Capítulo 54

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Maitê
Acordo está manhã como em todas as outras nas últimas seis semanas, desde que as crianças voltaram para casa: Com William colado às minhas costas, seus lábios beijando a minha coluna lenta e preguiçosamente.
É um êxtase, o nirvana.
E, como sempre, derreto sob o calor da boca dele trazendo-me de volta dos meus sonhos.
Volto a fechar os olhos e deixo que ele me leve ao paraíso, deixo meu corpo relaxar e meus sentidos assumirem o controle.
A fricção de nossa pele roçando uma na outra me leva a loucura.
A sensação de sua ereção matinal nas minhas coxas e no meu traseiro me faz ir do simples querer ao implorar sem palavras.
A sensação do hálito dele arrepiando todas as partes da minha pele em que toca me leva de faminta a voraz.
Jogo os braços para trás e passo as mãos pelos cabelos dele, despenteados pela cama, suspirando de contentamento, arqueando o corpo contra o dele.
William: Bom dia, baby
Maitê
Murmura ele, entre mordidas no meu ombro, roçando a pélvis no meu traseiro.
William: Está pronta pra mim?
Maitê: Sempre. (É a verdade.
Meu corpo responde a ele instintivamente.
Minha necessidade dele é incessante.
Uma estocada firme o coloca dentro de mim, fundo, meus dedos agarram-se mais aos cabelos dele quando grito, seus dentes cravam-se na minha carne quando ele grunhe.
Estou flutuando.
Segundos após acorda e sei que essa é a intenção do Will todas as manhãs.
Que eu comece o dia sendo lembrada do quanto somos maravilhosos juntos.
O que não é mesmo necessário.
Olho para este homem e fervo por dentro.
Eu o ouço, não importa o que esteja dizendo, e me conforta imensamente o profundo da sua voz rouca.
Eu o sinto me tocar e simplesmente sei que nós seremos sempre incompletos um sem o outro.
Nós somos um.
Nossos corpos se movem em sincronia perfeita, fluido juntos suave e carinhosamente, tão familiares entre su.
Porque são.
Eu jamais questionaria o senso de certeza que tenho quando estamos na intimidade como agora, mesmo nos meus dias ruins, quando a frustração me domina, quando um dia inteiro se passa sem um traço de memória para me encorajar.
Aqueles dias se tornaram semanas.
São seis semanas sem nada, nenhuma lembrança, nenhum flashback, deixando-me apenas com os vestígios do que ainda tenho, do que construí antes que meu cérebro decidisse parar no que diz respeito ao meu passado.
Como se uma rolha tivesse sido enfiada no buraco por onde passa o fluxo, detendo-o.
O que não escapou aos olhos do William, sempre a me observar, seus ouvidos sempre na escuta.
Não tenho novidades há semanas.
Posso ver a decepção no rosto dele mesmo que ele tente disfarçá-la com amor.
Sinto-me sob pressão.
Os únicos momentos de alívio que tenho são quando estamos fazendo amor, quando ele consegue tirar tudo da minha mente ou quando vou à ioga com Zara.
Ela ainda não sabe do meu acidente e da amnésia, o que é ótimo, porque ela também é uma válvula de escape.
Nunca me sinto uma decepção para ela.
Nunca sinto que ela me olha como se eu devesse saber algo.
Minha nova amiga é a folga de que tanto preciso.
Sei que William e eu estamos construindo novas lembranças, lindas memórias, mas eu olho todos os dias para o imenso mural de fotografias da família na sala de estar e me pergunto onde foi parar tudo aquilo.)
William: Pare
Maitê
Ele sussurra saindo de mim em um só movimento e deitando-me de costas.
Meu olhar pesado se ergue para seus olhos, olhos que gritam mil emoções cada vez que olho dentro deles, mas que nesta manhã refletem preocupação.
William: Nós ainda somos nós.
Ainda temos as crianças.
Eu ainda te amo e você ainda me ama.
É só o que importa.
Maitê
Em um jogo de quadris, ele me penetra novamente, apoiando-se nos braços.
Seu peso me acalma, lembrando-me de que posso ter perdido muitas lembranças deste homem, mas pelo menos ainda o tenho em carne e osso.
A dor inexorável que me invade quando penso no que é ficar sem ele é o bastante para me dizer que onde estou é realmente o meu lugar, é onde devo estar.
Não que eu precise de um lembrete.
Não quando cada fibra dentro de mim diz o mesmo.
Minhas mãos buscam as costas dele e deslizam pela superfície rija, sentindo-o.
Maitê: Isso é tudo de que eu preciso (Afirmo, engolindo a saliva quando ele sai de mim lentamente, de propósito, seus olhos nos meus quando ele volta para dentro, preciso e delicado.)
William: Nada pode nos destruir.
Maitê
William toma a minha boca com carinho, e minhas pernas o enlaçam pela cintura, para segura-lo de todas as formas possíveis.
William: Isso mesmo, baby, segure firme.
