William
Entramos em casa e atiro as chaves do carro na mesa próxima à entrada. Maitê está muito quieta desde que deixamos o Level, séria e pensativa. Eu sei que ela está tentando aceitar o fato de que seu Marido um dia foi proprietário de um clube exclusivo de sexo. Sinto como se meu passado, os segredos, as duras verdades, tudo estivesse vindo de encontro a mim e me sufocando outra vez, exceto que agora de forma totalmente diferente. Jamais me senti tão desamparado.
Maitê: Conte-me sobre o nosso primeiro encontro
William
Pede ela, sentando-se à bancada da cozinha enquanto eu pego água para nós na geladeira.
Nosso primeiro encontro? Meu Deus, eu sei que ela está imaginando algo romântico como as mulheres sempre fazem. Flores, sentimentos e sorrisos.
Houve tudo isso, só que não da forma como ela proveniente está esperando.
William: Foi um tanto... Singular. (Pego água na geladeira, arriscando uma olhadela por sobre o ombro.
Maitê: Singular?
William: Nada é muito convencional no nosso relacionamento. Nunca foi. (Mordisco o lábio inferior, perguntando-me por onde começar.) É melhor irmos pra sala, é mais confortável. (Entrego-lhe a água e pego-a nos braços sem pensar, levando-a para o sofá de veludo, próximo à lareira. Ela não diz uma palavra, mas quase posso ver seus pensamentos revirando lá dentro. Ficar o tempo todo tentando adivinhar o que se passa na cabeça dela está aos poucos me levando à loucura. Não posso continuar assim.) O que está pensando? (Questiono, deitando-a no sofá e juntando-me a ela.
Ela ajeita os pés com dificuldade, o que me faz ir logo ajudá-la com a perna machucada.)
Maitê: Estou pensando que esta sala é a minha cara.
William
Observa ela, admirando a grandeza da sala de estar.
Eu sei bem que não é nisso que ela está pensando, mas deixo passar, também assimilando a decoração em dourado e carmim. É meu ambiente favorito na casa, por essa exata razão. É a cara dela mesmo.
William: Você nunca estava cem por cento feliz com ela. Não sei por quê. Para mim, é perfeita. Dizia que faltava algo, mas não conseguia descobrir o quê.
Maitê: As cortinas precisa de algo no xale
William: Como o quê?
Maitê: Alguma decoração no plissado. Um cristal aqui ou ali, talvez. Está sorrindo por quê?
William: Nada (Coloco os pés sobre a mesinha de centro e relaxo como posso, sem ela nos meus braços. Só quero puxá-la para perto. Essa coisa de ser todo gentil é estranha. Dói pra caralho.)
Maitê: Estão, nosso primeiro encontro?
William
Pergunta Maitê, tirando-me de minha agonia. Deixo minhas cabeça pender para o lado a fim de olhá-la.
William: Depende do que você chama de primeiro encontro.
Maitê: Meu Deus! Eu fui muito fácil?
William
Eu gargalho. Fácil? Quem me dera.
William: Bem longe disso, o que me deixou louco.
Maitê: Mas eu saí com você?
William: Nós já tínhamos feito sexo algumas boas vezes quando eu efetivamente te chamei pra jantar.
Maitê: Eu fui fácil.
William
Ela retorce o rosto, um tanto decepcionada consigo mesma. Não deveria. Na verdade, fui eu quem ficou decepcionado por ela ter demorado tanto para ceder á atração que estava nos deixando insanos.
Maitê: Isso não deveria me surpreender, já que sei que em pouco tempo eu estava grávida.
William
Ela balança a cabeça em desalento e eu mantenho a minha boca bem fechada.
Maitê: Parte de mim esperava que você dissesse que nos conhecemos, faíscam voaram, você me convidou pra sair, namoramos por um tempo, um dia fomos parar na cama e fizemos amor romanticamente um tempo, um dia fomos parar na cama e fizemos amor romanticamente e, então, quando chegou a hora certa, você me pediu em casamento. E nós vivemos felizes para sempre.
William
É como eu pensei. Tudo leve e doce na mente dela. Contos de fadas idílicos. Puta merda, ela está tão longe da realidade que é como se estivesse em outro planeta.
William: Não foi bem assim.
Maitê: Então como foi?
William
Ela está faminta por informações, ávida por saber. Eu é que não estou ávido por contar.
William: Bem, quando você se recusou a aceitar meus... Avanços. (Essa foi bem diplomática.) Eu tive que ser criativo.
Maitê: Eu recusei?
William
Os olhos da Maitê viajam pelo meu corpo reclinado no sofá, obviamente imaginando por que me dispensaria. Isso planta uma nova semente de esperança que rezo para não morrer antes de ter a chance de crescer e se tornar algo lindo.
William: Sim, E é uma pergunta que me fiz varias vezes também. (Rio quando ela consegue, por fim, tirar os olhos do meu tórax.) Você é teimosa. Sempre foi e sempre será. (Ela emite um ruído de desdém, mas não discute, apenas insiste em matar sua sede por informação.)
Maitê: Criativa como?
William
Abro a boca para dizer exatamente como, mas penso melhor. Isso vai precisar de uma abordagem cautelosa.
William: Você se recusou a voltar ao Level pra terminar seu trabalho na decoração e eu sabia que era porque você estava evitando a mim e aos sentimentos que tinha. Foi extremamente frustante. (Faço uma cara feia para ela, e ela retribui com um meio sorriso.) Então eu prometi ficar fora do seu caminho se você voltasse e terminasse o serviço. Posso vê-la tentando relembrar.) Mas não fiquei.
Maitê: Fora do meu caminho?
William
Eu confirmo.
William: Ficar longe de você provou ser uma tarefa difícil.
Maitê: Você devia estar mesmo apaixonadinho.
William: Apaixonadinho? Dou risada. Obcecado é mais apropriado. Você me arrebatou com sua beleza, sua voz, a paixão que tem pelo seu trabalho. Pela primeira vez em anos, eu me senti vivo.
Maitê: Anos?
William
Eu sabia que teríamos que falar sobre isso, mas... Meu Deus, não é algo em que eu goste de pensar.
William: Eu era meio que... (Não termino a frase, tentando decidir por algo que soe menos sórdido.) Um playboy.
Maitê: Isso não é surpresa, já que você era dono de um clube de sexo.
William
Ela está aceitando bem. É um contraste absurdo com a reação que ela teve á época. Quem dera ela tivesse demostrado essa compreensão naquele tempo, quando descobriu o salão aberto comunal. Estremeço ao recordar a tragédia que se seguiu.
Maitê: Então, você costumava transar com todas?
William: Mais ou menos isso.
Mais: Mas parou quando me conheceu?
William: Parei (Respondo, detestando a mim mesmo por maquiar a verdade. Verdadeiramente me detestando. Tenho sido seletivo com o que conto a ela e, lá no fundo, sei que não é justo.)
Maitê: Por que será que eu não acredito em você?
William
Ela inclina a cabeça, analisando meu rosto preocupado.
Maitê: Está mentindo pra mim, não está?
William
Fecho os olhos e meu corpo é tomado pela tensão, pelo medo que tento engolir em seco. Não consigo sequer apreciar o fato de que ela me lê como um livro, como se me conhecesse por dentro e por fora.
William: Houve um incidente.
Maitê: Você me traiu?
William
Ela se levanta prontamente, olhando-me com o rosto sério, aliado ao desconforto que o movimento rápido desencadeou. Lá vem o rolo compressor ao estilo da Maitê.
William: Não exatamente. (Eu a pego pelo braços para encorajá-la a sentar-se e não a solto mesmo quando ela quer lutar para liberta-se de mim.
William: Nós não estávamos propriamente... (Merda, como posso dizer?) Nós não éramos exclusivos.
Maitê: Mas estávamos saindo?
William: Creio que sim. Se é assim que quer chamar.
Maitê: Bem, eu não sei, William.
William
Maitê está a cada minuto mais irada e eu não tenho idéia de como lidar com isso. Normalmente eu gritaria com ela no mesmo volume. Iríamos descer o verbo e depois fazer as pazes na cama.
Maitê: Porque eu não consigo me lembrar de porra nenhuma, não é?
William: Olha essa boca! (Grito ela se encolhe, a repugnância estampada em seu rosto.
Maitê: Como é?
William: Eu não gosto quando você fala palavrões.
Maitê: E eu não gosto de descobrir que meu marido me traiu.
William
Puta que pariu! Eu a solto e escondo o rosto entre as mãos, buscando um pouco de calma. Jamais sonhei que teríamos que passar por tudo isso de novo.
William: Maitê, eu fiquei fora de mim por causa do que sentia por você. Não era saudável, sentimentos tão intensos, tão depressa. Então, fugi de você. Bebi muito e transei com duas mulheres. E nem sequer gozei, porque tudo o que eu via era você. Passei dois dias trancado no meu escritório tentando descobrir o que fazer. Porque você não sábia do Level. Você não conhecia a minha história. Você não sabia de coisa alguma, e eu não fazia a menor ideia de como te contar. Falar sobre isso está me destruindo. Então, canalizei toda a minha energia em fazer você se apaixonar por mim, na esperança de que você aceitasse tudo quando eu criasse coragem pra me abrir. E você aceitou, Maitê. (Tomo a mão dela na minha, ignorando sua expressão assustada e seguindo bravamente.) Você me aceitou porque estava apaixonada por mim quanto eu por você. Você também não conseguia ficar sem mim. Você me deixou assumir o comando e me seguiu espontaneamente. Você me deixou te cobrir de atenção e carinho, porque sabia que era disso que eu precisava. Você aprendeu a lidar comigo e você é a única pessoa no mundo que consegue. (Minha voz falha.) E agora sinto que você está escapando de mim e não tenho a menor noção de como concreta tudo isso. (Ela ainda está em silêncio, mas assustada a cada palavra. O silêncio é insuportável. Excruciante.)
Maitê: Eu nem sei o que fazer com tanta informação.
William: Não faça nada. Não diga nada (peço a ela, puxando-a para mim.) Quando eu te conheci, você me tirou do buraco negro em que eu estava preso havia tanto tempo. Você me deu uma nova vida e um novo propósito. Eu me senti bem pela primeira vez em anos e não estava disposto a deixar que você me provasse desses sentimentos.
Maitê: Então você teve que ser criativo?
William
Ela ergue a sobrancelha quase imperceptivelmente.
William: Sim. Eu juro que nunca antes tive que fazer tanto esforço pra transar. (Um som de surpresa, seguido de um tapinha no braço, arranca uma risada de mim e, como resultado, Maitê revira os olhos, incapaz de segurar o sorriso. Eu a trago para o meu colo e ela não reclama.
Maitê: Foi bom? Quando você finalmente me levou pra cama?
William
Ela aperta os lábios firmemente, como se estivesse na expectativa. Ela já pensou nisso antes. Já olhou para mim e considerou como seria fazer sexo comigo.
William: Você quer dizer quando eu te coloquei contra a parede.
Maitê: Oi?
William
Assim é melhor. Agora chegamos à parte importante. Os sentimentos, a conexão, o sexo transcendental.
William: No Lusso. (Ela contorce o rosto todo.)
Maitê: O que é Lusso?
William: Um condomínio em St. Katharine Docks. Você era a designer. Eu comprei a cobertura. Foi como descobrir o seu nome e por que quis te contratar para o Level. Gostei do que fez ali. Trecos italianos pra todo lado.
Maitê: Ah, então você me levou para o seu apartamento, afinal.
William: Não exatamente. Eu te peguei no banheiro, na noite de lançamento.
Maitê: Eu transei com você no banheiro de um apartamento em exposição?
William
A testa dela cai no meu peito e ela rola a cabeça para um lado e para o outro, desesperada.
Maitê: Não parece algo que eu faria. Eu não faço esse tipo de coisa.
William
Dou um sorriso e a abraço com força, curtindo o momento de tanta proximidade. Ela não era mesmo daquele jeito. Eu sei. Foi uma das coisas que me fizeram amá-la. O problema é que ela ainda é uma jovem inexperiente na própria mente.
William: Foi incrível. O desejo fazendo seu corpo vibrar, assim como o meu. Nós éramos inevitável, baby. Uma centelha a ponto de explodir. E acredite, nós explodimos. (Engulo a saliva, com o rosto nos cabelos dela, meu corpo despertando para vida apenas por falar sobre aquele momento em nossa história. O momento em que ela cedeu. O momento em que a explosão aconteceu. Como resultado dos meus pensamentos, meu membro começa a endurecer e não há como Maitê não notar, já que está sentada nele. É melhor ela não se mexer. Não posso prometer conseguir me segurar...
Ela se move e eu suprimo um gemido, sem muito sucesso. Estou como aço dentro da calça. Minhas veias queimam. Meu coração dá pulos. Não é uma situação confortável quando uma transa ao estilo William está fora de questão. Ela me olha com os lábios apertados e vejo o desejo latente dentro dos olhos dela. Então, baixa o olhar para a minha boca. Nunca estive tão faminto por ela. Nunca fiquei tão desesperado para possuí-la. Nunca me senti tão paralisado pelo desejo. Maitê tem os olhos fixos na minha boca, o corpo imóvel no meu colo, sua mente claramente galopando. Ela quer me beijar. Quer sentir meu sabor.
