William
Como ela nos encontrou?
William: Como nos encontrou?
Ximena: Bem, estava eu curtindo o meu café da manhã, lendo o jornal, quando de repente dei de cara com ela.
Ela havia perdido a memória, dizia ali.
Que pena.
Fizeram o favor de mencionar que ela e o marido eram proprietários de um hotel.
Não foi difícil encontrá-los
William
Ela aponta a arma para uma placa à nossa frente, enquanto eu fervo de raiva dos jornalistas.
Ximena: Vire à esquerda ali.
William
É a área onde crescemos.
William: Por que estamos aqui?
Ximena: Uma viagem pela estrada da memória.
Você se lembra do celeiro onde foi o nosso primeiro beijo?
William: Sim. (Eu me lembro do celeiro, mas não tenho a minima recordação do beijo.
Ao longo dos anos, me desfiz com sucesso da maior parte das lembranças de Ximena em minha vida.
Limpei minha mente e abri espaço para as coisas que tinham significado para mim.
Ximena: Lembranças lindas.
Nós poderíamos ter sido tão felizes.
Até você estragar tudo.
Desça a próxima via à esquerda.
William: O que estamos fazendo aqui, Ximena?
Ximena: Cala a boca, William.
Estou surpresa que não tenha perguntado pelo maravilhoso tempo em que fui hóspede em um local por cortesia da sua majestade, a rainha.
William: O que importa?
Você está aqui agora.
Ximena: Eu fui uma boa menina.
Os médicos sabiam que eu não era realmente má.
Apenas terrivelmente magoada.
Os exames provaram.
Eles me colocaram em um programa.
Eu fui uma estudante modelo, o exemplo perfeito de disciplina.
Então eles me deram alta.
William
Ela os enganou?
Ela os fez acreditar que era estável, apenas para poder sair e terminar o trabalho que começou há mais de uma década?
Ximena: Foi quando eu me tornei Zara Cross.
William: Eles te deram uma nova identidade?
Ximena: O velho e bom sistema judiciário.
Eu estava vulnerável, William.
Veja bem, eu não sou louca.
Tenho plena ciência do que estou fazendo e sei que, assim que eu livrar o mundo de sua vidinha miserável, serei levada de volta a uma sala acolchoada, pra viver ali pelo resto dos meus dias.
Só que eu não quero viver mais.
Estou farta desta vida.
William: Você pode ser feliz de novo.
Ximena: Quer dizer feliz como você?
Acha que eu deveria substituir Rosie e fingir que ela nunca existiu?
Não, William. Nunca.
E acha mesmo que eu vou ficar aqui parada e ver você apagá-la da memória com mais alguns filhos e aquela sua mulherzinha?
A nossa filha merece justiça.
Saia.
Suga os degraus.
William
Há uma escada frágil, com um dos degraus faltando.
Eu sinceramente duvido que a madeira podre conseguira suportar o meu peso.
William: Ximena, essa escada não parece segura.
Ximena: Oooh está preocupado que eu me machuque?
William
Eu paro e penso por um momento, considerando outras formas de sair desse pesadelo.
Quanto tempo faz que ninguém demonstra compaixão ou amor por ela?
Quanto tempo faz que ninguém realmente se preocupa com ela?
Os pais a deserdaram.
Ela não tinha ninguém, a não ser os profissionais que a tornaram objeto de pesquisa.
Será que consigo?
Meu estômago embrulha.
As palavras que tenho que dizer pesam na minha língua.
Ela me amou um dia.
E algo profundo e perturbador dentro de mim diz que ela ainda me ama.
É por isso que ela é tão louca.
É por isso que ela está em uma missão para me destruir.
Se ela não pode ser feliz, eu também não posso.
Se ela não pode ficar comigo, ninguém pode.
Há uma linha entre o amor e o ódio e acho que Ximena está tentando se equilibrar nessa linha.
A pergunta é: Conseguirei fazê-la acreditar em mim? O que eu quero é destroçá-la.
William: Sim.
Na verdade, eu me preocupo.
É muito difícil de acreditar?
Ximena: Você se preocupa comigo?
William: Jamais deixei de gostar de você, Ximena.
Veja só minha vida antes de você.
Eu perdi a pessoa mais ligada a mim no mundo todo.
Aquilo me deixou perturbado.
Não foi nada pessoal.
Por que você fez isso?
O vestido, o cabelo.
Por quê, Ximena? (Só há uma explicação.
Ela quer ser Maitê.
Ela quer ser minha.
Seu lábio treme.)
Ximena: Ver o quanto você a ama me machuca.
Ouvir dela o quanto você é devotado me matava.
Por que você não era assim comigo?
Por que não podia me amar com tanta paixão?
Quando estive doente, como Maitê ficou, por que você também não fez todo o possível pra eu melhorar?
William
As lágrimas dela correm como rios por sua face.
Ximena: Você faz qualquer coisa por aquela mulher.
