Capítulo XXXVI
Por Jun Woo
Dami insistia em se doar a mim. Em outro tempo eu me vangloriaria de ter mais aquela conquista, de ter aquela presa sendo servida em minha mesa, mas não. Eu não queria Dami se colocando em risco e muito menos deixando sua vida para viver a minha. Ela era muito mais que uma pessoa apaixonada. Aquela mulher era tão boa caçadora que havia me feito de presa! Eu estava totalmente rendido a ela, mas precisava fugir. Era necessário para mantê-la a salvo de mim mesmo.
- Dami, eu faço as coisas de acordo com os meus planos e você...- hesito desviando o olhar por seus lábios, porém certo em mantê-la longe, volto a dizer. - ...você não faz parte deles!
- Me deixe fazer! Me deixe entrar! - pede rendendo se cada vez mais.
- Não, não quero problemas. E em nenhum momento nós decidimos que teríamos um futuro juntos!
- Você já se decidiu não é? – diz abandonando os braços ao lado de seu corpo. Ela estava finalmente percebendo que perderia aquela caçada. - Não tem medo de uma arma, mas tem medo do meu coração?
- Você sabe que não vou brincar com sentimentos! Eu não costumo ter algum, então não faça isso! Eu não vou te amar!
Dami levantou-se e foi para o quarto. Eu não saberia amar, mas tudo que eu reconhecia e sabia era que eu me odiava por ter que feri-la! Da sala, ouvi seu choro. Aquele som era horrível e desejei parar com ele.
Ela chorava e aquilo doía em mim. Me atacava. E foi a primeira vez que desejei com todas as forças ferir-me, destruir com o monstro que eu era. Queria também acalentar Dami, cuidar dela e dizer que as coisas ficariam bem, mas como se nem eu mesmo acreditava naquilo? Nós dois terminaríamos tendo que lidar com as consequências de nossas escolhas. Optamos em viver aqueles dias desfrutando das carícias um do outro, mas chegara a hora de nos despedirmos para retomar o que havia ficado inacabado em minha vida. O sexo bom, a companhia nas caçadas, o calor dos braços a noite - e as deliciosas comidas- não estavam mais sendo suficientes. Eu precisava realmente retomar minha vida. Dami não podia me tirar isso!
Nossas emoções revelavam-se explosivamente e nenhum um de nós cederia. Aquela mulher era orgulhosa demais para baixar a guarda e por mais que aquilo a deixava imensamente sexy, a deixava também insuportável. E foi assim que o dia seguinte aquela conversa se tornou:
-Você está se iludindo! Eu não disse que te amaria!
-Óbvio que não estou pedindo seu amor, um doente como você é incapaz!
Ela estava sentindo se emocionalmente ferida e reagia pessimamente a isso.
- Sabe que eu já sarei, está na hora de voltarmos! Não era esse nosso acordo?
-Nós nunca fizemos acordo! - dispara secamente.
-Claro! Não fizemos! Mas eu já sarei...eu tenho mais o que fazer do que querer viver esse conto de fadas! - ela me deixava fora de mim quando se mostrava durona. Eu sabia que estava imensamente ferida. Seus olhos inchados de chorar me acusavam mais.
-Com certeza! Volta para sua vida de merda, até porque vilões nunca tem finais felizes! - me ofendia no mesmo ponto em que também tentava me controlar.
-É verdade, isso também vale para as loucas... são as princesinhas que ficam com o príncipe, não é?
-Exato! Príncipes fracos e covardes...- diz cruzando os braços dando um ponto final aquela discussão boba. Num ímpeto de anseio, desejei abraçá-la e rir de sua braveza, mas eu também não estava tão calmo a ponto de consolá-la. Dami havia me irritado com todas aquelas cobranças e principalmente quando quis agir por conta própria. Eu tinha meus planos e não queria ela envolvida naquilo, mais do que já fazia parte da minha vida.
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Um fim para Recomeçar
RomanceUma das características de um psicopata é não preocupar -se com os sentimentos alheios, não importar-se se estará ou não ferindo seja física ou emocionalmente alguém. Nesse perspectiva concluímos que alguém assim jamais poderia se apaixonar, tão pou...