Ftily
Os meninos estavam no ringue enquanto me deixaram a sós com Nyx. Meu coração estava a mil, e eu sabia que os ouvidos dele acompanhavam cada batida minha.
Vincenzo e Ethan insistiam em me deixar a sós com ele sempre que podiam. Estávamos encarando um ao outro há alguns minutos, o silêncio era constrangedor, até Nyx começar a garagalhar do nada, acompanhei sua risada por motivo nenhum.
- O que foi? - perguntei rindo de nervoso, ele colocou as mãos no bolso e deu de ombros.
- Você fica tão incomodada assim quando está sozinha comigo? - ele perguntou com um sorrisinho de canto me fazendo ficar vermelha feito os rubis que Amren usava.
Acabei engasgando com a própria saliva. Os olhos violetas do filho dos Grãos Senhores brilhavam e desejei a mãe e ao Caldeirão que eu tivesse o poder de ler a sua mente.
- Está tão na cara? - perguntei abraçando meu corpo, uma mania que eu puxei da minha mãe.
- Posso perguntar o por quê? - ele perguntou e uma palavra gritou na minha mente.
AUDÁCIA
É claro que ele poderia perguntar, mas ele sabia que eu não queria responder. Explicar o que eu sentia por ele era quase impossível, nem a língua antiga tinha uma palavra que descrevesse o mais perto do que eu sentia, e se tivesse, não seria o suficiente.
- Não costumo a ficar sozinha com machos. - menti, mas era verdade.
Algo dentro de mim sempre se agitava quando eu ficava a sós com machos, como se fosse um tipo de alerta, mesmo que eu os conhecesse durante toda minha vida imortal. Quando eu ignorava meu subconsciente, geralmente algo de ruim acontecia, então aprendi a obedecer.
- Não gosta da minha presença? - ele perguntou com dor em sua voz, algo em mim me puxou para ele e inconscientemente dei um passo em sua direção.
- Não foi o que eu quis dizer... - supliquei com o olhar implorando para que fosse o suficiente que ele entendesse.
- Tudo bem Ftily, eu vou... é... - ele começou a andar para longe de mim e eu fechei os punhos com força. Ele parou no lugar e olhou para mim franzindo a testa.
- O que foi? - perguntei irritada.
Ele olhou para a mão dele que estava um pouco longe de seu corpo. Ele arregalou os olhos e eu franzi a testa. Encarei sua mão e vi sombras a circulando, soltei a respiração que eu segurava assim como abri meus punhos. A mão dele se moveu na mesma hora.
- Pela mãe me desculpa, eu... eu não tive intenção. - falei tropeçando nas palavras. Meus olhos estavam semicerrados e dei dois passos para trás.
- Ftily você não...
Antes que dissesse alguma coisa, corri para longe dali e fui até a varanda, respirando ar fresco. Minha mente e minha alma estavam numa guerra interna, eu havia o segurado no lugar, com as minhas sombras, eu poderia ter machucado ele.
Levanto minhas mãos e percebo que estão tremendo. Gavinhas de sombras circulavam meus dedos e minhas mãos. Eu arregalei os olhos e abri a boca, queria gritar, esconde-las, mas elas estavam agitadas, como se preparassem para me atacar.
- Parem, por favor. - implorei com a voz trêmula enquanto lágrimas escorriam pelas minhas bochechas.
Cada vez mais elas pareciam crescer, afastei as mãos do meu próprio corpo tentando me defender.
- Parem, por favor, por favor... - eu estava em lágrimas, com o corpo encolhido enquanto eu encarava minhas mãos.
De repente, aquela agitação acabou. Olhei para ao redor, e me vi envolvida por uma escuridão.
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Com Amor, Círculo Íntimo
Fantasy*Continuação de "Com Amor, Azriel" com a narração de vários personagens* O pós guerra deixou muitas cicatrizes e traumas no Circulo Íntimo, após alguns deles terem tido a experiência de quase morte. Esse livro continuará suas histórias, contada por...