Capítulo 28

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                     10 anos depois
William
Quando acordei como sempre faço amor com a minha linda esposa ela é meu mundo eu vivo por eles sem eles meu mundo não é nada, afasto esse pensamento só de pensar em não ter eles comigo sinto uma dor inexplicável, vou pro hotel junto da Maitê ela trabalha comigo é claro que não ia deixar ela trabalhar longe de mim, ela saiu foi buscar as crianças na escola. Pego meu celular para ligar para ela, mas uma chamada entra antes que eu disque. Fico preocupado ao ver o número da escola das crianças atendo imediatamente.
William: Alô
Xxx: Sr.Levy, aqui é a Sra. Chilton, professora de Luna e Gabriel.
William
Meu coração dispara automaticamente, o que sempre acontece quando recebo uma ligação inesperada da escola. Eu sempre penso no pior, um dos dois se machucou ou não está passando bem.
William: Está tudo bem com as crianças?
Sra. Chilton: Sim, sim, eles estão bem.
William
Meus pulmões se esvaziam em sinal de alívio, a cabeça pendendo para trás, repousando no encosto da cadeira.
William: Então por que a ligação?
Sra. Chilton: Estou certa de que não há por que se preocupar
William
Obviamente me deixando mais preocupado. Todo tipo de coisa passa pela minha cabeça.
Sra. Chilton: Sabe, a sua esposa não veio buscar as crianças na escola. Estamos tentando ligar para o celular da sra.Levy, mas a chamada vai direto para caixa postal. Nós deixamos um recado.
William: Ela nunca se atrasa pra pegar as crianças. (Olho para o relógio e vejo que são quinze para as quatro. Faz pelo menos meia hora que as aulas terminaram.
Sra. Chilton: Eu sei, Sr.Levy. Como eu disse, certamente ela está presa no trânsito e o telefone dela ficou sem bateria.
William: Eu estou indo. (Desligo e saio correndo do escritório, sento no meu carro e, ligo para ela como eu temia, a ligação cai direto na caixa postal. Dou a partida e deixo o estacionamento, certo ou errado, avanço um sinal vermelho. É uma viagem de meia hora até a escola, vinte minutos se eu ultrapassar o limite de velocidade. Tento o celular da may outra vez, mas cai na caixa postal de novo e minha preocupação aumenta a cada minuto sem conseguir falar com ela.
William: Onde você está, minha linda?
Pego a estrada que leva á escola, onde posso acelerar, já que o trânsito está mais livre. Tento usar o aplicativo que rastreia todos os nossos carros mas a porcaria não carrega.
William: Porra! (ligo para Maitê mais uma vez, exigindo mentalmente que ela atenda) Vamos, vamos!
Xxx: Alô
William
Alívio, alívio para caralho. Só que o alívio por obter uma resposta morre no segundo em que meu cérebro registra que quem que tenha atendido não é Maitê.
William: Quem está falando?
Xxx: Quem está falando?
William: Eu sou o marido da mulher cujo o telefone vc atendeu
Xxx: Desculpe, Sr. Levy, é isso? A sua esposa é Maitê Levy?
William: Como sabe o nome da minha esposa? (Ela esta com o celular dela, não a biografia.)
Xxx: A carteira de motorista.
William: Ela perdeu a bolsa. (Dou um suspiro e mais alívio toma conta de mim, mas mesmo assim meu pé não deixa de pisar fundo no acelerador.
Xxx: Temo que não, senhor. Eu sou a oficial Barnes.
William
Ela faz uma pausa de alguns longos segundos, dando-me um momento para processar a informação.
Oficial Barnes: Sr.Levy
William
A voz dela se torna perceptivelmente mais doce. O medo me invade. Meu coração bate mais depressa.
Oficial Barnes: Estou na estrada, diante de um acidente de trânsito, e acredito que sua esposa esteja entre os feridos.
William: O que?
Oficial Barnes: Senhor
William
Suas palavras se fundem e se transforma em nada quando olho para estrada á minha frente. Um acidente. Feridos. Minha esposa. Imagino luzes piscando, brilhantes e medonhas, fazendo balançar a cabeça e fechar os olhos para que sumam. Elas não se vão, no entanto, e eu levo um tempo para descobrir o porquê. Elas não estão na minha mente. Estão bem próximas.
Tudo é um borrão. Ruidos, movimentos. Meu coração.
Ouço as sirenes.
Ouço o ruido dos pneus do meu carro parando.
Ouço a porta batendo atrás de mim, depois de eu praticamente me ejetar do assento.
