Recomeçar

Epílogo

04 anos depois.

Eu poderia dizer que a vida foi difícil para mim, em especial os momentos de dor e de perda que sofri, mas eu seria injusta comigo mesma se negasse que tais acontecimentos não me transformaram na mulher que sou hoje.

Se eu pudesse escolher, entre não sofrer oque sofri e perder oque tenho hoje, eu diria que escolheria sofrer tudo novamente.

Olha para minha família, é o retrato perfeito de que Deus existe e que em sua infinita bondade me fez ser mãe de dois seres lindos e perfeitos, eu não posso negar isso.

Também não posso negar o fato de que existem homens e homens, e digo de todo meu coração, para mulheres que sofreram e sofrem com homens que privam sua liberdade, lhe agridem para provar que a vontade dele prevalece, amedrontam, ferem...Isso não é amor, isso é posse.

O amor é livre, o amor te trás segurança e conforto. Se você tem marcas profundas, como eu, busque ajuda para que possa se abrir para vida novamente, porque a vida ao lado da pessoa certa é extremante feliz, linda, prazerosa.

Hoje posso dizer que meu marido é o ser mais importante em minha vida, e o que mais contribuiu para minha mudança, ele foi meu porto seguro nos momentos de desespero. Agradeço a ele por toda paciência, compreensão e dedicação em fazer as coisas darem certo, foi fundamental para mim olhar para trás a cada passo e saber que se eu caísse ele estaria lá para me amparar.

Uma lágrima caiu sobre o Ipad. Sorri.

Estamos passando nossa primeira férias em família.

Nick me pediu que escolhesse o destino, claro que eu queria mostrar a ilha para os nossos filhos e minha mãe.

Agora, estou sentada escrevendo parte da minha palestra.

Com o valor que Nick herdou de seu pai biológico, abrimos uma fundação que presta apoio a mulheres vitimas de violência, além de ajuda profissional oferecemos ajuda profissionalizante, afim de dar a elas autonomia para sair de seus relacionamentos. Na fundação tanto as mulheres quanto seus filhos tem todo suporte necessário para se sentirem livres.

Afinal, muitas delas se mantem ao lado de seus agressores por questões financeiras, como diria Jay Vaquer em sua canção pode agradecer: "Pena e medo sempre são boas coleiras".

Olhando o mar, vejo Nick brincando com as crianças de castelinho de areia, um filme se passa em minha mente.

Lembro-me de como o destino foi traçando os acontecimentos até aqui.

Olívia é tão parecida com Nick, mesmo não sendo sua filha, que as vezes eu me pego pensando: Como pode?
Ela tem mania de controle, igual o Nick.

Outro dia seu irmãozinho caiu no jardim, normal, as crianças caem, mas Olívia ficou chateada com ela mesma por não ter conseguido chegar a tempo e evitar o tombo, pior, ela fica com raiva e põe suas mãozinhas no rosto e respira fundo, igual o pai, como se estivesse buscando o equilíbrio.

A conclusão que chego é que ela é filha de Dominick, certeza que isso foi um plano de seu pai, onde quer que ele esteja, ele deu o presente mais iluminado da vida de Dominick, como ele mesmo diz.

Por falar em alegria, como se já não fosse o suficiente ter Olívia, Deus nos presenteou com um garoto, que se chama Oliver, em homenagem ao senhor Oliver, pai de Dominick.
Claro que ele ficou feliz, lembro-me de chegar a empresa na segunda, após o primeiro aninho de Olívia, quando descobrimos o sexo do bebe, e o hall do prédio estava completamente tomado por vida, a vida de Oliver Brown, lá havia toda história de seu império, como ele começou.

Em uma tela passava as imagens de Oliver junto a família, momentos dele nas festas de confraternização da empresa, sempre brincalhão e fazendo piada.
Era tão real aquelas memórias que Nick me disse que poderia sentir o cheiro de seu pai.