Capítulo I
Por Jang Jun Woo
Eu sou um caçador! Um predador! Estou no topo da cadeia alimentar! Quem Vincenzo pensa que é para sentir-se acima de mim? Justo de mim?
Ele nada mais é que um verme insignificante, no entanto, nessa caçada fui surpreendido e no momento tudo que eu sabia era o que meus instintos podiam me dizer. Meu olhar inspecionava o local onde eu voltava a recobrar minha consciência. Tratava-se de um quarto simples, com uma luz fosforescente - incomoda e deprimente - que piscava fazendo sombra dos ladrilhos da janela na parede. Lá fora, com toda certeza havia uma floresta ao redor. Era perceptível pelo barulho que ecoava entre as árvores e pelo próprio cheiro que somente um caçador, e agora digo não no sentido metafórico, seria capaz de identificar.
Minhas caçadas com meu desprezível irmão costumavam ser interessantes.
Eu lembro da sensação ao ver a presa ser abatida. Me sentia vibrar toda a vez que o bicho caia na armadilha. Preferia emboscadas em que eu podia observar a presa sendo guiada até a isca deixada para ela. Inocentemente caminhava não percebendo o perigo do caçador à espreita e quando se dava conta - isso quando se dava conta- o tiro
ecoava pela mata e ela caia na emboscada especialmente planejada. Naquele momento, mesmo que agonizando e sofrendo minutos antes de morrer, me enchia de êxtase. Me proporcionavam tamanho prazer. Seus olhinhos brilhosos começando a perder o brilho da vida me enchia de satisfação por mais uma presa pega.
Podia sentir o clima do medo, dor e o cheiro do sangue que emanava no último fôlego daquele ser incapacitado por mim. Eu era grato! Morrer após ser caçado era algo digno!É, costumava ser interessante sim, mas desde que meu, como já enfatizei, desprezível irmão quis fazer de mim a presa, não fui mais caçar. Fui traído pelas costas, com um tiro que poderia e certamente era pra ter me matado!
Apunhalado pelo próprio irmão e há quem diga que eu fui ruim, malvado, um monstro em ter dado o troco! Antes caçador do que caça! Não tem algum ditado assim? Que seja! Ele bem que mereceu aquele tiro, ainda mais depois de se aliar ao Vincenzo! Fui traído pelo irmão bastardo duas vezes! Ele mereceu! Que esteja em paz, porque eu neste momento estou preso numa infernal cama sentindo uma dor dos diabos!
Observo o quarto novamente. Havia uma cama de ferro que rangia todas as vezes que eu tentava me mexer e um guarda roupa de madeira de lei com entalhos bem feitos. O chão e as paredes confirmavam minha audição que me diziam estar numa floresta, visto que eram de madeira típicos de uma cabana. Ao lado da cama havia um aparelho daqueles que contam os batimentos e outro que injeta soro. Eu estava com fios presos no meu antebraço e outro no meu peito além de um tubo de oxigênio preso as narinas.
-Aishi, que merda é essa? - exclamo observando claramente que estava sendo bem cuidado.
Tudo que eu conseguia me lembrar das últimas horas era de Vincenzo. Daquele verme que pagaria caro por ter cruzado meu caminho! Daquele italiano fajuto que me prendeu e me torturou causando em mim dores excruciantes.
Desejei levantar, ir atrás daqueles que planejaram meu fim, um a um daqueles que ainda restavam, mas as dores que causaram em meu corpo ainda estavam vivas, intensas e latejantes. Por mais que a vontade de pisoteá-lo como verme rastejante fosse enorme, meu peito doeu agudamente e levei a mão as feridas que ardiam e impediam de me mexer.
- Maldito Vincenzo!!!
Observo os curativos bem feitos que se espalhavam por outras partes do corpo e retiro um tubo de oxigênio do meu nariz. Volto a me deitar olhando rapidamente ao meu redor tentando entender de forma objetiva o que fazia naquele quarto claramente sendo cuidado, sendo que a última coisa que me lembrava era daquela armadilha com a "lança da redenção", assim nomeada por Vincenzo, sendo enfiada em meu peito.
Eu desejei intensamente levantar me - era tudo que eu poderia fazer por hora - e amaldiçoei aquele mafioso prepotente por ter me colocado naquela situação. Ele estava completa e severamente enganado se achando e nomeando se de "gato saciado" que havia brincado antes de matar o rato, que em seu vão pensamento seria eu. Mal sabia ele que aquele a quem julgou ser rato era na verdade um cão que destroçaria com o gato saciado e distraído. Eu já disse, sou um caçador e a caçada não terminou!
Eu me sentia com forças para andar, mas observei que havia uma atadura que mantinha meu tornozelo direito em posição fixa. Tentei mexer, mas somente tocá-lo me fazia gemer de dor, sem contar que aqueles fios ligados a mim e a dor que sentia no peito toda vez que me mexia me deixavam impossibilitado de sair do quarto.
Prestando bem atenção, pude ouvir o som baixo de um rádio ligado do lado de fora e por alguns momentos barulho de passos na casa.
-Ei! - gritei sendo impedido por uma dor excruciante, que já me deixava irritado. Levei a mão às feridas, odiando me sentir tão incapaz! Aquele não era eu! Aquele não era Jang Jun Woo o presidente da Babel. - Ei, ei...eiiiii...quem está aí? Ahhh! - gritei lutando contra aquela dor.
Como podia doer tanto? Odiei e amaldiçoei cada instante.
Aquela dor, aquela sensação de incapacidade me fizeram calar. Eu deveria ser capaz de vencê-la e me sentir inútil me fez ser rendido a ela! A dor que me tornava um fraco, fez eu me acalmar.
...
Data da publicação: 13/11/2023
E então? Gostaram?? Estou ansiosa para saber o que sentiram ao ler este capítulo!!
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M♡
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Um fim para Recomeçar
Lãng mạnUma das características de um psicopata é não preocupar -se com os sentimentos alheios, não importar-se se estará ou não ferindo seja física ou emocionalmente alguém. Nesse perspectiva concluímos que alguém assim jamais poderia se apaixonar, tão pou...