O que ela tem?
William: Eu vou te ajudar, Ximena.
Eu prometo que vou te ajudar.
Ximena: Você vai me amar como a ama?
William
As palavras que ela quer ouvir não saem.
Não consigo dizê-las.
Vou ajudá-la, mas não posso amá-la como ela quer ser amada.
William: Eu... (Ela sorri, mas desta vez o sorriso não tem malícia.
É triste.)
Ximena: Você já falou demais.
Vá.
William
Fecho os olhos e me viro, olhando para cima enquanto subo os degraus velhos e instáveis, em direção ao depósito de feno no andar de cima.
William: Não faça isso, Ximena, eu imploro. (É só o que me restam. Súplicas.
Não obtenho resposta.
O que ouço em vez disso é o ruído da trava de segurança sendo desativada.
O celeiro está vazio.
Não há onde eu posso me proteger, se ele tiver vontade de atirar.
Olho por cima do ombro quando chego ao topo da escada e a vejo logo atrás de mim.
Não muito longe, mas o bastante para estar em vantagem, o bastante para atirar se eu decidir lutar contra ela.
Estou encurralado.
Antes que eu registre qualquer coisa, a arma está apontada para mim, ela não perde tempo e puxa o gatilho.
Um estrondo corta o ar e meu corpo sente o impacto.
Minhas vista embaça.
Entorpecido, imóvel, olho para o meu tórax, em busca de mancha vermelha, não há nada.
E então há algo.
Dor.
Solto um som de dor e seguro o topo do meu braço, onde encontro sangue, que escorre pela minha manga.
Ximena ainda segura a arma.
Ela caminha para trás, tentando controlar a respiração e com os olhos insanos.
Ela parece desorientada, cambaleando, o buraco no chão cada vez mais perto, a madeira caindo aos pedaços nas bordas.
Eu vejo o que está prestes a acontecer e, juro pela minha vida, não sei por que tento alertá-la.
William: Ximena, não! (É tarde demais.
O piso racha e ela perde o equilíbrio.
Ela grita.
É um grito de gelar o sangue.
Um grito que me diz que ela não quer mesmo morrer.
O instinto me faz ir até ela, que balança os braços e mergulha de costas, a arma disparando mais uma vez antes do chão ceder de vez.
Eu me encolho e desvio o olhar quando a cabeça dela se choca pelo impacto.
Sei que ela está morta antes de atingir o concreto lá embaixo.
O som de ossos se quebrando é torturante.
Minha respiração desacelera e meu sangue gela nas veias, enquanto tento pôr ar nos meus pulmões, a dor agora voltando com força.
Meu braço começa a latejar e parece chumbo.
Estou em conflito, aliviado, triste, furioso.
Sirenes. Luzes. Gritos.
Vozes falam comigo, mas não ouço uma palavra.
William: Como é que ela foi solta? (Pergunto ao policial que está tentando conversar comigo, enquanto um paramédico examina o buraco no meu braço.
Policial: Sr.Levy, eu não tenho conhecimento das circunstâncias da liberação da sua ex esposa do hospital.
William: Hospital?
Não, hospital é o lugar pra onde você vai quando está ferido ou doente.
Não quando você é uma maldita psicopata, uma mulher impiedosa, com sede de vingança. (Sinto mãos em mim outra vez.) Tira as mãos de mim, porra! (Grito, fazendo-a dar um passo atrás cautelosa.
Policial: Sr.Levy, por favor, acalme-se.
William: Acalmar?
Minha esposa e meus filhos foram ameaçados.
Eu tive uma arma apontada pra mim por mais de uma hora.
Deixe-me a sós até que possa me dar resposta.
Maitê: William!
William
Maitê toca o meu braço e massageia, fechando o cenho quando tenho uma reação de dor.
Maitê: O que é isso?
William: Um arranhão. (Sem querer preocupá-la.
Não que adiante.
Ela levanta a manga curta de sangue e revela um buraco perfeito no meu braço.
William: Está tudo bem.
Maitê: Alguém já examinou isso?
William: Eu não estou com humor pra ser cutucado e repuxado. (Ela aponta para um paramédico ali perto.)
Maitê: Agora, Levy, ou eu não respondo pelos meus atos.
William
Não abro a boca e não me movo, o que a faz agarrar a minha mão e me levar até a ambulância.
Maitê: Não me faça te machucar, Levy.
William
De olhos arregalados, eu a deixo me empurrar para dentro do veículo e sentar-me em uma maca.
Ela está irredutível.
E em meio à raiva, posso encontrar espaço para a gratidão.
Minha esposa está de volta.
Ela voltou inteira, e voltou a corda toda.
Continua...

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Submissa
FanfictionEle a quer e esta determinado a te-la. Maitê sabe que está prestes a entrar em um relacionamento intenso e conturbado, mas o que fazer se ele não a deixa ir? ⚠️ Plágio é crime ⚠️ Essa história é de minha autoria.