Capítulo 4

220 23 14
                                    

Capítulo IV

Por Jang Jun Woo

Na manhã seguinte, precisei ser apoiado para ir ao banheiro. Aproveito para observar a casa que em nada parecia luxuosa. Muito pelo contrário. Tratava de um local simples, porém bem aconchegante. Curiosamente aquele local trazia me lembranças de um tempo em que eu não deveria me lembrar. Aquilo já havia ficado no passado e estar ali incapacitado me deixava nostálgico e só me trazia recordações desconexas e infecundas.

Forçar meu pé no chão foi uma tarefa ainda mais dolorosa, mas necessária. Eu precisava tomar um banho e trocar os curativos. No quarto novamente, a senhora que naquele momento permanecia em silencio, reposicionou gazes novas e voltou a enfaixar meu abdômen que doía constantemente. Ajudou-me a vestir uma calça de moletom, um par de meias e uma camisa de botões. Em um certo momento nossos olhos se encontraram e senti como se ela estivesse de fato preocupada com minha recuperação. Permaneci encarando-a enquanto ela terminava de me enfaixar e ajudava-me a vestir um suéter.

- Chama- se "obrigado". - Ela disse sem olhar-me. - A palavra que talvez está tentando descobrir qual é, é "obrigado".

Faço silêncio permanecendo encarando-a lutando para ignorar suas palavras. Ela continua.

- Imagino que essa palavra não costuma fazer parte de seu vocabulário já que não se ressente e muito menos costuma ser grato!

-Sei...-resmungo - Depois vem dizer que não espera nada em troca?

- Não espero muito.

- E diz que está fazendo apenas para ajudar? Porque acredita em segundas chances.

-E é... aliás, não espero nada em troca para mim. Mas gostaria que você soubesse ser grato e não ferisse mais ninguém!

-Então é isso? - a questiono incrédulo- Acha que ao me ajudar eu irei sentir tanta gratidão, me redimir de tudo que faço e virar um anjo?

-Obviamente que não! Um demônio como você precisaria de uma boa esconjuração pra ser tornar um ser de luz, mas o que realmente espero que você possa saber reconhecer o bem que algumas pessoas fazem e ser grato a elas.

- Gratidão é ofertada em forma de interesses e bem pessoais. Então, me diga o valor que poderei demonstrar o quanto sou grato!

- Dinheiro? E você tem algum?

- Achei que me conhecia! - digo ironicamente, pois se aquela senhora me conhecesse de fato saberia que dinheiro nunca fora problema para mim.

- Você é que não se conhece! - diz com desdém - Não sabe quem virou!

-O que você...- fico temeroso em demonstrar fraqueza.- O que esta insinuando! -me irrito- Ande diga logo!

-Vai ver!- disse dando uma pausa, saindo do quarto e retornando com um jornal, o qual entregou-me - Aqui pode saber mais sobre você!

A manchete trazia uma foto minha, no qual eu estava muito bem apresentável para constar, e palavras atrás de palavras, escrita seguido de escritas que entregavam os feitos realizadas pela Babel como uma empresa corrupta e falida. As ações estavam valendo nada e até mesmo um miserável poderia ser sócio da minha empresa. Eu estava arruinado! Meus bens estavam sendo leiloados. Minhas contas no estrangeiro estavam sendo descobertas e o dinheiro confiscado pela receita federal. Sem deixar de mencionar que eu estava sendo dado como desaparecido e em seguida, processado!

A minha torre estava desmoronando, a minha Babel estava em ruínas! Eu precisava voltar a Seul para não deixar isto acontecer.

-Eu preciso ir embora! Eu tenho que ir embora!- digo ensaiando levantar-me.

Um fim para RecomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora