Capítulo 37

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William
Fecho a porta atrás de mim, tiro a roupa e deito na cama pouco familiar. É fria e solitária.
Eu me remexo por horas, sem o menor sinal de sono, como de costume.
Estou prestes a desistir e ir para o sofá quando ouço ruídos do lado de fora da porta. Preocupado, faço menção de me levantar e ir verificar se há algo errado com Maitê, mas o som da maçaneta girando me paralisa. Um pouco de luz entra pela fresta mínima, e surge a silhueta de alguém que eu reconheceria em qualquer lugar. Eu me deito de costas lentamente. É ridículo perceber que meu coração começa a bater mais rápido. É mais ridículo ainda eu não ousar me mexer. É ridículo demais o fato de que estou nervoso. Ela caminha s passos leves e puxa as cobertas com cuidado, antes de se deitar ao meu lado. Eu pareço uma estátua e deixo que ela levante o meu braço para poder se deitar perto de mim. Ela se acomoda, com a mão e a face no meu peito. É um dos momentos mais bonitos da minha vida. Tão simples. Tão significativo. Ela não consegue dormir sem mim. Não me importa que haja uma barreira de renda entre nós. Eu não ligo que ela tecnicamente esteja em posição errada. E então ela suspira e se move outra vez, subindo um pouco mais no meu peito, ficando com o corpo grudado ao meu e o rosto no meu pescoço. Eu sorrio, inspiro o perfume dela com delicadeza, abraçando-a e trazendo-a para mais perto de mim.
Em poucos minutos, ouço sua respiração mudar e não demora muito meus olhos ficarem pesados. O fato de que não é a nossa cama não faz diferença. Porque ela esta aqui. Com o homem dela. 
Meu cérebro sonolento me diz para não me mover, embora eu não saiba dizer por quê. Sei que estou abraçado a Maitê, moldado às costas dela e segurando firme. Estou ciente de que é a minha melhor noite de sono em mais de uma semana. Também estou ciente de que algo cresce entre meu corpo e o traseiro dela. É por isso que eu não devo me mexer. Maitê não percebe, no entanto. Ela começa a se espreguiçar e a gemer. Ai, merda. Meus músculos travam, o corpo congela e prendo a respiração enquanto ela esfrega o traseiro em mim, gerando caos no meu pau e na minha cabeça. Que tipo de tortura é essa?
Então ela para, com a minha ereção entre as coxas, e eu cerro os dentes na tentativa de acalmar os efeitos de tamanha sensibilidade.
Maitê: Oh...
William
Ela respira e se agita um pouco, como se eu já não estivesse com problemas demais.
William: Não se mexa, Maitê (advirto Estou tão duro que poderia quebrar.) Por favor.
Maitê: Lamento.
William: É bom mesmo. (Preciso sair dessa cama antes que o radar no meu pau vença a batalha e encontre o seu alvo. Parte de mim quer que isso aconteça. Na verdade, a maior parte de mim quer que isso aconteça. Eu poderia fodê-la até que a memória voltasse. Eu me dou uma bofetada mental por pensar dessa maneira irracional. Mas, pensando bem, minha falta de racionalidade é uma das coisas que Maitê ama em mim... Certo?  Nossa William, tome jeito. O silêncio pesa e ela espera pacientemente enquanto eu me concentro em acalmar meu membro rebelde. Cinco minutos depois, ainda pareço uma barra de ferro.) Não tem jeito. (Admito, por fim. Meu pau tem e sempre terá vontade própria quando o assunto é minha esposa.) Ele não vai descer. (Eu relaxo e aperto Maitê contra mim, torcendo que confinar o dito cujo ajude.)
Maitê: Está tudo bem
William
Maitê diz o que me surpreende.
Está? O quê? Meu pau duro ou meu pau ali onde está? Porra, um movimento mínino para esquerda e eu a penetraria. Isso estaria bem também? Merda, mude de assunto rápido.
William: Você não estava conseguindo dormir?
Maitê: Não. Algo não estava... Certo.
William: Isso aqui. Você não tinha isso aqui. (Abraço ela mais forte e ela confirma, suspirando e acomodando-se outra vez.)
