Julgamento

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Apesar de finalmente estarem em segurança desde o ataque ao vilarejo, ninguém conseguiu dormir naquela noite.

Iroha conversava com Thúlio, Ví e outras pessoas, em frente ao alijamento. Até que, ao verem Arthur voltando da conversa com a comandante Millize, fizeram silêncio.

Todos o olhavam de uma forma diferente, com um certo desprezo a qual o deixou um tanto desconfortável.

一 O que houve? 一 Perguntou.

一 Nós conversamos bastante e acabamos discutindo sobre o quanto você tem sido misterioso com a gente, ultimamente. 一 Responderam 一 Por que você escondeu da gente que podia fazer aquilo que fez de manhã?

Lentamente, o olhar de Arthur se cruzou com o de todos, exceto o de Iroha, pois ela estava de cabeça baixa.

一 Primeiramente; porque era perigoso. E eu também queria evitar que algo como isso acontecesse...

一 Tudo bem ter escondido isso, no começo. 一 Thúlio tomou a palavra 一 Mas todos nós lhe entregamos nossa confiança. O mínimo que você poderia ter feito era retribuir.

一 Por que você não usou aquilo antes? 一 Ví perguntou 一 Poderia ter salvo a vida do Edu, da Iaiá e de todos os outros que morreram.

一 O sangue de todos eles está em suas mãos...

Arthur abaixou a cabeça e respirou fundo.

一 Qual parte do "é perigoso" vocês não entenderam? 一 Ele franziu o cenho e cerrou os dentes 一 Eu não controlo aquela habilidade. Usá-la seria o mesmo que colocar a vida de todos os outros em perigo.

一 E não fazer nada foi menos perigoso, por acaso? 一 Thúlio gritou 一 As vidas das pessoas foram colocadas em perigo do mesmo jeito. E pior, elas morreram! Isso foi culpa sua, pois poderia ter feito algo e não fez.

Arthur olhou para Iroha e a viu, ainda, de cabeça baixa, sem dizer uma só palavra.

一 Você também acha isso? 一 Perguntou para ela, porém não houve resposta.

Quando seus olhares finalmente se cruzaram, Iroha viu que em seu rosto não havia mais nenhuma expressão; parecia o mesmo de alguns meses atrás, quando ela o conheceu.

一 Não precisa responder mais nada...

Seu olhar se tornou frio e seus passos lentos. Arthur simplesmente deu as costas e saiu.

Mais a frente, enquanto andava pelas ruas, que no momento estavam vazias, algumas lágrimas escorriam por seu rosto e, apesar de estar com os dentes cerrados, seus lábios tremiam. Arthur sentia uma enorme vontade de gritar e correr para o mais longe possível.

一 Então é isso. 一 Sussurrou 一 Pessoas como eu sempre acabam sozinhas... É assim que as coisas são.

Enquanto isso, no Vale do Fim do Mundo, Diego lia uma carta de Tholansky, enviada por um mensageiro.

一 Então é isso! 一 Sorriu.

一 Pelo visto são boas notícias. 一 Disse Hélder.

一 Finalmente vamos atacar a capital. E dessa vez será diferente.

一 Estou ansioso para acabar com isso e reencontrar meus filhos! 一 Hélder sorriu junto de Diego.

Depois disso, o jovem soldado andou até o depósito de munição e ficou observando os vários projéteis de artilharia deixados pelos boinas vermelhas. Eles eram tantos, que foi preciso improvisar um segundo depósito para as demais munições.

一 Com certeza será um dia marcado por reencontros. 一 Sussurrou 一 Não é, Larissa?

一 Falando sozinho, Diego? 一 Uma voz soou ao fundo.

一 Não. Estou falando com as munições.

Ele olhou para trás e viu um homem alto, que tinha cicatrizes no rosto e um gancho no lugar do braço esquerdo.

一 Então você enlouqueceu de vez?

一 Olha que diz. O cara que anda com uma estaca de ferro no lugar do braço.

一 É um gancho...

一 Tanto faz.

Os dois riram e se abraçaram.

一 É muito bom ver que você está recuperado, Harry! 一 Disse Diego.

一 Achou mesmo que iria invadir a capital sem mim?

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