Uma Manhã Cinzenta

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Foi tudo tão de repente. A fábrica parecia estar vazia.
Todos haviam se acalmado e estavam confiantes que tudo seria tranquilo... quem dera!

- Avançar! - Gritou D'Lucas após encher os pulmões de ar.

Porém, ao cruzarem a estrada de terra,  três soldados tiveram seus corpos dilacerados por disparos de uma metralhadora que estava camuflada no topo do prédio.

- Protejam-se! - Gritou um dos soldados, fazendo o grupo de dissipar e correr para buscar abrigo em meio às pilhas de tijolos.

- É uma emboscada! - Um outro soldado também gritou, milésimos antes de ter sua cabeça perfurada pelo disparo da arma de um dos quatro atiradores que haviam se manifestado nos demais andares do prédio no centro da fábrica.

Em menos de sessenta segundos já havia quatro mortos e os demais estavam completamente desnorteados.
Os tiros constantes causavam um barulho ensurdecedor, além da poeira e dos estilhaços de tijolos que as balas espalhavam após atingirem o local em que os soldados da defesa de Bedrock se protegiam.

De repente, as rajadas de tiros sessaram, mas sons de disparos de morteiros ecoaram em toda a região.

- Deitem no chão.  - Gritou D'Lucas.

Mas nada aconteceu, nenhuma explosão sequer.

Diego se arrastou até ele e apoiou suas costas na pilha de tijolos que o protegia, ficando ao seu lado.
- Não estão atirando em nós. - Disse ele olhando para D'Lucas, que permanecia imóvel. - Os disparos estão indo rumo ao centro da cidade.

Ao que tudo indicava, a fábrica estava sendo usada como um ponto de artilharia. O que era perfeito, por ser espaçosa e muito bem localizada. De lá,  a Shuri poderia bombardear qual quer área da cidade.

- D'lucas, acorda! - Gritou Diego dando-lhe dois tapas no rosto. - Precisamos fazer algo.

- Teremos que destruir aquela metralhadora primeiro. - Respondeu. - Se não,  nem chegaremos perto.

- Brown tem um lança foguetes.

- Dessa distância acho que nem chega lá.

Diego ficou pensativo.

- Vamos dar cobertura para ele. - Disse.

- Como?

- Eu tenho um plano.

O sargento olhou para aquele jovem soldado e viu entusiasmo no seu olhar, parecia que ele tinha certeza que seu plano, seja lá qual fosse, daria certo.

- Ok, Diego. - Respondeu - O comando é seu.

O soldado acenou com a cabeça e respirou fundo.

- Harry. - Gritou ele - consegue mandar aquela metralhadora pelos ares?

- Se eu chegar perto suficiente, sim. - Gritou de volta - faço picadinho dela.

- Ok! - Diego respirou fundo e continuou - Quanto ao restante. Em duplas, espalhem-se o máximo que puderem, usando as pilhas de tijolos como proteção, sempre avançando.

Todos mantinham seus olhares fixos e ouvidos atentos ao que Diego falava.

- Vamos aumentar a área de combate e diminuir a precisão daquela metralhadora. - Continuou dizendo - Dessa forma, Harry terá espaço para se aproximar e acabar com aquele desgraçado.

- E quanto aos atiradores? - Perguntou um dos soldados.

- Depois que a metralhadora cair, a gente rala chumbo neles.

- Vamos acabar com esses infelizes! - Bradou D'Lucas.

Logo todos colocaram o plano em ação,  movimentando-se dentre os montes de tijolos que os protegia, parcialmente, dos disparos da metralhadora, que voltou a atirar assim que percebeu o movimento entre os soldados da defesa de Bedrock.

Os disparos eram constantes, mas os alvos se dissipavam e aproximavam-se cada vez mais do prédio.

Harry procurava um bom local para disparar seu laça foguetes. Seguido por Diego, que focava na posição dos atiradores, a qual o número aumentava cada vez mais.

Certamente, a presença da companhia Alpha, naquele lugar, os deixava bem nervosos.

Depois de um tempo, Harry conseguiu ficar à cem metros do prédio e ter uma visão limpa e ampla da metralhadora, que estava trinta graus para esquerda.

Ele carregou seu lança foguetes e mirou, mas os atiradores o viram e atiraram em sua direção, o forçando a se proteger rapidamente na pilha de tijolos a sua frente.

Vendo a situação, Diego deu um tapa nas costas de seu colega.

- Vai lá que eu te cubro - Disse ele; e em seguida lançou rajadas de tiros contra seus inimigos.

Novamente, Harry apontou sua arma em direção a metralhadora, respirou fundo e olhou fixamente, através da mira, para o alvo durante alguns segundos.

- É pra hoje! - Bradou Diego, enquanto recarregada seu fuzil para voltar a atirar.

- Relaxa e confia...

Harry apertou o gatilho e uma pequena explosão em sua arma jogou o projétil rumo a metralhadora, acertando-a em cheio.
Em seguida, uma explosão jogou destroços e faíscas pelos ares.

A metralhadora estava, enfim, inutilizada.

Todos os soldados pararam para ver aquela cena.

- Senta o dedo neles! - Gritou Diego, fazendo seus companheiros atirarem com tudo contra os inimigos que estavam no prédio ao centro da grande fábrica de tijolos que, de imediato, encheu-se de buracos.

Os tiros partiram de vários lugares do vasto campo repleto de pilhas de tijolos e montes de argila.
O maior número de inimigos estava no andar do meio, o que fez Diego suspeitar que havia algo muito estranho.

- Harry. Derruba aquela parede com seu lança foguetes. - Disse Diego apontando para o local com maior concentração de shurenses.

Obedecendo a ordem, ele recarregue e efetuou outro disparo perfeito.

O projétil explodiu, abrindo um buraco enorme na parede, revelando a enorme quantidade de soldados inimigos dentro do prédio, que movimentavam-se subindo e descendo as escadas, que davam acesso ao andar superior, carregando caixas com munições de morteiros.

A suspeita de Diego estava totalmente certa.

Os morteiros estão no terraço

- Atira de novo! - Gritou ele, em meio ao barulho ensurdecedor de disparos dos soldados que já se aproximavam deles e do prédio - No mesmo lugar...

Harry repetiu o movimento de recarga, mirou no mesmo lugar, respirou fundo e apertou o gatilho.

Novamente, uma pequena explosão em sua arma arremessou o projétil que, passando pelo buraco na parede, causado pelo último disparo, e entre os soldados que estavam dentro do prédio,  acertou em cheio várias caixas de munição de morteiro depositadas naquele lugar. Causando uma poderosa explosão a qual foi vista por todos que estavam no vasto território de Bedrock.

Uma nuvem de fumaça, misturada com poeira e argila cobriu o céu e se espalhou, deixando aquela manhã completamente cinzenta.

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