Porque nem tudo o que parece é

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Quando cheguei no escritório ainda estava com o gosto amargo na boca. Gabriela estava sentada em sua mesa, pedi que ela esperasse eu chegar para só então ir almoçar.

– Olá, senhorita Antunes! – Eu a cumprimentei, parando ao lado de sua mesa. – Como foi o dia hoje?

– Olá, senhorita Saldanha! – Ela disse com o mesmo sorriso alegre de sempre, acho que ela nunca ia se cansar disso. – Foi tudo bem, na verdade, nem parecia que tinha alguém aqui, eu me falava o tempo inteiro que os sócios estavam em suas salas, para me lembrar disso.

 – Foi tudo bem, na verdade, nem parecia que tinha alguém aqui, eu me falava o tempo inteiro que os sócios estavam em suas salas, para me lembrar disso

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– É, quando eles querem, podem ser bem bonzinhos – eu disse, validando a observação dela.

– Na verdade, eu acho que eles não gostam muito de mim – ela disse, um pouco queixosa. – Quando a senhorita está aqui, eles até me pedem alguma coisa, mas se não está, é como se não houvesse ninguém. Acho que eles não estão muito felizes com o meu trabalho.

Gabriela me lembrou, a mim mesmo, assim que comecei a trabalhar aqui, não conhecia ninguém e tudo dava errado, cada vez que eu cruzava com Otávio ou Priscila, parecia que iam me acertar com raios lazer soltados direto dos olhos. Me compadeci dela, era muito ruim achar que por mais esforço que fizesse, ainda não era o suficiente.

– Eles não gostam de ninguém, Gabriela – eu digo, tranquilizando-a. – Acho que eles nem gostam deles mesmos. Não se atormente por causa disso, eles estão felizes com seu trabalho, caso contrário eles não me dariam a manhã de folga e deixariam você no comando da presidência.

O rosto dela se iluminou, alivio e alegria se misturando.

– Só continua fazendo o seu trabalho, que tudo dará certo – eu disse calma, mas no meu tom, deixei a entender que ela não podia confiar demais. – Eu te dou a tarde de folga, para compensar essa manhã. Esteja aqui amanhã no horário de sempre.

Ela sorriu e concordou. Me direcionei a minha mesa e dei início aos trabalhos da tarde. Luís chegou pouco depois, me sorriu com gentileza e se encaminhou para sua sala. Meu coração se apertou. Agora seria assim? Cada vez que eu o visse, meu coração me lembraria que era território proibido? Eu tinha que fazer alguma coisa, qualquer coisa que me levasse a esquece-lo.

A tarde foi tranquila, talvez tão tranquila quanto de manhã. Priscila não foi trabalhar naquela tarde. Luís não saiu da sua sala para nada e às 17h em ponto ele foi embora, se despediu com um aceno, mas sem dizer nenhuma palavra. Ele estava triste, ou irritado, eu não sabia dizer, mas havia algo estranho, que o afastava de mim. Se isso era bom ou ruim, eu não sabia dizer, mas eu tive que engolir e aceitar a distância.

O office-boy trouxe muitos documentos para o sr. La Grand, já quase no fim do expediente. Organizei todos em ordem de importância, e me dirigi até a sala dele.

– Sr. La Grand? – Me anunciei ao entrar na sala, ele estava atento a tela do computador.

– Senhorita Saldanha, entre, sente-se – ele disse, mas não desviou os olhos do computador. – Preciso enviar esse e-mail, espere um minuto. Achei que não a veria hoje, estava fugindo de mim.

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