informações para ele, era seu último recurso.

– Oi, bom dia! – Luís tentava parecer controlado. – Desculpe incomodar, mas eu perdi contato com a senhorita que estava comigo, gostaria de saber se vocês sabem para onde ela foi transferida. Ela estava no quarto 233, Beatriz Saldanha.

A recepcionista tentou demonstrar profissionalismo, fazendo de conta que não via aquele belo homem se quebrar na sua frente. Ela não saberia dizer o que aconteceu entre ele e a senhorita que o acompanhava, mas o que quer que tenha acontecido, causava a ele enorme sofrimento.

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