Capítulo 33

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Maitê
Nos últimos dias, tudo o que tenho feito é pensar. Pensar e ir à terapia e pensar mais um pouco. Estou cansada de pensar. Estou cansada das dores de cabeça por pensar demais. Minha lembrança mais recente é que eu estava namorando um cara chamado Daniel. Lembro-me até mesmo de conversas a respeito de morarmos juntos. Então o que aconteceu? E quanto à carreira que eu lutava tanto para construir? Trabalho para o meu marido. Moro com o meu marido. É óbvio que sou mantida ao alcance dos olhos dele. Isso é normal? Isso é saudável?
Dou um suspiro longo e me viro na cama, dando de cara com o relógio na mesinha de cabeceira. São oito horas. Ouço ruídos vindos da cozinha. Ontem à noite ele tentou me despir. Não conseguir evitar minha reação quando ele tocou minha pele nua, não só fiquei surpresa. Minha carne pareceu entrar em ebulição e, apesar de parecer algo que eu jamais havia sentido antes, de alguma forma sei que já senti. Naquele instante, fiquei alarmada. Assustada. Eu mal o conheço, mas meu corpo o conhece muito bem e tem me dito isso todos os dias. Há uma conexão. Algo profundo e quase debilitante. É devastador. Ele saiu do quarto indo pro quarto de hóspede onde ele tem dormindo.
Fecho os olhos e tento compreender todos os sinais de que o amo. Não apenas as provas tangíveis as fotografias, as crianças, o que as pessoas têm me dito, como também as provas invisíveis, como meu coração batendo mais forte quando o vejo. Como minha pele que incendeia quando ele me toca. Como uma urgência estranha de estar perto dele. Algo ocorre sempre que estamos próximos, como quando ele me enlaça com aqueles braços enormes. O abraço dele é gostoso. Ele sabe como me confortar. Ele sabe me dar espaço quando preciso.
Mudo a direção dos meus pensamentos e volto um pouco atrás. Não acho que seja lá muito bom em dar espaço e não sei se quero que seja, na verdade. Posso ver o esforço que é para ele sempre que tem que deixar o quarto e ir pro de hóspede. E posso sentir a mesma tensão dentro de mim. Algo está fora do normal. Ele não parece normal, e ter chegado a essa conclusão é algo curioso para mim, já que não o conheço.
Vou com cuidado para a beira da cama e estremeço ao levantar, sentindo a tensão no músculo sob o corte na minha perna. Visto um robe creme e vou para a porta. Quero saber coisas e estou pronta para perguntar. Então é bom que ele esteja pronto para conversar.
Continua...     

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