Cap. 18

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Azriel

Agradeci ao Caldeirão por ninguém ter percebido o cheiro de Nestha impregnado em mim, e o mesmo valia para Noor. Fomos para a casa da colina, eu, minha parceira e minhas filhas.

Precisava passar um tempo com as minhas meninas, e pensar em algo para junta-las. Me preocupava o jeito que Fixy estava agindo. Nem eu nem minha esposa agiamos daquele jeito, se não nossos pais.

Apesar de ter apenas uma hora por semana com a minha mãe quando eu era criança, ela sempre foi amável. A mãe de Noor também era, mas o pai dela, o Zwend, a trancafiou num buraco e a torturava com abusos.

Eu estava esfregando as têmporas quando senti braços ao redor da minha cintura. Olhei para baixo pensando que iria encontrar os cabelos brancos da minha parceira, mas ao invés disso, olhos esmeraldas e cabelos castanhos se encontravam abaixo de mim.

- No que está pensando pai? - Ftily perguntou abraçada em mim e eu a abracei de volta.

- Na sua irmã. - respondi e senti ela enrijecer o corpo. Me afastei para olha-la nos olhos. - Tem algo para me contar? - perguntei e ela paralizou no lugar.

Eu sabia que ela tinha e guardava segredos da irmã, apesar de não serem próximas, a lealdade da minha filha ficava intacta. Fixy sempre olhou torto pra irmã, eu repreendia, mas parece que a inveja de Fixy sempre continuou.

- Sabe como ela é. - ela respondeu contornando a pergunta.

- Não, não sei. Como ela é? - pergunto e Ftily fica pálida. As vezes ela esquece que eu entendo de interrogatórios e sempre consigo as respostas.

- Ela é ela, não tenho mais o dizer sobre. - ela responde se afastando.

- Você considera sua irmã uma pessoa boa ou ruim? - pergunto e ela me olha por cima dos ombros.

- Sinceramente eu não sei, ela pode até ter atitudes ruins, mas prefiro acreditar que no fundo ela tem um coração bom. - minha filha responde com um sorriso fraco e vai em direção as escadas.

Me jogo no sofá e encaro o teto. A última coisa que eu preciso é de uma filha com personalidade do pai de Noor. As vezes me lembro de como o matei, e me arrependo por não tê-lo torturado mais, por todos os anos que minha esposa passou sendo molestada.

Ouço passos rápidos e de repente alguém pula encima de mim. Arregalei os olhos e relaxei com a risada da fêmea.

- Quer me matar do coração? - pergunto incrédulo e ela riu alto.

- Você é imortal e espião, como não me ouviu chegando? - ela perguntou com os olhinhos esmeraldas brilhando, me arrancando um sorriso.

- Você se esquece que também é uma espiã e que eu te ensinei a ser silenciosa, apesar de você ser bem escandalosa no quesito risada. - respondi segurando seu queixo, ela se impulsionou para cima e me deu um selinho demorado.

- Eu sou melhor que você encantandor de sombras. - ela responde e eu reviro os olhos.

- Você é tão boa quanto eu mestre espiã. - digo com um sorriso bobo e ela abraça meu corpo, deitando a cabeça no meu peito.

- Percebi que você anda pensativo, joga na roda. - minha parceira diz e beijo o topo de sua cabeça

- Estou preocupado com a nossa filha. - assim que termino de responder, ela vira o rosto para mim, seus olhos encontram os meus apesar de não conseguir ver, ela sobe as mãos e mapeia meu rosto.

- Qual das duas? - ela pergunta e eu suspiro.

- Fixy. Sei que Amren te reportou algumas coisas sobre ela, gostaria que me falasse, ao invés de esconder isso de mim. - respondo sério e ela se levanta, sentando no meu colo.

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