Cap. 39

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Noor

Abrir os olhos ainda era difícil. Encarar o vazio, passar direto pelo corredor, fingir que a porta a esquerda não era o quarto da minha outra filha, era doloroso.

Ser mestre espiã tomava muito do meu tempo. Durante esses anos, fiz coisas nas quais não me agrado, apesar de meu parceiro sempre querer ficar com a parte pesada do trabalho, torturar até conseguir respostas. Eu agora entendia o peso que ele carregava nas costas, e estava mais do que satisfeita em saber que agora ele poderia dividir isso comigo.

Eu estava sentada na grama. Azriel estava na cozinha. Yeta estava dormindo ainda, no quarto de hóspedes. Minha filha e seu parceiro voltariam há qualquer momento. Sorri ao imaginar os dois voltando, o cheiro um do outro misturado. Ainda me lembrava do quão apaixonada eu estava por Azriel, e em como esse sentimento nunca morreu, sempre aumentou.

Rusky e Wosly, os presentes de Lilith, corriam livremente pela grama, meu quintal, da minha casa, minha e de Azriel. Eles eram como lobos, só que mais assustadores, e apesar disso, eram dois bobões carentes perto de mim. Eu os treinei durante esse tempo. São completamente leais e obedientes.

Eu ainda era uma loba de 4 metros de altura no meu interior. Eu havia treinado algumas vezes, minha forma bestial, mas era dolorido o processo. Meus lobinhos me consideravam a alpha, então me respeitavam.

Segundo Lilith, eles se prostaram diante de minha filha, quando ela os encontrou na floresta. Me pergunto se ela não herdou a transformação de mim. De qualquer jeito, eu senti algumas mudanças, durante esses anos.

Eu era uma encantadora de luzes. Ao contrário do que eu imaginava, minhas luzes não vinham unicamente do sol, elas vinham da terra, das plantas, do próprio ar. Era a luz natural, tudo que precisava de luz para viver, a luz da mãe natureza.

As vezes eu ria sozinha com comentários do tipo "você não está vendo não?" do tipo irônico, e ai o ser percebe que eu sou de fato cega. Vexames que eu mesma paguei, como por exemplo na última reunião de Grãos Senhores que eu fui.

Ainda devo um pedido de desculpa para Thesan. Eu girava a Semeadora da Esperança entre os dedos quando ouvi passos atrás de mim. Sorri e olhei para trás e depois para cima. Me vi sorrindo através dos olhos de Azriel.

- Como eu sou linda. - elogiei a mim mesma e Azriel revirou os olhos.

- Gosta de se ouvir falar não é? - ele murmurou sentando na grama do meu lado.

- Gosto de como eu sou linda. - respondi e ele riu.

- Eu também gosto. Você é a porra da fêmea mais linda de Prythian, a mais poderosa. Tem noção do quão apaixonado sou por você? - ele perguntou e eu fiz biquinho.

Azriel sendo romântico e fofo ainda era algo que não havia me acostumado. Eu conhecia todos os lados dele. O lado que era puramente silencioso e mortal quando se tratava de missões, o lado no qual ele pouco falava com o restante da família.

O lado no qual ele entrava em pânico quando algo me acontecia ou depois dos pesadelos horríveis, o lado no qual ele dava seu melhor sorriso quando estava feliz demais, o lado tenso dele quando tinhamos que arriscar de mais.

O lado bobão dele quando brincava com nossas filhas, o lado conselheiro, o lado irritado, quando queria explodir um prédio como seu irmão um dia fez, o lado sensível, eu amava todos os lados, todas as versões dele.

- Você me salvou Az, salvou de mim mesma, salvou de me definhar, salvou minha vida e me fez conhecer o mundo. Tudo que conheço, todos os lugares e pessoas que tive o prazer de conhecer, foi por sua causa. Você foi meu mundo antes mesmo de eu saber o que era isso. - digo tocando em seu rosto, ele sorri.

Com Amor, Círculo Íntimo Onde histórias criam vida. Descubra agora