Ouço meus pés correndo pelo asfalto, na direção da carnificina à frente, vendo o Mini Cooper da Maitê destroçado apontado para o sentido oposto da via.
William: Meu Deus!
William
Todas as janelas estilhacadas, os dois pneus dianteiros faltando, arrancados do corpo do carro. Marcas de freada ziguezagueando pelo asfalto, antes de pararem abruptamente.
O mundo começa a girar e minha respiração fraqueja. Uma multidão bloqueia minha passagem e eu luto para passar, empurrando as pessoas para os lados, tentando chegar ao centro daquela loucura.
William: Por favor, não... (Um soluço débil irrompe do meu corpo quando vejo a maca, e minhas pernas falham, deixando-me de joelhos.)
William: Não! (Alças prendem o corpo dela, uma máscara de oxigênio cobre seu rosto. Há sangue por toda parte. Ela parece aniquilada, tão frágil e ferida. Meu coração se despedaça no peito.
William: Meu Deus, não... (Quanto mais perto chego, mais ferimentos noto.
Xxx: Senhor, saia de perto!
William
Grita um paramédico, levando a maca de Maitê para uma ambulância.
William: Eu sou o marido dela (digo a ele, passando os olhos por Maitê, tentando compreender a quantidade de sangue que a encharca. A cabeça é o pior, seus cabelos longos ensopados de vermelho.
William: Ela vai ficar bem? (É tudo o que consigo perguntar, por puro instinto, porque não sei se alguém sairia bem após perder tanto sangue. É quando não obtenho resposta de nenhum dos paramédicos que correm para realizar seu trabalho, fica claro que eles concordam comigo. Um nó na minha garganta aumenta à medida que corro ao lado da maca, lágrimas turvando a minha visão. O belo rosto dela esta pálido por baixo do sangue que cobre praticamente cada centímetro da pele dela.
William: Aguente firme, baby, não ouse me deixar.
Oficial Barnes: Sr.Levy?
William
Olho para além da maca e vejo uma policial segurando a bolsa da Maitê.
Oficial Barnes: Oficial Barnes. Acabamos de falar ao telefone.
William
Confirmo com a cabeça, olhando novamente para a ambulância, onde Maitê está sendo ligada a vários tipos de maquinas.
William: Ela não apareceu para pegar as crianças na escola. (Sussuro, desesperado.)
Oficial Barnes: Sr.Levy, venha comigo. Vamos seguir a ambulância.
William: Não, eu vou com a Maitê. (Balanço a cabeça, enxugando as lágrimas rudemente.
Oficial Barnes: Sr.Levy
William
A policial Barnes dá um passo à frente, seu rosto cheio de uma compaixão insuportável. Não vale de nada, porque Maitê vai ficar bem. Inferno, ela vai ficar bem! Desvio os olhos da oficial e vejo mãos urgentes trabalhando em seu corpo sem vida.
Oficial Barnes: Sua esposa está em estado crítico, Sr.Levy. O senhor precisa dar espaço aos paramédicos para que façam seu trabalho. Eu posso leva-lo ao hospital no mesmo tempo.
William
Fecho os olhos, rezando por mínimo de estabilidade em meu mundo despedaçado. Não é hora de fazer escândalo, embora eu esteja desesperado para sair quebrando tudo até que alguém me diga que ela vai ficar bem. Ela tem que ficar bem. Eu não existo sem ela. Só de pensar nisso, um vazio parece se abrir no meu peito, e eu sou forçado a apoiar as mãos nos joelhos para tentar seguir respirando mesmo com as pontadas de dor que me atacam.
Oficial Barnes: Sr.Levy?
William
Engulo em seco e olho para o chão, com o estômago revirado. Tenho vontade de vomitar. Estou bem. Respiro, tentando me concentrar em fazer o ar chegar até os pulmões. Em meu atual estado, no entanto, não sou capaz de me concentrar em nada que não sejam minhas preces.
Oficial Barnes: Por aqui
William
A oficial Barnes pousa a mão no meu braço, tirando-me do meu torpor, mas é o ruido das portas da ambulância se fechando que me acorda para o rebuliço em torno de mim. Caminho a passos determinados para o carro da polícia, virando-me para ver o emaranhado de metal retorcido que é o carro da Maitê.
Oficial Barnes: Vou pedir a um colega que leve seu carro até o hospital. Está com a chaves?
William: Ficaram dentro do carro.
Oficial Barnes: E o senhor mencionou seus filhos, Sr.Levy. Quer que eu peça que alguém vá busca-los? (Abro a porta do passageiro e ele desaba no banco.)
