Capítulo 2

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Capítulo II

Por Jang Jun Woo

Restava me apenas entender como, porque e para que estava ali. Como, porque e por quem havia sido resgatado.

Como e porque alguém fizera isso?

Afinal, antes de cair na armadilha de Vincenzo eu estava fazendo uma limpa na sujeira que deixaram minha vida, e honestamente confesso que o próprio Vincenzo teve uma bela parcela nesta limpeza já que ele exterminou muitos sujeitos que não mereciam o manjar que recebiam. Eu os ajudei, engordei suas contas bancárias e quando precisei me deram as costas e me jogaram na prisão. Então, concluindo, eu realmente gostaria de entender como, por quem e porque fui resgatado da lança da redenção.

Aguardar pacientemente só é bom quando se sabe que a recompensa é grande e esperar por alguém naquele quartinho deprimente estava deixando-me entediado. Minha cara de tédio não poderia ser pior quando uma senhora com cabelos grisalhos, olhar enigmático e expressão de espanto adentrou o quarto. Certamente me ver acordado a encará-la a deixou surpresa, mas logo em seguida sorri despreocupada se aproximando.

-Como você se sente? -pergunta arrastando o monitor para um canto do quarto enquanto eu a acompanho com o olhar.

De fato, eu estava curioso. Sou tomado de incertezas incomodas. Quem era aquela semhora? Seria ela quem havia me livrado da morte certa? Aquela seria uma presa ou era o contrário? Ela seria alguém a mando de Vincenzo? Ele iria querer brincar mais?

-Quem é você? - questiono erguendo me encostando as costas nos travesseiros, permitindo que a avalanche de perguntas sobre  minha própria situação me tomassem sem dar tempo e espaço para ela responder. A ânsia de saber o que eu fazia ali me consumia. Eu precisava saber o que acontecia ao meu redor e entender por onde eu deveria retomar meus planos. - O que pretende comigo? O que injetou em mim? Por que Vincenzo mandou você? Aquele verme ainda pensa que pode ficar brincando comigo?

Ela ergue a mão na direção de minha cabeça e para minha surpresa sou tomado de pavor e ensaio uma encolhida envergonhada e receosa - o que não deveria ser possível para alguém como eu- mas temi ser ferido novamente. A senhora sorri um tanto, chegando mais próximo e ajeitando o travesseiro atrás de minhas costas. Fala de forma mansa:

-Creio que você certamente tem muitas perguntas, mas lamento desapontá-lo. Eu não tenho nenhuma resposta para você. E não se preocupe! - ela olha diretamente para meu rosto- Não te farei mal! - aguarda um instante antes de concluir. - Apenas peço que espere mais alguns dias!

-Mais dias? Por que devo aguardar mais? O que há pra eu aguardar? Há quanto tempo estou aqui?

-Bom. -diz ela ajeitando os travesseiros atrás de mim e pegando em meu punho o qual tento puxar, mas ela o força impedindo-me - Essa última pergunta posso responder. Está aqui há 2 dias inteiros e uma tarde.

- Dois dias? -questiono confuso. Não me recordava dos dias anteriores- E quem é você? Por que? - pergunto novamente, mas hesito ao vê-la tirar um acesso do soro da minha veia, causando uma leve dor.

- O que injetou em mim? Eu dormi todo esse tempo?

-Você está sendo cuidado! Seu corpo está em processo de recuperação e descanso! Sua mente também deveria fazer o mesmo! Deve aguardar o tempo que for necessário para suas feridas fecharem. A do abdômen é a pior, as outras mais alguns dias já estarão completamente secas! Seu tornozelo também está ferido! Aproveite e se cure! Por dentro e por fora! - ela diz como se tivesse autoridade para me dar conselhos. A observo incrédulo com aquelas palavras. - Mas, para agora, penso que deva estar com fome! - ela me inspeciona curiosa. Seus olhos marcantes e traços familiares me deixaram ainda mais curioso sobre quem seria aquela senhora. Ela desvia o olhar - Trarei algo que aprecie!

-Ei, iahhh!- exclamo alterando-me ao vê-la ignorar minhas perguntas. -Quem pensa que é para me manter preso aqui?

Ela sorri amistosamente.

- Você não está preso! Pode se levantar e ir embora se optar por isso! - ela diz com ar de deboche deixando claro que zombara da minha situação. Pareceu-me alguém muito peculiar. Hora carinhosa e altruísta, hora sarcástica e interesseira. Naquele momento eu de fato não sabia se realmente havia sido resgatado da morte ou caminhava para ela.

Mas a afronta não me aquietou, deixando me mais irritado. Quem aquela senhora pensava que era pra se sentir no direito de ser tão audaciosa?

Virei na cama e coloquei os dois pés no chão, no entanto, ao tentar me levar meu peito doeu intensamente impossibilitando-me erguer. Caminhar, certamente estava fora de questão. Eu não conseguiria. Abri o suéter que usava e observei as feridas no tronco. Não saberia medir a extensão do furo da lança que Vincenzo tentou cravar em mim, mas certamente se não fosse por um pequeno erro de cálculo aquela lança teria perfurado meu pulmão e me matado depois de me torturar com dores excruciantes. Mas, fato era que morto eu não estava e precisava me recuperar para fazê-lo se arrepender do que fizera.

Restava me saber porque aquela senhora estava disposta a me ajudar. Ela realmente estava disposta a me ajudar? Ela havia me retirado de lá por qual motivo? A quem eu devia algo? Ou eu deveria temer?

Detestei a sensação de incapacidade!

Aquilo não deveria ser uma definição para alguém como eu!

Data da publicação: 14/12/2023


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M♡

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