Capítulo 27

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O estúdio de tatuagem era uma novidade para mim, na verdade tudo em minha vida estava sendo novidade.

Eu me sentia feliz, eu queria gritar para que todos vissem minha felicidade, nunca imaginei que a sensação que eu sentiria após fazer amor com Nick fosse liberdade.

Então me passou pela cabeça a ideia de fazer uma tatuagem sobre as cicatrizes, não que isso fosse apagar o acontecido, as memorias daquele inferno, mas eu queria tatuar justo naquele dia que fiz amor com Nick, pois era aquela lembrança que eu queria manter sempre que olhasse meu corpo de ali em diante.

A garota de cabelos cor de rosa, que agora sei que se chama Luma, estava acabando de finalizar um desenho.

— Veja, oque acha? — disse ao me mostrar o desenho finalizado.

— É lindo, oque significa? — perguntei com curiosidade ao olhar a imagem de uma flor junto a um emaranhado em traços finos, delicados, que mais pareciam galhos.

— É uma videira, representa a capacidade de viver. Veja, as curvas dos galhos representa a força, o progresso, a resistência. — sorriu com afeto — Ao meio esta a flor de lótus, ela está relacionada, acima de tudo, à vida.

Com delicadeza toquei o desenho, com os olhos transbordando agradeci silenciosamente com um aceno de cabeça, Luma foi de uma sensibilidade sem tamanho.

Nick estava mais afastado, sentado no sofá usando o celular, ao ver meus olhos cheios de lágrimas, fez menção de levantar.
— Eu estou bem. — levantei a mão para ele permanecer onde estava — Fique onde esta senhor Torres. — Brinquei, pois queria fazer surpresa sobre o desenho escolhido.
— A senhorita que manda. — elevou as mãos em rendição.

Voltando atenção para mim, Luma sorriu.

— Estão juntos a muito tempo? — perguntou enquanto iniciava a preparação para o seu trabalho.
— Não muito.
— Formam um lindo casal.

Sorri em agradecimento.

Após pouco mais de uma hora o trabalho foi concluído.

— Prontinho! — disse Luma.
— Venha ver. — me indicou um espelho enorme na parede.
— Acabou? — perguntou Nick ao se levantar.
— Sim, mas é surpresa ainda.
— Você quem manda.

Pagamos pelo serviço, na verdade Nick pagou, não me deixou pagar.
Nos despedimos da animada Luma e saímos do estabelecimento, junto com as sacolas de compras que fizemos mais cedo.

A noite já caia e junto a ela o céu nublado.

— Linda, vi na previsão que irá cair uma tempestade, talvez devêssemos dormir na cidade, não quero arriscar de entrar no mar durante a tempestade.
— Claro Nick, tem razão.

Tudo no centro comercial era acessível, caminhamos pela orla e a poucos metros do estúdio de tatuagem chegamos ao hotel da cidade.

Fomos muito bem atendidos, mas logo percebi que a família de Nick era realmente influente naquela região, pois as pessoas lhe cumprimentavam com respeito.

— Amor, você quer um quarto separado? — perguntou-me tentando evitar que nos ouvissem.
— Não, acho que não é mais necessário. — respondi envergonhada.

Após fazer o check-in fomos encaminhados para a melhor suíte do hotel.

No caminho para o quarto um senhor muito simpático nos abordou.

— Dominick?
— Edgar, tudo bem?
— Filho, quanto tempo, que bons ventos o trás aqui?
— Estava mostrando a cidade para minha namorada, mas devido a tempestade que se aproxima decidimos pernoitar por aqui. Ágata, este é Edgar, um grande amigo de meu pai. Edgar, está é Ágata, minha namorada.
— Olá, prazer em conhecê-lo. — cumprimentei de forma educada.
— O prazer é todo meu, minha filha. Seja bem-vinda a nossa cidade, espero que esteja se divertindo.
— Sim, estou muito. Obrigada!
— Então, aproveitando a oportunidade gostaria que se juntasse a mim e minha família, para o jantar no salão do hotel, que tal?
— Não sei se é uma boa ideia, Ágata deve estar cansada. — disse Nick negando o convite.
— Poxa, adoraria por o assunto em dia.
—Tudo bem Nick, não estou tão cansada. — comentei, pois não queria atrapalhar o momento de reencontro deles.
— Maravilha! Aguardo vocês em uma hora, aproveitem a estádia.

O senhor simpático nos deixou e seguimos para o quarto em silêncio.

