William
Estaciono o carro na frente de casa e ouço as crianças antes de vê-las, seus gritos de alegria me alcançam vindos do jardim, as molas do pula-pula rangendo.
Corro para dentro à procura da Maitê, para me deleitar com os elogios que ela está me devendo.
Encontro-a na cozinha, olhando atenta para alguma coisa.
A minha aproximação não a distrai.
Ela está realmente concentrada.
Descubro o que toma toda sua atenção a imagem do nosso bebê.
Ela acaricia as bordas do papel com a ponta dos dedos.
Seus olhos estão no mundo dos sonhos.
Eu detesto ter que perturbá-la.
William: Bu! (Surrurro ao ouvido dela, e Maitê espalma a mão no peito, assustada.
Ela se vira no banco e me olha feio, agarrando a minha camiseta e puxando-me para a frente.)
Maitê: Da próxima vez que eu te ligar, ligue de volta, Levy.
William: Você fica tão sexy quando está zangada.
Maitê: Então me beije.
William: O que você tem que dizer, baby?
Maitê: Por favor.
William
Vou para cima dela, erguendo-a do banco e atacando-a.
Há algum outro lugar onde eu queira estar?
Não.
Colei a minha boca na dela e nos deixa em paz.
William: Abra as pernas. (Elas se abrem e chego mais perto, nossas bocas selvagens uma na outra.
É isso que acontece quando nos afastamos por muito tempo.
Maitê: Will as crianças...
William: Já mostrou a foto pra elas?
Maitê: Não, claro que não.
Eu quis esperar por você.
William: Durante o jantar ou agora?
Maitê: Agora.
William
Dou um sorriso, ciente de que ela leu minha intenção nos meus olhos, e a ajudo a descer.
William: Encontrou os sapatos pra sua amiga?
Maitê: Sim, um par perfeito para o vestido.
Ela esperou o tempo que pôde para te conhecer, mas iria se atrasar para o encontro, se esperasse mais.
William: Fica pra outro dia.
Talvez quando eu te levar na ioga?
Maitê: Vcs vão se adorar.
William: Claro que sim. (Vamos juntos para o jardim.
Vejo meu menino e minha menina pulando e rindo.
E há também outra pessoa.) Quem é aquela?
Maitê: É Zara.
Ela disse que vinha aqui se despedir das crianças.
Achei que ela já tivesse ido embora.
William
Sorrio para as costas da mulher.
Ela está bem vestida demais para brincar em um pula-pula.
William: Haja energia.
Maitê: Por que ela está usando o vestido novo?
William
Olho para o vestido preto de renda e uma apreensão toma conta de mim, um peso nos ombros do qual não consigo me livrar.
Vou perdendo velocidade ao me aproximar.
Assim como meu coração.
Então perco uma batida quando a mulher fica de frente para nós.
É um daqueles momentos na vida em que eu sei o que estou vendo, mas é tudo fora da minha compreensão que meu cérebro leva alguns instantes para captar a mensagem.
Mas assim que vejo seus olhos não resta dúvida.
Eles parece tão perturbados quanto eu me lembro e, quando ela olha para mim, estão cheios de ódio.
William: Ai, merda. (Ela mudou a cor do cabelo.) Ximena. (Por que eu não fiquei sabendo que ela saiu do hospital?
Deveriam ter me avisado, porra!
Preciso tirar meus filhos desse brinquedo, para longe dela e de suas garras assassinas e insanas, mas não consigo me mover.)
Ximena: Que surpresa.
William
Ela caminha para a rede ao redor do pula-pula e enfia os dedos nos buracos da trama para se segurar, um pouco arfante, mas suas palavras são claras como o dia.
Ximena: Prazer em vê-lo, William.
Maitê: Ximena? Está é Zara.
Vcs se conhecem?
Ximena: Ah, de tantas coisas que ele te contou pra ajudá-la a se lembrar, ele esqueceu de mencionar a ex-mulher?
Ah, William, vc tem o péssimo hábito de deixar a sua ex fora da sua lista de prioridades.
Além da sua filha morta.
William
Maitê tem um sobressalto e eu me forço a olhar para ela, que está com as mãos na cabeça e o rosto contorcido de dor.
E então ela grita.
E me dou conta do que está acontecendo.
Ela está se lembrando.
William: Maitê, meu amor (Vou até ela, sustento-a antes que caia de joelhos.)
Maitê: Não!
William
Ela chora.
Maitê: Não, Não, Não!
Faça isso parar!
Eu não quero saber!
William
Eu sei do que ela é capaz.
Sei do ódio que ela alimenta por mim.
Gritando, eu deixo Maitê para enfrentar a minha inimiga.
O sorriso da Ximena é mais amplo.
Mais cruel.
Mais feio.
