William
A volta para casa é silenciosa. Desconfortável. Respiro fundo mil vezes na intenção de perguntar a Maitê no que ela está pensando, mas recuo todas as vezes.
Talvez porque esteja preocupado com o que ela vai dizer.
Ela quer mais espaço?
Acha que eu a estou sufocando?
Ela me odeia por eu ter mandado as crianças para longe para poder me concentrar em recuperar o que tínhamos como casal?
As perguntas se acumulam até a minha cabeça latejar.
William: Maitê... (Sou interrompido pelo toque do seu telefone, que ela prefere atender a deixar tocar e me dar atenção.
Minhas mãos apertam o volante, meu sangue esquenta de irritação.
Maitê: Oi!
William
Ela parece feliz de repente.
Maitê: Sim, claro.
William
Maitê RI e eu fecho a cara, perguntando-me quem estaria do outro lado da linha.
Ana Brenda está ni hospital.
Maitê: Eu te vejo lá.
William
Ela desliga e olha para mim.
Maitê: O que você ia dizer?
William: Quem era?
Maitê: Ah. A Zara.
William
Ela guarda o celular na bolsa.
Zara.
A amiga da ioga.
A mulher que anda pondo idéias estúpidas na cabeça da minha esposa sobre arrumar outro trabalho.
Maitê: Você precisa conhecê-la. Ela é incrível.
William
Mordo a língua antes que começamos a discutir.
Talvez seja melhor eu nunca conhecer a Zara.
Não posso garantir que vá me segurar e não deixar algumas coisas claras com ela.
William: Claro. (Quando paramos em frente de casa, estou a ponto de fazer algumas das perguntas que me assolam, mas Maitê fala primeiro, impedindo-me de prosseguir.
Maitê: De quem é aquele carro?
William
A Land Rover dos pais da Maitê está estacionada e a porta da frente de casa escancarada.
William: As crianças estão em casa. (A excitação se mistura a apreensão dentro de mim e paro no lugar.
Não tenho ideia do que vai ser a partir de agora.
Como será para Maitê?
Como será para as crianças?) Vc está bem?
Maitê: Sim
William
Ela sai do carro para ao lado da porta por um momento após fechá-la.
Eu permaneço no carro, preparando-me para o reencontro.
Não posso ficar emocionado.
Não posso dar às crianças razões para se preocupar.
Saio do carro respirando profundamente e vou ao encontro da Maitê, que sorri para mim quando pego a sua mão.
William: Está pronta? (A respiração dela é ainda mais profunda que a minha.)
Maitê: Pronta
William
Deixando que eu a conduza até a porta da frente.
Cada passo dela é cuidadoso, sua respiração, audível.
Ela está fazendo exatamente o mesmo que eu.
Preparando-se.
A entrada está uma bagunça de malas e sapatos, a casa viva com o barulho dos gêmeos na cozinha.
É o normal.
Olho para Maitê enquanto seguimos em direção ao som e a vejo sorrindo, uma nova chama de vida em seus olhos.
Essa vida me enche de vida também e aperto a mão dela, como que pedindo para que ela retribua o olhar.
William: Apenas me avise se tudo passar do limite.
Se vc precisar de espaço pra respirar.
Maitê: De você ou das crianças?
William
Pergunta ela levantando as sobrancelhas de maneira atrevida.
William: Sarcasmo não lhe cai bem, mocinha.
Maitê: É o que você sempre diz.
William
Entramos na cozinha e encontramos as crianças sentadas à bancada, enquanto a mãe da Maitê ajeita algumas coisas, seguida por Osvaldo, que faz o que lhe é pedido.
Luna está em seu tablet.
Gabriel está com um dedo enfiado em um pote de manteiga de amendoim.
É como se nunca tivessem partido.
Nós dois permanecemos na porta por um momento em silêncio, absorvendo a cena.
Porque é o caos e é normal e é lindo.
William: As crianças estão em casa (eu brinco e Maitê RI de leve, olhando para mim com os olhos cheios de amor.)
Maitê: Obrigada pelo tempo que passamos juntos.
William
Ela fica na ponta dos pés e me beija a bochecha.
Maitê: Foi realmente um dos melhores momentos da minha vida.
William
Não sei se sinto é magoa ou felicidade.
Nós já tivemos momentos maravilhosos na vida juntos.
E ela não se lembra de nenhum deles.
Luna: Mamãe! Papai!