— Tudo bem? Você está calado.
— Tudo bem! - sorriu sem muito ânimo.
— Tome seu banho com calma, use uma das roupas que compramos, vou até o píer buscar uma muda de roupa na embarcação. — me deu um beijo casto nos lábios e saiu.

Algo estava lhe incomodando, mas eu não sabia oque.

Tentei não pensar sobre, talvez ele esteja cansado, ou preocupado com algo do trabalho.

Tomei meu banho, escolhi uma das roupas que comprei mais cedo e o Nick ainda não havia voltado.

Enquanto secava meu cabelo no banheiro ouvi a porta do quarto abrir, ele já estava tomado banho e trocado de roupas.

— Está pronta? — perguntou.
— Sim! Onde esteve?
— Tomei banho na embarcação, queria lhe dá privacidade.
— Nick, está tudo bem?
— Está meu amor. — me deu um beijo nos lábios — Vamos?

Concordei, apesar de ainda acha-lo estranho.
Saímos do quarto em direção ao salão principal do hotel. O lugar era muito bonito, havia dois amplos salões, um com as mesas, o outro com um bar e uma banda que era responsável por tocar as músicas que animavam o ambiente.

Havia algumas mesas já ocupadas.

Uma moça uniformizada nos atendeu, Nick disse de quem éramos convidados e ela nos levou até a mesa do senhor Edgar.

— Chegaram! — O senhor falou animadamente — Sentem.
— Obrigada!
— Querida, lembra-se do Dominick? — disse o Sr. Edgar chamando a atenção de uma senhora.
— Claro. Como vai meu filho?
— Bem, obrigado.
— E está linda jovem?
— Está é Ágata, minha namorada.
— Prazer! — sorri em comprimento a senhora.
— O prazer é todo meu, minha filha. Sou Mercedes.
— Dominick, vamos tomar uns drinks antes do jantar ser servido. Breve o César se juntará a nós. Oque vão querer?
— Fiquem a vontade, eu não quero nada. Oque vai querer, meu amor? — disse Nick parecendo inquieto.
— Pode ser uma água.
— Ora querida, quem já se viu, vai tomar uma taça de champanhe comigo. — disse dona Mercedes.
— Obrigado, mas Ágata tomará Água. — Nick respondeu de imediato causando certo espanto ao casal de senhores que se entre olharam.

Eu nunca havia experimentado bebidas alcoólicas, talvez ele tenha razão em concorda com meu pedido.

— Filho, não seja estraga prazeres, acho que sua jovem namorada pode se dar a alegria de tomar uma taça de champanhe comigo, não é mesmo querida.— disse a senhora de forma incisiva.
— Tudo bem! — concordei ao tocar mão de Nick.

Era apenas uma taça, não me faria mal.

O senhor Edgar pediu uma garrafa de whisky e outra de champanhe.

Ele ficou a tomar o whisky enquanto conversava com o Nick assuntos sobre empresas, ações e investimentos.

Enquanto eu tomava uma taça do champanhe, que diga-se de passagem é maravilhoso, conversava com a senhora animada e tagarela, ela me falava sobre como é ser casada com um homem de negócios, como seu filho lhe orgulha e que gostaria de ter netos.

Após alguns minutos de conversa agradável, o filho dela chegou para se juntar a nós.

O rapaz branco, de cabelo dourados e olhos esverdeado, chegou a mesa apressadamente.

— Licença, boa noite. Desculpem o atraso. — falou ao cumprimentar todos e beijar sua mãe.
— Filho, lembra do Dominick?
— Claro papai, como esqueceria a primeira surra que levei na rua. — disse o César de forma extrovertida e todos sorriram, menos o Nick. — Sem ressentimento. — estendeu a mão para Nick.
— Claro, afinal você era só um fedelho divulgando fotos da minha irmã trocando de roupas. — disse Nick ao apertar a mão dele.
— Águas passadas. — disse Dona Mercedes querendo por fim a conversa.

Aos poucos o rumo da conversa ia mudando, começará a me sentir acuada com as perguntas e olhares do tal César.

O senhor Edgar voltou a conversa com Nick, incluindo vez ou outra o César sobre no assunto, oque me dava brechas para respirar. 

Já Dona Mercedes me fazia tomar a segunda taça, mas eu já me sentia "alegre" e com o riso fácil, enquanto Nick estava cada minuto a mais com cara de poucos amigo.  

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Indicação de música para este capítulo: Michael Buble - Home

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