Capítulo 30

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William
Quando me aproximo do quarto, Maitê está recostada na cama, os dedos brincando com o fino lençol branco. O ferimento na cabeça ganhou um novo curativo, a bandagem branquíssima em contraste com seus cabelos escuros. Seu rosto é pura concentração, os olhos se estreitando de vez em quando. Ela está tentando lembrar, e parte meu coração ver isso. Também renova meu propósito. Eu morrerei antes de deixar que as lembranças dela transformem-se em poeira.
Bato de leve na porta entreaberta, o que faz Maitê levantar a cabeça de súbito. O rosto dela se crispa de dor e ela leva a mão á nuca e a massageia. Atravesso o quarto como uma bala, deixando de lado toda a suavidade.
William: Porra, Maitê! Tenha cuidado! (Paro abruptamente a poucos metros da cama quando ela se encolhe, olhando para mim em choque, com os olhos arregalados.
Merda. Foi demais? Meu instinto diz para eu fazer massagem no pescoço dela, dar-lhe uma bronca por não se cuidar e aumentar a dose da bronca quando o inevitável mau humor dela bater.
William: Vc precisa ter cuidado. (Eu ainda nem me apresentei. Apresentar-me? Preciso fazer isso? Olho para os meus pés, intrigado, perguntando a mim mesmo que diabos vou dizer.)
William: Oi, prazer em conhece-la. Eu sou seu marido. Sou possessivo, louco, irracional, desafiador, passo por cima de tudo e todos palavras suas não minhas, você me ama mesmo assim. Nós fazemos sexo. Muito sexo. E vc satisfaz a minha necessidade de te ver usando lingerie de renda todos os dias. Ah por acaso eu mencionei que um dia fui proprietário de um clube de sexo? O Level. Ali funciona hoje como um hotel de luxo. Nós nos apaixonamos rapidamente.
Bem, eu me apaixonei. Vc se fez de difícil. Então eu te persegui até que vc cedesse, porque eu sabia que havia algo bom ali. Nós apenas... Nós fazíamos tanto sentido juntos, mas ai meu passado louco começou a atrapalhar e eu pensei que seria uma boa ideia esconder tudo aquilo de vc. Ah, estou esquecendo um ponto importante. Eu sou um alcoólatra em recuperação. Antes de te conhecer, eu bebia e saia transando com um monte de mulheres. Essa era a minha vida. Nós dois tivemos alguns momentos bem ruins, mas os bons superaram em muito tudo o que houve de mau e vc ficou ao meu lado sempre. Eu não te mereço, mas vc ficou comigo a despeito de todos os meus pecados e, acima de tudo, vc me deu meus bebês. Dois bebês perfeitos. Já mencionei que fui casado antes de vc? Não? Eu fui. Também tive uma menininha, mas a perdi... (Tusso para me livrar da aflição que me sufoca, a gravidade da situação me atingindo como um tapa na cara. Sempre admirei a habilidade da Maitê me amar tão loucamente. Por favor, por favor. Imploro para que ela reencontre essa habilidade.
Maitê: Então, pelo que dizem, vc é meu marido 
William
Ergo os olhos para ela, perguntando a mim mesmo se parece divertido a ela o fato de ter um marido. Então vejo seu rosto fechado e percebo que coisa boa, não é. Ela está olhando para mim com... Ah, merda. Séria decepção? Talvez ela não esteja chocada por estar casada, mas por estar casada comigo.
William: Vc parece... Surpresa. (Dirijo-me a uma cadeira e sento-me com calma, observando Maitê girar a aliança de casamento no dedo. Ela encolhe os ombros.)
Maitê: Quantos anos eu tenho?
William: Trinta e oito.
Maitê: Verdade? Então quantos anos vc tem?
William: Quarenta (Estou casado com essa mulher há doze anos e estou preocupado com a possibilidade de ela me rejeitar. Que maldito pesadelo é esse em que estou?) Vc se lembra de alguma coisa? Nem um detalhezinho, Maitê? (Seu rosto se enche de tristeza, mas não sei dizer se é por mim ou por ela.)
Maitê: Sinto-me tão deslocada.
William
Sua voz falha e uma lágrima cai em seu braço.
Basta, não faz o meu tipo ficar aqui sentado. Eu me levanto e vou até ela, sentando-me na beira da cama e tomando as mãos dela nas minhas, evitando aninha-la nos meus braços. É ridículo pensar que não quero forçar a barra. Com a minha própria esposa.
William: Vc não está deslocada (digo com carinho, mais lágrimas caindo) Maitê, olha para mim. (Meu pedido sai mais bruto do que eu gostaria, não que isso importe. Ela levanta a cabeça e nosso olhar se conecta imediatamente, seus olhos castanhos penetrando nos meus, enquanto eu aperto as suas mãos. Seus lábios se abrem um pouco e algo surge em seus olhos algo familiar. Desejo. É tênue, mas está ali, uma pequena reação e eu me agarro a isso com todas minhas forças.) Está sentido isso? (Sussurro, brincando com a aliança dela. Sua anuência breve me faz engolir meu alívio antes que me sufoque.) É apenas o começo, Maitê. Apenas a centelha que incendeia o nosso mundo. (Acaricio gentilmente seu rosto, saboreando o fato de que ela se inclina em direção da minha mão.) Ele tem sido preenchido por mim pelos últimos doze anos, mocinha. Eu não vou te deixar esquecer a nossa história. Vou te fazer lembrar. É o objetivo da minha missão. Farei qualquer coisa. (Ela soluça, concordando, e tudo me diz que ela esta aceitando tão facilmente porque há algo dentro dela dizendo que pode confiar em mim. O lugar dela é do meu lado.)
Maitê: Esse perfume
William
Ela diz, do nada, puxando-me para . Eu me entrego sem dificuldade, um pouco surpreso quando ela enterra o rosto no meu pescoço, independente do quanto seja incrível tê-la tão perto. Ela inspira fundo e eu lhe dou o maior abraço possível, sem perder a oportunidade que ela está me dando.
Maitê: É o meu cheiro favorito.
William
Dou um sorriso e fecho os olhos.
William: Eu sei.
Continua...
       

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