William: Está pronta pra parar de lutar agora? (Pergunto, sendo lançado de volta ao Lusso, quando finalmente consegui o que tanto queria.
Maitê: Preciso ter você por inteiro. Diga que posso ter você por inteiro.
William
Maitê parece imediatamente confusa com as próprias palavras, mas eu estou exultante, porque mesmo que ela não saiba de onde essas palavras vêm, elas estão vindo e são a única esperança com a qual posso contar neste momento.
William: Você pode ter (Digo baixinho, embora ela já tenha cada fibra de mim. Maitê se aproxima devagar, até seus lábios tocarem gentilmente os meus. É um momento lindo. Um, ao lado de vários outros, de que vou me lembrar com carinho enquanto eu viver. Não assumo o controle, decidindo que devo deixá-la seguir seu ritmo, e estou mais do que feliz com ele. É lento. Suave. Gentil e apaixonado e tudo o que deveria ser. É tudo o que eu sinto. O sofá se molda às minhas costas, a cabeça apoiada no encosto, e Maitê se molda à minha frente, minha boca e minha língua relaxadas para seguir facilmente os movimentos dela. Minhas mãos permanecem firmes nos seus quadris, o bastante para que ela saiba que estou aqui e que quero desesperadamente estar aqui. Eu não sentia seu sabor há mais de uma semana. É o maior tempo que já fiquei sem beijá-la, senti-la, e talvez por isso meus sentidos estejam ampliados. Sua boca tem um gosto mais potente, minha pele está mais sensível ao seu toque. É perfeito, tão perfeito que eu jamais quero que acabe.)
William: Você está bem? (Pergunto com os lábios colados aos dela, quando ela pausa por um momento, antes de retornar à exploração da minha boca, as mãos segurando meu rosto, como se temesse que eu me mexa e quebre o fluxo.
Maitê: Você beija tão bem
William
Murmura ela, esfregando o corpo no meu, o que não ajuda em nada a situação dentro da minha calça. Beijar, ótimo, tudo bem, mas eu não sei se ela já está pronta para ir além.
Maitê: Sinto como se já tivéssemos nos beijado um milhão de vezes e tornamos nosso beijo uma arte.
William: Nós já fizemos isso um milhão de vezes. (Digo, ela se afasta.)
Maitê: Claro. Desculpa eu me empolguei.
William: Não peça desculpas. (A ordem vem da firma mais suave de que sou capaz, segurando o queixo dela para virar seu rosto para mim.) Obrigado.
Maitê: Pelo quê?
William: Pelo beijo delicado. (Ela sorri, quase tímida.)
Maitê: Obrigada também.
William
O rubor dela ao mesmo tempo parte meu coração, porque significa a perda da nossa história, mas é profundamente gratificante, porque significa que posso fazê-la corar outra vez. Ela estava tão acostumada comigo depois de tantos anos que nada que eu dissesse ou fizesse tinha mais esse poder.
William: Quero sair com você amanhã. Acha que consegue?
Maitê: Pra onde vai me levar?
William
Pego uma mecha dos cabelos dela e a ajeito para trás de seus ombros.
William: Uma viagem pela estrada da memória. (Ela não diz nada, apenas sorri enquanto eu me levanto do sofá, com ela ainda colada em mim. Coloco-a com cuidado de pé, faço-a virar-se e dou um empurrãozinho para que ela ande.) Vá se arrumar para o jantar.
Maitê: Está mandão novamente
William: Como eu disse, acostume-se (Eu a deixo no pé da escada e a vejo subir devagar, voltando-se vez ou outra para olhar para mim por sobre o ombro. Inclino a cabeça e ergo as sobrancelhas quando ela tenta esconder um sorriso cúmplice.) O que foi? Sigo em voz alta. Ela encolhe os ombros de maneira quase imperceptivel, mas não diz nada. Não precisa. Ela sentiu algo poderoso agora há pouco. Algo em nosso beija que reforça o quanto é certo que o lugar dela é aqui comigo. Ela se perder naquele momento e sua mente ficou em branco pelas razões certas.
Continua...

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Submissa
FanfictionEle a quer e esta determinado a te-la. Maitê sabe que está prestes a entrar em um relacionamento intenso e conturbado, mas o que fazer se ele não a deixa ir? ⚠️ Plágio é crime ⚠️ Essa história é de minha autoria.