As crianças olham para a mãe, atônitas e perplexas com a crise dela.
Abrindo os braços, engulo o medo e forço uma expressão determinada e forte.
Eles precisam me ver forte.
William: Crianças, venham com o papai.
Ximena: Eles estão felizes aqui com a titia Ximena, não é crianças?
William
Ela beija a cabeça de cada um, com os olhos fixos em mim.
Ximena: Adoráveis, William. Adoráveis mesmo.
E agora você tem outro a caminho!
Que excitante!
Mais um para completar a família perfeita.
Já se perguntou como a nossa Rosie seria se tivesse chegado a essa idade?
Se vc não a tivesse matado?
William
A dor que me invade é excruciante.
Faz-me querer vomitar, meu estômago se contorce terrivelmente.
As crianças ficam em silêncio, imóveis, mas o espanto no rosto delas é inegável.
Eu só preciso tirá-las de perto dela.
William: Ximena, você não quer machucar os meus filhos.
Você não é má.
Pense no que está fazendo.
Ximena: É claro que não quero machucá-los.
William: Então, me leve, pra onde quer que você queira ir.
Vamos conversar.
Vejamos se damos um jeito nisso.
Ximena: Pode trazer Rosie de volta?
William: Ninguém pode trazer Rosie de volta, Ximena.
Leve-me.
É a mim que você quer machucar.
Eles não merecem sofrer pelos meus erros. (Dolorosamente, chego à conclusão de que meus filhos vão sofrer de qualquer maneira.
Não há como escapar.
Ou essa lunática vai machucá-los e eu vou até o fim do mundo para impedir que isso aconteça ou ela vai me machucar, o que também vai fazê-los sofrer.
Não há vitória para mim aqui.
Mas é o menor de dois males.
Estou entre a cruz e a espada.
Maitê: Não, William.
Ela já tentou te matar duas vezes.
Ximena: Será que na terceira eu dou sorte?
Maitê: Você jamais terá essa oportunidade outra vez.
Eu não vou passar por esse inferno de novo.
Não vou deixá-la machucar você de novo.
Você vai ter que me matar primeiro.
Ximena: Oh, que lindo.
Mas vocês esqueceram que eu tenho algo que ambos prezam bem aqui.
Não se precipite, Maitê.
Parece que seu marido quer vir comigo.
William
Libertando as crianças, ela pega uma bolsa abandonada na borda do pula-pula e mete a mão dentro dela.
Vejo um lampejo da coronha de uma arma e respiro tão fundo que preciso dar um passo atrás.
William: Eu vou com você.
Maitê: Não!
William
Maitê está em pânico, tão arrebatada com tudo o que está acontecendo que não está pensando direito.
Ela cala a boca e volta toda sua atenção para Gabriel e Luna.
E então cai em si.
Sua obrigação.
Posso ver a leoa dentro dela vir à superfície, acompanhada de um ódio renovador pela mulher que agora desce os degraus do pula-pula, com uma arma apontada diretamente para o meu peito.
Gabriel: Pai?
William: Está tudo bem, amigão.
Vai ficar tudo bem, prometo. (Eu não faço promessas que não posso cumprir e agora estou ignorando a voz dentro de mim, que está me dizendo que acabei de quebrar uma regra.
Ximena chega ao pé da escada e olha para mim, enquanto calça sapatos de salto que eu reconheço.
São da Maitê.
Os cabelos, o vestido, os sapatos.
Foi tudo planejado.
Eu sou o encontro dela.)
Ximena: Você pode dirigir
William
Ela enfia a mão no meu bolso.
Todos os meus músculos congelam enquanto ela mexe lá dentro.
Emito um ruído de nojo quando ela roça o meu membro flácido.
Ximena: Vamos resolver esse problema, tenho certeza.
Maitê: Tira as mãos dele!
Ximena: Cala a boca, queridinha.
Vamos.
William
Pego o chaveiro com a mão insegura, o olhar indo direto para Maitê.
Ela alcançou as crianças e eles estão juntos no meio do pula-pula, os rostos enterrados no peito da mãe, que os escondes dessa cena de horror.
William: Eu dirijo. (Pronuncio as palavras da maneira mais claras que consigo, espero que Maitê entenda a mensagem que estou tentando lhe passar.) No meu carro.
Ximena: Sim, no seu carro.
William
Sou forçado a me virar antes de ter a certeza de ver se Maitê compreendeu.
Temo que ela esteja perdida demais em suas novas lembranças para se dar conta do que eu quis dizer.
Continua...

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Submissa
FanfictionEle a quer e esta determinado a te-la. Maitê sabe que está prestes a entrar em um relacionamento intenso e conturbado, mas o que fazer se ele não a deixa ir? ⚠️ Plágio é crime ⚠️ Essa história é de minha autoria.