Maitê: É tão gostoso.
William: Estaria ainda mais se você estivesse nua (digo sem pensar r começo a me perguntar o quanto eu adotaria bater em mim mesmo nesse momento. 
Maitê: Mesmo?
William
Ela soa realmente surpresa com a frase e eu faço uma careta.
Maitê: Porque eu dei uma boa olhada no meu corpo no espelho ontem à noite e, francamente, não está nada bonito.
William
Minha ereção míngua em um segundo e eu encaro a nuca de Maitê, incrédulo.
Maitê: Estrias. Seios caídos... E o que aconteceu com a minha cintura?
William
Ela está jogando algum joguinho cruel comigo?
William: Retire já o que disse (Rosno contra os cabelos dela. Não vou admitir que ela fale tanta besteira.) Vire-se (Manobro-a até que fique de frente para mim, um tanto alarmada.) Vamos deixar uma coisa clara, mocinha. (Aponto um dedo acusador de cima a baixo pelo corpo dela.) Tudo isso ai é meu e eu amo. Seus seios são perfeitos. Eu me permito uma passada de olhos pelo volume sob a camisola de renda, com água na boca.) Sua cintura é perfeita e as estrias de que você está falando me fazem sorrir todo dia. São uma parte de você, parte de nós dois. Eu as amo, quase tanto quanto amo seus seios. E eu amo muito seus seios. Amo muito mesmo. E, para que fique registrado, você também ama.
Maitê: Amo?
William: Sim, ama. (Acompanho a afirmação com um movimento de cabeça. Sou um imoral. Não me importo.) Você ama seus seios porque eu os amo. Estamos entendidos?
Maitê: Acho que sim.
William: Vira-se (peço com delicadeza. Ela obedece sem hesitação, ficando de costas para mim enquanto eu ligo o sonos, acionando o comando para escolher músicas aleatoriamente. Ela se molda ao meu corpo e meu membro acorda, apenas com isso. O silêncio se instala. E eu fico pensando nas centelhas que vi em seus olhos antes de ela se virar de costas para mim. E como um presságio ou algo assim, uma música que tem estado conosco nos bons e maus momentos sai das caixas de som. "Angel", do Massive Attack. Meu corpo retesa no mesmo instante, intrigado se a música irá sacudir algo nela.
Maitê: William
William
Ela diz com um fio de voz. Respondo com um hum?, prendendo a respiração, ansioso. Mas ela não diz nada. Em vez disso, ela se vira novamente e me olha bem dentro dos olhos. E eu a vejo. Minha esposa. A fome por mim que nunca conseguiu controlar. A urgência em me atacar e me possuir. O desejo potente visível com o qual deparo todos os dias, do momento em que ela acorda ao memento em que adormece nos meus braços. Tudo isso esta olhando para mim agora e, pela primeira vez em toda a nossa história juntos, estou relutante em dar a ela o que ela claramente quer. O que eu preciso.
William: O quê? (Sussurro, afastando uma mecha de cabelo de seu rosto, ao som da música que cresce e toma contra de tudo. Sem mais uma palavra, ela me deita de costas e senta-se em mim. Eu me forço a manter o máximo de controle quando o traseiro dela entra em contato com a minha pele. Ela alcança a barra da camisola de renda e começa a se despir.) Maitê, o que está fazendo? (Pergunto, por mais que queira desesperadamente que ela faça isso. Seus seios estão à mostra, pesados e inchados, e eu engulo em seco outra vez.)
Maitê: Não sei.
William
Ela joga a camisola longe e baixa o tronco sobre o meu, pondo as mãos no meu rosto.
Maitê: Mas tudo está me dizendo para fazer.
