Duas semanas depois...
As últimas semanas passaram rápido, estava tão determinada a aprender que nem vi os dias passar, chegava mais cedo que todos, afim de evitar o elevador cheio e ia embora quase sempre depois de todos ou descia de escadas. Na última sexta-feira o marido da Dona Judite teve que realizar um procedimento cirúrgico e hoje, segunda feira, será meu primeiro dia sozinha em minha função.
Me sinto ansiosa, mas estou feliz, acredito que vou conseguir.
Cheguei cedo, como sempre, era pouco mais das 6:20h quando entrei no prédio, o expediente se inicia às 7:00h.
No hall de entrada havia apenas o segurança e o pessoal da manutenção.
— Bom dia senhorita Andrade! — disse o segurança.
— Bom dia!
— Os rapazes já estão finalizando a manutenção dos elevadores, só mais alguns minutos.
— Sem problemas! — falei sentando e olhando o relógio.Espero que não demore.
Se isso demorar ficarei sem tomar café da manhã, pois chego mais cedo e trago meu café.
E se demorar Ágata ? Imaginou, entrar no elevador lotado de pessoas, pior, esperar ele ficar vazio e chegar atrasada lá em cima no seu primeiro dia sozinha. Oque o senhor Torres achará? Droga!
Os pensamentos como sempre eram catastróficos, afim de evitar que algum desses problemas aconteça resolvi ir de escada.
Quando começava a pensar assim eu tendia a agir por impulso, esperar era como um martírio.
Pé a pé eu subi os degraus, pelo menos assim eu me sentia no controle da situação, e com cansaço aos subir os degraus não havia tempo para os pensamentos, assim me sentia no controle.
Quando cheguei ao 7° andar ouvi passos apressados, correndo na verdade, vindo do andar de baixo.Será que o prédio tá pegando fogo?
Não Ágata, senão o alarme haveria tocado.Apressei o passo, mas em poucos segundo o som me alcançou, quando atingi o topo da escada.
— Senhorita Andrade?Xiii... Ferrou Ágata
Era a voz do senhor Torres.
— Bom dia senhor Torres! — falei virando-me para olha-lo.
— Oque faz aqui? — falou olhando para o relógio, enquanto tirava os fones de ouvido.
Ele vestida uma roupa de academia, estava suado.
— Subindo! — falei sem graça enquanto ele subia os degraus eliminado a distância entre nós.
— Isso eu percebi senhorinha, mas porque de escada e porque a essa hora? O expediente ainda não começou!Droga! Eu teria que contar.
— Eu chego mais cedo todos os dias senhor! Prefiro para evitar trânsito, imprevistos e ônibus cheio. E subir de escadas porque o elevador está em manutenção.
— Entendo! Mas a senhorita tem tempo ainda, poderia esperar ao envés vim de escadas, são muitos andares. — ele parecia duvidar das minhas explicações.Será que ele pensa que eu faria algo errado? Melhor esclarecer.
— Poderia senhor! Mas eu preferi me antecipar, ainda não tomei café, eu como na copa e não quis arriscar perder o horário do início do expediente, hoje é meu primeiro dia sem a Dona Judite. Além do mais... — respirei fundo, aquela pressão estava me deixando tonta, não gosto de me sentir pressionada.
— Além do mais? — ele inquerio com olhar cético.
— Não gosto de lugares aglomerados, me sinto pressionada.
Seu olhar mudou ele pareceu perceber meu estado.
— Está sentindo algo? — perguntou me avaliando.
— Não senhor! — menti.
Estava com taquicardia, sensação de sufocamento.
— Venha! — Falou me segurando pelo cotovelo em direção aos elevadores.Droga! Droga, ele me tocou, meu mal estar se intensificou com seu contato, ele estava muito perto.
Puxei meu braço e me afastei.Calma, respira Ágata.
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Recomeçar
RomanceÁgata Andrade, 18 anos, é uma linda jovem com marcas profundas e cruéis para sua pouca idade. Nascida numa pequena cidade do interior, filha única de Mário Andrade e de Dona Marina. Um trágico acidente põe fim na vida dos pais da jovem garota, mas...