Perdão e Descontração

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No final da tarde, as últimas fagulhas de resistência dos boinas vermelhas na capital foram derrotadas.

Desde então houve silêncio, pois ninguém pôde comemorar, devido às grandes baixas sofridas.

Diego e Larissa sentaram sobre os escombros de uma casamata em um lugar um pouco afastado de onde os outros estavam.

一 Me desculpa. Eu sei que te magoei muito. 一 Disse ela, iniciando a conversa 一 Mas eu precisava fazer isso e não podia te contar.

一 Desde quando você pretendia ajudar a resistência?

一 Foi assim que descobri os planos do meu pai. 一 Respondeu 一 Depois que a mamãe morreu.

一 Então você nunca confiou em mim? 一 Diego desviou o olhar.

一 Eu sempre confiei em você. 一 Respondeu 一 Só não queria te envolver nisso.

一 Eu acabei indo totalmente contra seus planos. 一 Sorriu.

一 E como...

一 Sabe... Eu jurei que ia matar você. 一 Diego levantou e deu as costas 一 Mas não vou conseguir fazer isso. Pois eu ainda... Deixa pra lá.

一 O que pretende fazer agora? 一 Os olhos de Larissa começaram e se encher de lágrimas.

一 Ajudar o Hélder a encontrar os filhos dele. 一 Respondeu 一 E depois... Bem. Os shurenses ainda estão ai. Nós não teremos paz enquanto não derrotá-los.

一 E também tem o meu pai...

一 Por falar nisso. 一 Diego se virou para ela 一 Por que você nunca saiu de perto dele?

一 Eu ainda tinha esperanças de que ele pudesse se arrepender e fazer o certo. 一 As lágrimas começaram a escorrer por seu rosto.

一 Eu sinto muito...

一 Sabe qual o que meu consolo nesse tempo todo?

一 O que?

O vento soprou forte, fazendo seu cabelo ruivo balançar contra seu rosto pálido a qual estava marcado pelas lágrimas que escorriam de seus olhos.

O tom alaranjado do pôr do sol realçava a cor de seu cabelo. Já seus olhos azuis exalavam tristeza.

一 Saber que, um dia, poderia reencontrar você. 一 Respondeu 一 E então a gente iria se resolver e ficar juntos.

O coração de Diego batia acelerado, porém seus sentimentos em relação a Larissa estavam confusos por conta do ódio acumulado nos últimos meses.

一 Pena que não foi como você imaginou...

Ele deu as costas e saiu, mas enquanto se afastava ouviu Larissa dizer:

一 Eu te amo.

Então, Diego começou a chorar, porém não deixou que ela visse.

Depois de enxugar as lágrimas ele se juntou a Hélder, D'Lucas, Borges e Rayan, que estavam na praça em frente ao palácio presidencial.

一 Finalmente se juntou a gente. 一 Disse Hélder 一 Onde você estava? E por que a cara de choro?

一 Como você sabe?

一 Eu sou pai de duas garotas. 一 Hélder sorriu 一 Depois de um tempo ficou fácil de entender.

一 Eu estava resolvendo umas coisas. 一 Diego respondeu.

Ambos estavam sentados ao redor de uma fogueira feita com restos de madeira retiradas do meio dos escombros e entulhos espalhados durante a batalha.

一 Vocês não acham que o Arthur está diferente? 一 D'Lucas perguntou.

一 Como assim? 一 Diego arqueou as sobrancelhas.

一 Sei lá... 一 Respondeu 一 Ele está meio... Fofo.

一 Fofo? 一 Hélder tomou a palavra 一 Esse cara me dá medo.

一 Pois se você tivesse visto ele antes teria se borrado todo. 一 Borges sorriu 一 O Diego se borrou, na primeira vez que viu ele.

一 Vocês também, seus trouxas. 一 Diego respondeu.

一 Não me envolve nisso não! 一 Disse D'Lucas.

一 Mas é você quem está achando ele fofo.

Todos riram juntos.

一 Eu também notei que o Arthur está diferente. 一 Disse Rayan.

一 Certeza que tem mulher envolvida. 一 Willgner chegou de surpresa, já entrando na conversa.

Ao seu lado estava Benjamin, que havia acabado de terminar sua patrulha.

一 Sobre o que vocês estão falando? 一 Perguntou.

一 Sobre o Arthur.

一 Esse que vocês tanto falam? Achei que ele tinha morrido.

一 Todo mundo achava.

一 Mudando de assunto. 一 Borges interrompeu 一 Fazia tempo que a gente não tinha um momento de descontração como esse, não é?

一 Verdade! 一 Uníssono.

一 A guerra é estressante...

Naquele momento, Arthur se aproximou deles e perguntou:

一 Posso me juntar a vocês?

一 Claro. Senta aí! 一 Hélder respondeu enquanto os outros ficaram boquiabertos.

Arthur olhou nos olhos de cada um e se sentiu um tanto desconfortável.

一 Vocês estão bem?

一 Estamos sim... 一 Willgner respondeu 一 É que você está diferente.

一 Como assim?

一 Você pediu permissão para se juntar com a gente. 一 Respondeu 一 Você não fazia esse tipo de coisa antes.

Os outros concordaram com ele.

一 Me fala uma coisa, Arthur. 一 Disse Diego 一 O que aconteceu depois da ponte?

一 Você acredita em destino?

一 Não.

一 Nem eu...

Willgner se aproximou de Diego e sussurrou em seu ouvido:

一 Certeza que tem mulher no meio disso.

一 Onde está o Arthur? 一 Millize caminha rapidamente no meio da praça.

Ela estava tensa, inquieta e tinha uma expressão de preocupação.

一 Estou aqui. 一 Ele levantou 一 O que houve?

A comandante se aproximou e disse:

一 Perdemos o contato com o acampamento dos civis.

Arthur mudou totalmente sua postura e expressão para algo mais sério.

一 Faz quanto tempo? 一 Perguntou.

一 Mais ou menos uma hora e meia. 一 Respondeu 一 Nós temos o sinal, porém eles não respondem.

一 E você espera uma hora e meia para me avisar? 一 Gritou.

一 A princípio achávamos que era problemas na comunicação, mas depois ficou bem claro e eu vim correndo te avisar.

一 Se acalma, Arthur. 一 Diego interrompeu.

一 Não me pessa para e acalmar...

一 Vamos ver o que aconteceu... 一 Continuou 一 Eu e o Hélder iremos com você.

一 O que aconteceu? 一 Christian perguntou ao se aproximar.

一 Sem tempo para explicações. 一 Arthur deu as costas e saiu.

一 Vem, Chris. 一 Disse Diego 一 Vem com a gente...

Rapidamente, Arthur juntou alguns de seus soldados, enquanto Diego providenciou três caminhões e logo ambos partiram juntos.

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