Depois de receber o carinho de Nick por um tempo, o médico de sua mãe veio conversar comigo, a pedido de Nick.
O Senhor de meia idade era bem simpático e amigável, prescreveu uma medicação e pediu para permanecer em acompanhamento com a psicóloga que já me atendia.
Nick não me deixa só nem um minuto, ele só saiu para me dar privacidade com o Dr. Raul, mas logo depois voltou e assim permaneceu.
Pela janela do quarto percebi que já havia anoitecido, deitada na cama de Nick observava ele trabalhar em seu computador em uma mesinha que ficava no quarto.
Estava um pouco sonolenta, talvez pela medicação. Então decidi que iria ao meu quarto para dormir. Eu não queria ficar ali, enquanto ele trabalhava e revezava seus olhares entre mim e o notebook.
Vestida com uma calça de pijama e regata, que Nick havia pego no quarto que durmo, me forcei a levantar da cama.
— Onde a mocinha pensa que vai? — perguntou ao se levantar.
— Estou me sentindo sonolenta, vou para o quarto dormir um pouco. — respondi sem olhar em seu rosto, ainda estava envergonhada.
Na verdade, duplamente envergonhada. Primeiro, por ter tentado me matar. Segundo, por ele ter me visto sem roupa, e consequentemente a cicatriz que me enojava e me fazia lembrar daquele mostro.
— Não precisa ir para seu quarto para dormir, pode dormir aqui. — Olhei-o com surpresa — Você dorme na cama e eu no chão, mas antes pedirei que a Antônia traga algo para comermos.
— Não sinto fome.
— Mas tem que comer. Anda, pode deitar novamente. — disse sorrindo de lado.
— Nick, não quero lhe atrapalhar, você está trabalhando. — falei a verdade.
Estava me sentindo uma criança de castigo, porque fez besteira e o pai tinha que acompanha-la de perto para não fazer novamente.
Chegando ao meu lado ele me indicou a cabeceira da cama e eu voltei a me sentar encostada, sentando na lateral da cama ele pediu minha mão e pegou minha mão.
— Sei que deve estar se sentindo envergonhada, mas não fique. É normal, todos nós temos lados que as vezes não gostaríamos de ser mostrados, mas as vezes acabamos deixando vir átona.
— Eu não queria tentar me matar, mas as vezes me deixo vencer pelo medo de ter que sofrer aquilo tudo novamente e quando vejo, já fiz.
— Eu sei, não lhe julgo nem lhe culpo por isso. Eu só preciso que saiba que isso nunca mais vai acontecer novamente, você nunca mais verá este homem, eu lhe prometo. — sorri fraco.
Gostaria de acreditar e ter mais confiança, mas que chances um simples arquiteto teria em relação a mente de um louco, doente.
— Está bem. — ele levantou foi até o telefone, no criado mudo.
Após pedir que Antônia trouxesse o jantar ele voltou até mim.
— Sabe, eu havia planejado uns dias para nós, queria te mostrar uns lugares.
— Lugares, onde?
— Surpresa. — falou sorrindo — Mas tenho certeza que vai gostar. Claro, se você se sentir confortável em estar só comigo.
— Eu confio em você, já disse isso hoje mais cedo.
— Nem me lembre de hoje mais cedo, Senhorita Dutra ultrapassou dos limites ao me tocar. Quando voltarmos da nossa breve viajem irei demiti-la.
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Recomeçar
RomanceÁgata Andrade, 18 anos, é uma linda jovem com marcas profundas e cruéis para sua pouca idade. Nascida numa pequena cidade do interior, filha única de Mário Andrade e de Dona Marina. Um trágico acidente põe fim na vida dos pais da jovem garota, mas...