William: Os gêmeos. Eu disse que estava a caminho.  Eles devem esta se perguntando onde eu estou (caço meu celular nos bolsos. A amiga da Maitê. Vou ligar para amiga da Maitê.
Ligo para Ana num rompante, mas quando ela atende, estou completamente despreparado sobre o que dizer e minha garganta trava, deixando Ana repetindo meu nome sem parar. O que eu digo? Por onde começo?
Ana: William, vc está ai? Alô William?
A oficial Barnes entra no carro e olha para mim, vendo-me estático, com o telefone pendurado na mão.
Eu tusso, limpo a garganta, mas não importa o quanto eu tente falar, nada sai. Não consigo falar. As palavras não vêm. Não consigo contar a Ana que sua amiga está à beira da morte. O sangue. Tanto sangue.
William: É Maitê... (As palavras fogem, meus olhos marejam novamente.) Eu...
William
A policial toma o celular e liga o tom empático e profissional, explicando calmamente a Ana, sem muitos detalhes, que Maitê esteve envolvida em um acidente de carro e que alguém precisa pegar as crianças na escola. Ouço o sobressalto de Ana. Ouço-a concorda sem pestanejar e sem insistir em detalhes a respeito da condição da Maitê. Ela sabe.
William: Peça pra ela ligar para os pais da Maitê. E diga pra ela falar para os gêmeos que a mamãe está bem. Ela vai ficar bem. (Após atender meu pedido, a oficial Barnes desliga e dá partida no carro para seguir a ambulância. É a viagem mais longa da minha vida.
No hospital
Eugênio: Ela vai ficar bem.
William: Ela tem que ficar bem, Eugênio, porque se eu não tiver Maitê, estarei morto também.
Eugênio: Pare com isso, imbecil. Você precisa ser forte. Pelas crianças e pela maitê. Está me ouvindo?
William
Antes que eu possa responder, as portas do centro cirúrgico se abrem e eu me levanto da cadeira em um segundo.
William: Doutor. (Meu coração bate mais depressa e meu estômago está em frangalhos.
Xxx: Sr.Levy, eu sou o dr.Peters, por  favor, sente-se
William: Não (Prendo a respiração, pedindo a Deus que não precise mesmo me sentar. Que o que ele tem a dizer não destrua o meu mundo, deixando-me destruído também.
Dr.Peters: Sr.Levy, Maitê levou uma pancada muito forte na cabeça, o que causou um grave edema no cérebro.
William
Meus olhos estão fixos no movimento dos lábios do médico, e eu processo suas palavras lenta e claramente, cada uma um golpe na carne.
Dr.Peters: Um corte profundo na perna  rompeu uma artéria importante, também. Entre isso e o ferimento na cabeça, ela perdeu quase oitenta por centro do volume de sangue, por isso vamos trabalhar duro para repô-lo em uma série de transfusões durante as próximas vinte e quatro horas. Nesse momento, ela encontra estável, mas em estado crítico. Vamos submetê-la a mais uma tomografia computadorizada pela manhã pra saber se houve melhora, mas a extensão dos danos só poderá ser determinada... Quando ela acorda
William
Conclui ele, sem convicção, e eu sei que ele guardou para si o "se". " Se" ela acorda. Meu mundo de sombras acaba de se torna mais sombrio, meu coração apertado em agonia.
Dr.Peters: Os demais ferimentos são superficiais. Algumas lesões aqui e alí, e os raios X confirmaram que não a ossos quebrados. Parece que a cabeça sofreu o pior golpe.
William
Minha mente se esforça para absorver o fluxo de informações.
William: Damos. O senhor disse "Danos". Quer dizer danos cerebrais?
Dr.Peters: Não posso descarta essa possibilidade, sr.Levy. Maitê esta sendo levada para a UTI.
William
Assim que ele termina a frase, as portas se abrem e dois homens saem pelo corredor empurrando uma cama de hospital imensa, acompanhados de uma enfermeira. Um soluço seco me força a cobrir a boca.
Eugênio: Ela vai ficar bem
William
Ele diz, mais dessa vez sei que ele não acredita mesmo nisso. Como poderia? Mal posso vê-la sob os tubos, fios e aparelhos, mas o que consigo ver faz meu coração quase parar minha menina bonita está cinzenta, obviamente devido à perda de sangue. Minha esposa forte e determinada está fraca. Tão pequena e frágil. Estou preste a viver meu pior desafio da minha vida. E me sinto à beira da maior perda que já tive que encarar.
Uma pancada forte na cabeça.
Edema cerebral.
Em coma.
Danos cerebral.
Transfusões de sangue.
Crítico.
Cada palavra é uma facada no peito.
Contínua...  

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