Cap. 10

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Elis

Fiquei o jantar inteiro calada, e agradeci a mãe por ter acabado. Rhysand, Feyre e Mor voltaram para a Casa do Rio, Nestha, Cassian, Noor e Azriel foram para a Casa da Colina das gêmeas, Amren foi para seu antigo apartamento e nós ficamos aqui.

Vincenzo, Nyx, Ethan, Fixy, Ftily e eu. Qual a chance disso dar certo? Respirei fundo e encarei a cidade abaixo de mim. Eu vivia em Adriata com Amren e Varian, mas apesar disso, era em Velaris que eu me sentia em casa.

Encarei as estrelas e uma lágrima silenciosa escorreu dos meus olhos, porém não me permitir chorar, não. Não seria fraca, se quer me permitiria sentir falta dela, não quando ela decidiu que eu não valia a pena, não quando me renegou como filha.

Agarrei o parapeito e subi encima da mureta. A brisa passou pelo meu rosto e meus cabelos voaram junto com o vento. Fechei os olhos com força, desejando esquecer de tudo. Se eu me permitisse lembrar, desabaria.

Assim como Amren havia me dito anos atrás, eu era a única que poderia sair daquele poço fundo que minha alma e meu coração estavam jogados, ninguém jogaria uma corda para me salvar, eu teria que escalar o poço por conta própria.

As vezes era difícil. E eu era egoísta e ingrata. Eu só queria ser amada, mas quando alguém chegava perto disso, me oferece esse sentimento, eu corro para longe. É como se eu quisesse muito algo, e ao mesmo tempo achasse que eu não merecesse.

Minha mãe me deixou com 8 anos, me largou simplesmente na praça de uma cidade da Corte Estival, pegou suas coisas e foi embora. Minha sorte foi que o Grão Senhor da Estival estava por perto e me viu perdida e chorando.

Ele me encontrou e ainda estava pensando o que faria comigo quando vi Amren e Varian, conhecia os dois por conta das festividades que aconteciam em Velaris. Quando os vi, em prantos, corri para os braços de Amren, por mais que eu morresse de medo dela na época. Ver um rosto conhecido naquele lugar me fez respirar aliviada.

Amren e seu namorado ou seja lá o que os dois sejam, já que Amren odeia títulos, assumiram a responsabilidade de me criarem. Apesar disso, encontrei com Elain algumas vezes, e a mesma me olhava com desdém e fingia que não me conhecia.

Eu tentava me aproximar apesar de tudo, mas eu sempre era rejeitada, e isso me cansou, partiu meu coração em mil pedaços. Eu tinha a eternidade para conseguir ser chamada de filha por ela, mas eu tinha perdido as esperanças.

Eu tinha 77 anos a última vez que a vi. Tentei chegar perto dela, toquei sua mão. Ela tinha uma pele macia que nem a minha, minhas feições eram mais puxadas para o meu pai, no qual eu não fazia idéia de quem fosse. Meu cabelo era uma mistura de loiro com castanho, e eu tinha olhos azuis turquesas.

   - Por quê você me odeia? - gritei cansada de sua rejeição.

   - PORQUE VOCÊ NÃO DEVERIA TER NASCIDO, EU NÃO QUIS TER VOCÊ, NUNCA TE DESEJEI! - Elain gritou de volta aos prantos. Algo em mim se quebrou.

   - Por quê me teve? - perguntei e ela fechou os olhos com força enquanto puxava os próprios cabelos.

   - PORQUE FUI OBRIGADA! ACREDITE EU TENTEI, TENTEI ME LIVRAR DE VOCÊ, MAS ELE NÃO DEIXAVA, ELE AMEAÇOU MINHA FAMÍLIA! - ela gritou de volta e eu me encolhi.

   - Eu deveria ter morrido. - mumurei para mim mesmo e ela concordou com um sorriso irônico.

   - Deveria. - respondeu e chegou mais perto.

Encarei os olhos dela e vi o ódio, dor, arrependimento, mas não de suas palavras, de mim. Fui surpreendida com um tapa na cara e um rosnado de ódio vindo de Elain. Engoli em seco enquanto ela se afastava. Antes que pudesse sumir de vista, ela olhou por cima do ombro e disse:

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