Capítulo XIX
Por Lin Dami
Estar junto de JunWoo novamente fez meu corpo estremecer. Por mais que pensasse o contrário, percebi que eu não estava preparada emocionalmente para me deparar com ele naquela manhã e tão pouco fisicamente. Meus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo que já começava a soltar e ainda estava com roupão. Levantei assustada com sua presença inesperada - já que ele devia estar dormindo com a dosagem alta de remédio- e seu olhar acusatório fixo em mim questionando-me.
- Como você está? - pergunto recuperando o ar que parecia ter faltado em meus pulmões, tentando repor a terra ao vaso que caíra sendo seguida por seu olhar nebuloso. Aquele olhar me desmontava por completo! - Sente-se melhor hoje?
Ele continuava a encarar-me como se quisesse me intimidar, mas ele não saberia mensurar o quanto aquele olhar me incendiava.
- Imagino que está tentando entender por que disso! -digo evitando fazer contato visual - Por que sou eu quem está aqui, por que o resgatei e como o encontrei...
-Sim! -diz finalmente e nossos olhares se cruzam. Arqueando a sobrancelha complementa- Mas imagino porque.
Ele faz silêncio sustentando seu olhar deixando evidente que aguardava respostas para perguntas que não faria. Eram óbvias e eu sabia que ele esperava.
- Você sabe que eu faria o que fosse necessário para ajuda-lo! - digo levantando me.
-Ah é? Agora eu gostaria sim de entender o porquê!
-Você não sabe porque?
- Certamente porque pensa em ter uma recompensa ...
Aquela resposta fez eu rir. Soltar um riso frouxo desapontado. Então ele apenas pensava que eu queria uma simples "recompensa"?
- É, mais ou menos isso!- digo rindo tentando acalmar meu nervosismo.
-Eu sei quem você é!
-Que bom que sabe, realmente sabe?- pergunto levantando me.
- É aquela policial curiosa!
-Curiosa? - questiono ainda segurando o vaso- Esperava algo mais, esperava que realmente soubesse quem sou!
Ele expressa surpresa e um tanto de mistério. Seu olhar indecifrável estava lá mais uma vez deixando me incerta do que se passava em sua mente.
- Esperava não é mesmo? Então, a policial que vigia, que me segue, que entra minha casa ...derruba meus vasos como este que derrubou...
Não consegui controlar o riso. Ele havia me percebido e aquilo me dava indícios de que tudo que havia acontecido era algo real vivido por ele também. Todos aqueles sentimentos que eu havia alimentado durante os últimos seis meses haviam sido algo do qual ele participará.
- ... devo concluir também que esta a mando de Vincenzo?
-Não! Jamais! Você...você não se lembra que eu o resgatei daquela armadilha?
-Vagamente...
-E do que mais se lembra?
-Lembro de você sempre se vigiando! Sua policial curiosa! -exclama num tom mais forte.
-E isso é tudo?
-E haveria algo a mais?
-Não. Realmente não há nada a mais. O que afinal poderia haver não é?
- Então afinal o que espera de mim? O agradecimento?
Ele estava apenas sendo quem de fato era. Um monstro, um ser sem sentimentos. Mas, ele não sabia que eu também não possuía um coração frágil e não seria aquelas palavras que me destruiriam. Ele se lembraria quem eu realmente era. Meu orgulho ferido não me deixaria abalar.
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Um fim para Recomeçar
RomanceUma das características de um psicopata é não preocupar -se com os sentimentos alheios, não importar-se se estará ou não ferindo seja física ou emocionalmente alguém. Nesse perspectiva concluímos que alguém assim jamais poderia se apaixonar, tão pou...