Capítulo 50

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William
Observo Ana vir até mim meio cambaleando, meio marchando, embora esteja claro que ela está tentando executar a tarefa com determinação. Não importa que não esteja dando resultado. A expressão no rosto dela é feroz e eu me pergunto por que seria.
Ivan: Ah, merda, quem contrariou a endiabrada? Olá, gata!
Ana: Que porra é essa,William? As suas cicatrizes. Vc disse a ela que foi um acidente de moto?
William: Ah
Ana: Ah? É isso, ah? Vc não pode esconder esse tipo de podridão dela!
William
O quê? Eu não posso esconder meus podres dela? Fique olhando, então.
Eu só não digo tudo o que penso na cara da Ana por respeito à sua condição. Também não gosto da idéia de brigar com o meu amigo, não que Ana precisasse dele. Ela já é bastante espevitada por si só, o que só aumentou desde que Ivan colocou um pão para assar naquele forninho.
William: Eu sei o que estou fazendo.
Ana: Vc está mentindo, é isso que está fazendo.
William: Estou protegendo ela.
Ana: Com mentiras? (Dou uma risada sarcástica.) Vc não aprendeu nada? Lembre-se do que aconteceu da última vez que vc escondeu algo dela.
William
O rosto da Ana fica mais vermelho a cada segundo, sua fúria é provavelmente páreo a minha, apesar de eu estar sendo muito mais bem-sucedido em conter a minha raiva que ela.
Ivan: Ana, acalme-se
Ana: Não pode mentir pra Maitê. Não é certo.
William: Ana, mentiras são necessárias quando vc sabe que a pessoa pra quem se mente não conseguirá suportar a verdade.
Ana: Acho que vc está louco.
William: Eu sinto isso. Mas ela está se apaixonando por mim outra vez e agora, mais do que nunca, não quero que qualquer coisa ponha isso a perder. (Volto meus olhos para Ivan. Ele ainda segura Ana, mas olha para mim. Vejo a solidariedade estampada no rosto dele. E uma mínima anuência com a cabeça me diz que ele me compreende. Sou grato por isso.
Ana: Merda!
William: Ei, não fique chateada.
Ana: Não estou chateada. (Olho pra baixo assim como eles, encontrando uma poça aos meus pés.) Minha bolsa roupeu.
Ivan: Caralho! Eu vou ter um bebê.
Ana: Alguém acalma esse homem.
Maitê: Ivan, preciso que vc cronometre as contrações.  William traga o carro.
Ana: Vai doer muito?
Maitê: Demais. E quando o bebê estiver pronto pra sair, vc vai sentir como se estivesse tentando expelir uma melancia em chamas da sua xoxota.
Ana: Pqp.
Maitê: É bem isso
Lívia: Vc esta roubando meu momento (brinco)
William
Só o que me resta é abraçar Ivan e caminhar com ele logo atrás, observando Maitê explicar o processo todo a Ana. Como se já tivesse feito isso.
Porque já o fez.
Todos estamos sentados na sala de espera esperando notícias quando Ivan aparece.
Ivan: É uma menina. Nós temos uma menininha.
William
Levanto-me de pronto, vendo que ele vai desabar em um misto de felicidade e cansaço se eu não chegar a ele depressa. Ele praticamente cai sobre meus braços.
Ivan: Nunca mais quero fazer isso de novo.
William
Dou um sorriso, sabendo exatamente a sensação.
William: Parabéns, meu amigo.
Maitê: Bom trabalho! Como está Ana? (Abraço)
Ivan: Esgotada.
William
Todos se reúnem, abraço e beijos para todo os lados. E é muito bonito.
Um bonito momento em nossas vidas. Meu único desejo é de que os gêmeos estivesse aqui, só mais um dia, é o que digo a mim mesmo. E verei meus bebês.
Assim que nós despedimos, conduzo uma Maitê exausta para o carro, praticamente tendo que carrega-la. Afivelo seu cinto, beijo seu pescoço e fico ali por um tempo, apenas  sentindo na minha pele. Ela já está quase dormindo.
Maitê: Eu te amo
William
Sussurra a sua confissão de maneira meio embriagada, mas o carinho que ela me faz com o rosto diz que sabe muito bem o que está dizendo.
Neste momento, um momento tão perfeito, decido o que preciso fazer pela manhã.
Continua...

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