William: Tem certeza? (Essas palavras nunca saíram da minha boca antes. Nunca. E meu pau está latejando em protesto contra a minha relutância. A resposta dela é um beijo. Um beijo doce no canto da minha boca. É leve e casto, mas o mais irresistível que se possa imaginar. Minhas mãos correm pelas costas dela, acariciando a pele macia, e meus olhos se fecham em êxtase. Deixe-a. Deixe que ela tome as rédeas e decrete o nosso retorno. Relaxando no colchão, abro a boca quando ela faz com a língua o contorno dos meus lábios, suave e determinada. Meu Deus, isso é o paraíso. Ter que me segurar está me matando. Deixar que ela controle o ritmo é uma batalha como nenhuma outra. Ela ergue os quadris e meu pau a acompanha, roçando de leve o calor entre as suas pernas. Eu pulo. Ela pula. Dou um gemido alto entre os beijos e ela o sorve, suspirando. Sua boca seduz a minha sem pressa, enquanto ela se encaixa a menos centímetros do meu membro úmido e ardente. E como se ela tivesse sido feita para mim, o que de fato foi, o encaixe é perfeito e ela desliza pela minha ereção com facilidade.
Maitê: Ah
William
Maitê ofega e eu sorrio contra os lábios dela, em êxtase completo.
William
A música, nossa musica, continua a tocar, determinado o ritmo. Ela estremece e vai para longe de mim, fazendo-me chiar com a retirada repentina e inesperada.
William: Porra! (Eu me cubro com a mão, cerrando os dentes, e a encontro sentada na beira da cama, com os olhos fixos na parede.)
William: O que houve? Não estava bom? Maitê, o que aconteceu, baby? (Chego até ela e a abraço, notando instantemente que ela treme.) Maitê, fale comigo, por favor. (Ela balança a cabeça, olhando para cima com olhos perturbados.)
Maitê: Eu tive um flashback.
William: De quê?
Maitê: Não sei. Aconteceu tão rápido, Ah, por favor desligue essa música.
William
Suas mãos cobrem as orelhas e meu coração se parte. Encontro meu telefone em um segundo e desligo o som.
Maitê: Barcos e remo. Essa música. Suas palavras. Eu vi barcos a remo.
William: Barcos e remo?
Maitê: Sim.
William
Maitê se levanta e começa a caminhar sem rumo pelo quarto, nua, ainda que preocupada demais para perceber ou talvez porque não dê a menor importância.
Maitê: Por que eu estaria vendo barcos e remo?
William
De repete algo me vem à mente, a peça se encaixa. Vou até ela e tomo sua mão, levando-a ao nosso quarto.   
William: É por isso. (Abro a gaveta da mesinha de cabeceira e tira algo dali, que entrego para ela. Maitê olha para o livro. Você colocou algumas peças dele na parede da suíte máster da minha cobertura. Abro o livro na página onde está a fotografia, ávido para que ela a veja, cheio de esperança de que instigue mais que um flashback.) Aqui está. (Aponto para a imagem.) A original está pendurada na nossa sala de jantar. Ele era um mestre da luz. Você me contou tudo sobre ele quando fez uma visita guiada comigo pela meu novo apartamento. Foi a primeira vez que nós... Bem, que nós fizemos amor.
Maitê: Fizemos?
William: Sim. Você se lembra, baby? (Ela fecha os olhos e os aperta, como sr buscasse desesperadamente qualquer recordação. E eu sei que sim, mas quando ela parece murchar e uma lágrima escorre e cai no livro na mão dela, vejo que não conseguiu.
Maitê: Foi tão vívida. Tão real. Eu senti alguém ali comigo, olhando para os barcos. Era você. Eu não podia te ver, mas senti você. Como venho sentindo desde que acordei depois do acidente. Eu te sinto o tempo todo, mesmo quando não estamos nos tocando. Mesmo quando você não está por perto.
William
Dou um sorriso triste e puxo-a para o meu colo.
William: Tempo, baby. Dê tempo ao tempo. (Enquanto a tranquilizo, faço um esforço desmedido para tranquilizar a mim mesmo. O flashback deve ter sido poderoso para lançá-la para longe de mim daquela maneira. Nada consegue distraí-la de mim, sobretudo quando estou dentro dela. Encarar que há uma força mais poderosa do que eu na vida da minha esposa é a coisa mais difícil com a qual tive que rivalizar. Porque, dentre  tudo que pode fazê-la melhorar, eu sei que sou a chance mais forte que ela tem.
Continua...

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