Maitê
A mudança no ritmo, de forte e rápido para suave e profundo, faz com que eu tenha dificuldade em manter o nosso beijo, minha língua se torna errática, quase alucinada.
William: Está quase lá?
Maitê
Ele se afasta, sem precisar de resposta, mas interessado em ver meu rosto quando eu me entregar ao clímax.
Apoiado agora nos punhos, ele dá o seu melhor, misturando profundidade e movimentos lentos e depois rápidos.
Estou perdida nele, maravilhada em meu prazer, nas alturas a que ele me leva.
Para o lugar onde posso esquecer tudo isso.
Onde nada existe exceto ele e eu e a paixão que vivemos.
Seu rosto começando a se contorcer quando meu orgasmo se aproxima e explode, fazendo-me tremer com sua força, as sensações fortes demais, meu corpo todo sensível.
E ele sabe, porque faz uma pausa nos movimentos e fricciona onde eu mais preciso, aumentando a sensibilidade, e goza com fúria, com um urro reprimido.
Minhas paredes internas se agarram a ele, sugando-o até não sobrar nada, e o calor de sua essência derrama-se dentro de mim.
Will desmorona sobre mim como um macho exausto, cobrindo-me, ainda enterrado em mim, onde vai permanecer pelos próximos dez minutos, beijando e acariciando meu pescoço e falando bobagens ao meu ouvido.
E eu me agarro a ele e aproveito o momento que tenho todas as manhas antes de ter que levantar e encarar o dia.
Respiro no ombro dele enquanto nos acomodamos, apertando-o, trazendo-o para o mais perto possível.
No meu modo sem palavras, digo a ele que estou feliz por permanecer onde estou.
Não que eu tenha muito o que fazer.
Trabalhar ainda não é uma possibilidade.
Tentei algumas semanas atrás, depois de convencer William, ainda relutante, a me deixar voltar para o escritório.
Demorei dez minutos para perceber que não conseguiria, dez minutos olhando para a papelada sobre a minha mesa, dez minutos com William me olhando do sofá, enquanto eu comandava meu cérebro a me dizer o que fazer, e dez tentativas frustradas de inserir a minha senha no computador, antes de finalmente desistir e ceder ao fato de que eu era inútil na hotel.
Não gostei, nem um pouquinho, e não só por me sentir inútil.
Aquela mulher que trabalha para nós não tira os olhos do William e pude ver claramente que minha presença não era bem vinda.
Fecho os olhos bem apertados e tento lembrar o nome dela.
Há coisinhas, pequenas coisas que aprendo que fogem à minha memória na mesma velocidade com que entraram lá.
Como nomes.
Cherry.
Solto a respiração, agradecendo ao meu cérebro por me dar a informação que eu procurava.
Só gostaria que ele me devolvesse a minha memória também.
William: Hoje é a despedida de solteira da Lívia.
Maitê
Fico surpresa que ele tenha me lembrando.
Eu sei que ele está lutando contra seu instinto de me segurar em casa.
De não me deixar ir.
E sei que ele já fez uma lista de exigências a Ana.
Tolo.
Aquela mulher não bebe há quase um ano.
Ela estará mais sedenta por álcool e uma festinha de meninas que eu.
Maitê: Você quer dizer que vai me libertar hoje a noite?
William: Está me testando?
Maitê: Jamais
William: Você vai maneirar, não vai?
Maitê
Um dedo me cutuca e me faz pular.
Eu confirmo, freneticamente.
William: E vai ficar em contato comigo, não vai?
Maitê
Mais um cutução e outra vez eu me contorço e confirmo.
William: E antes de sair, vai me deixar te prender e gozar no seus seios, não vai?
Maitê: Você quer me marcar?
William: Na verdade, é você quem gosta de me marca.
Maitê
Ele aponta para o próprio peito.
William: Estou com saudade.
Maitê: Saudade do que?
William: Do chupão no meu peito, que tem me feito companhia ao longo dos últimos doze anos.
Sinto-me um pouco incompleto sem ele.
Pode chupar, baby.
Maitê
Ele rola na cama e mostra onde ele me quer.
Fico confusa, mas já estou me acostumando com algumas coisas bizarras que aprendo sobre o nosso casamento.
E para ser honesta, não vou me negar mais alguns minutos com ele na cama. Sento-me de pernas abertas na cintura dele e mordo a carne firme, sugando a pele e olhando por entre os cílios para o seu rosto satisfeito.
O homem é louco.
E eu também sou, já que aceito toda a loucura que ele me apresenta.
Maitê: Está feliz? (Pergunto, examinando o perfeito círculo roxo.)
William: Delirante.
Maitê
Ele se levanta da cama e me cobre.
William: Eu arrumo as crianças para a escola.
Maitê
Observo-o vestir a cueca antes de deixar o quarto, com meus olhos grudados nas suas costas até ele desaparecer.
Relaxo e penso em como será hoje à noite.
Preciso de um bom drinque.
E é exatamente o que planejo fazer.
Continua...

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