William
Luna pula do banco e corre até nós.
Vejo-a abraçar Maitê com força, seguida de perto por Gabriel.
William: Estou encantado (Resmungo, afastado a cabeça dos dois.) Vocês também sentiram saudades de mim, certo? (Nenhum dos dois solta Maitê, e não guardo rancor de ninguém.
Além disso, estou muito feliz por ver que a mãe dos meus filhos aceita o ataque, de olhos fechados, os braços em torno das crianças, a face enterrada nos cabelos delas.
Ela está cheirando os dois, assimilando a presença dos gêmeos.
Acho que nunca vi algo tão lindo.
Subindo o olhar até mim, ela dá um sorriso discreto e vejo um pouquinho de apreensão em seus olhos castanhos.
Eu pisco, um jeito silencioso de dizer que ela está se saindo muito bem.
Soltando-se de Luna, Maitê me chama para ir até eles.
Assim que estou ao seu alcance, ela me puxa para o abraço e eu os envolvo com os meus braços.
Minha esposa e meus filhos.
Meu mundo, todos na segurança do meu abraço.
Tenho que engolir a vontade de chorar várias vezes.
Os pais da Maitê somente se aproximam quando o nosso grupinho se desfaz, e Victoria acena para mim com a cabeça enquanto abraça Maitê.
Victoria: Como está, querida?
Maitê: O médico está muito feliz com meu progresso, estou feliz que as crianças estejam de volta para podermos tentar seguir com as coisas.
William
Osvaldo vem até mim e aperta a minha mão.
As crianças ainda olham tudo de perto, os rostos ávidos por mais informações.
Minha mente se contorce sobre o que dizer a eles.
Osvaldo: É bom te ver, William
William: Como as crianças se comportaram?
Osvaldo: Foram terríveis. Desobedientes, sem modos e reclamonas.
Victoria: Ah, Osvaldo
William
Victoria RI, alisando meu braço quando passa por mim.
Victoria: Notei que não tinha nada nos armários, então demos uma passada no supermercado.
William
Ela começa a esvaziar sacolas, colocando as compras na geladeira.
William: Obrigada, mamãe (aponto um banco para Maitê.) Senta-se. (Ela se senta enquanto ajudo Victoria a guardar as coisas e ouço Maitê explicar para as crianças tudo o que o médico nos disse agora há pouco.
Ela sorri o tempo todo, dizendo a eles que está feliz e que eles também deveriam ficar.
Maitê: E agora que tenho vocês dois de volta, podemos fazer exatamente isto: Voltar ao normal.
Gabriel: E as suas lembranças? Não vão voltar mais?
Maitê: O Dr. Peters está bastante animado. E se elas não voltarem, vamos criar lembranças novas.
William
Dou um sorriso sem perceber e sinto a mão da Victoria no meu braço.
Olho para a minha sogra e vejo encorajamento refletido de volta para mim.
William: Obrigado por cuidar deles. (Ela me bate no mesmo braço, antes de tirar o saco de compras da minha mão.)
Victoria: Cala a boca
William
Reviro os olhos e vou até a minha esposa e filhos para acompanhar a conversa animada.
Fico de pé atrás da Maitê e a enlaço pela cintura, pousando o queixo no ombro da minha esposa. As mãos dela cobrem as minhas e ela estica o pescoço para me incluir no seu campo de visão.
Luna: Ai, pai, por favor.
William
Luna suspira, perdendo totalmente o interesse na conversa e voltando a atenção para o tablet.
Gabriel, por sua vez, fica totalmente extasiado com a minha demostração pública de afeto.
É claro que sim.
É normal papai estar fazendo carinho na mamãe.
Ele sorri com o dedo cheio de amendoim na boca, a atenção voltada para nós.
Maitê também suspira, relaxada.
Maitê: Tudo já parece tão certo.
William
Ela diz, soando um pouco triste, como se só agora se desse conta do quanto sentiu saudade deles.
William: Porque é o certo. (Beijo seus cabelos antes de me afastar.) O que devo fazer para o jantar? (Ouço três opções diferentes de cardápio ao mesmo tempo.
E abro um sorriso.
Porque nós somos isso.
Continua...
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Submissa
FanfictieEle a quer e esta determinado a te-la. Maitê sabe que está prestes a entrar em um relacionamento intenso e conturbado, mas o que fazer se ele não a deixa ir? ⚠️ Plágio é crime ⚠️ Essa história é de minha autoria.