Os órfãos e a fábrica de tijolos

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Já era madrugada quando os quarenta e três soldados restantes da Companhia Alpha caminhavam pelas ruas da cidade.
As ordens eram para se posicionar de forma defensiva na fábrica de tijolos, que ficava no centro da zona industrial, e resistir a todos os ataques, porém a suspeita era de que os shurenses já estivessem lá. Por isso, todos andavam em silêncio, formando três filas indianas, pois temiam cair em qualquer tipo de emboscada.

Ao redor da zona industrial ficava a periferia da cidade, formada por construções de classes médias e baixas. Era um local com pouca importância para ambos os lados. Por isso, não tinha sido tão bombardeado quanto às demais regiões.

- Não vejo a hora de matar o meu décimo sexto shurense. - Disse Jimmy, quebrando silêncio.

- O seu entusiasmo me assusta - Afirmou Harry olhando para trás.

Jimmy andava na fila do meio, Harry estava na sua frente e Diego à direita, tendo uma distância de cinco metros entre cada.

- Quantos desses insetos você já matou? - Continuou Jimmy enquanto olhava para Diego. - Ouvi dizer Que foram muitos.

- Não sei ao todo. - Respondeu.

Harry gargalhou olhando de recanto para Diego.
- Esse aí... Só deu sorte, até ago...

- Espalhem-se. - Gritou D'Lucas à frente. - Fogueiras em trezentos metros.

Imediatamente os soldados se dividiram  protegendo-se em meio às ruínas das casas nos dois lados da rua.

Após observar as posições inimigas, D'Lucas se dirigiu até Harry e Jimmy.

- É um galpão - Disse o Sargento enquanto sentava apoiando as costas em uma parede parcialmente caída. - Tem pelo menos trinta deles, lá.

- E o que faremos? - Perguntou Harry.

- Você e o Jimmy vão pelos flancos com o segundo e o terceiro pelotão,  enquanto eu avanço pelo meio com o primeiro. Façam silêncio total. Quando estiverem cercados, a gente acaba com eles.

- Beleza!
- Entendido!

Depois, D'Lucas atravessou a rua e sentou ao lado de Diego, que estava pensativo com os olhar preso na direção do galpão.

- Você tá legal? - Perguntou o Sargento.

- Sim. - Respondeu. - Só estou pensando no quanto eles foram idiotas por terem acendido fogueiras em um lugar como esse.

Realmente eles tinham entregado muito fácil a posição.

- Foram mesmo. - D'Lucas sorriu. - E nós vamos usar isso a nosso favor.

O sargento levantou e deu dois tapinhas nas costas de Diego.

- Venha comigo - Continuou dizendo. Vou precisar de você.

D'Lucas tomou a frente de seu pelotão e, seguido por Diego e os outros soldados, avançaram silenciosamente dentre os escombros das casas ao redor do galpão.

- Diego. Você vai na dianteira... - Sussurrou D'Lucas. - O primeiro tiro é seu.

Tomando a frente, Diego atravessou a rua silenciosamente e posicionou-se na parede dianteira do galpão. Os demais avançaram logo atrás dele.

Havia silêncio total dentre os soldados de Bedrock, seus corações estavam acelerados e seus corpos suavam. A única coisa que se podia ouvir era o som da própria respiração.

- É agora ou nunca!

Diego segurou seu fuzil com força, levantou e o apontou para... Crianças!?

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