Capítulo 46

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Desde de ontem a noite, quando fui pego de surpresa por Ágata, estou entre o céu o o inferno.

O céu, que é ama-la e dividir minha rotina ao seu lado. O inferno, que é todo o resto: O trabalho, a inconveniente presença de Luiza, o desaparecimento do tal Enrico, o Boris que ligou está manhã e disse que iria se afastar do caso, por poucos dias, pois houve um imprevisto em relação aos problemas da "família" e ele necessita resolver de perto, já que o problema envolve a "logística de seus negócios", ou seja, alguém deve está lhe roubando e/ou obtendo vantagens a custa de mentiras, resumidamente, o negócio ficou feio, seja lá pra quem for.

Pior de tudo é que não faço ideia, ainda, de quem está usando o nome da ex secretária e amante de meu pai.

Queria poder falar para Ágata, dividir com ela meus pensamentos, quem sabe ela não vê as coisas por outro ângulo, mas isso poderia lhe deixar pior em relação ao medo e seus bloqueios, ela está indo tão bem.

Não Dominick, não vale apena o risco de prejudica-la só para obter respostas, ponha a cabeça para funcionar, se você é capaz de executar projetos bilionários, você é capaz de montar esse quebra cabeça.

Por falar em projetos bilionários, estou sem conseguir falar com a Poliana e isso está me dando nos nervos, que irresponsabilidade.

Já estamos no fim do expediente, estava a 24 horas sem notícias do andamento dos trabalhados.

Segundo o encarregado pelas máquinas a Poliana suspendeu os trabalhos de hoje e sem maiores justificativas.

Estou com uma dor de cabeça infernal.

Olhei o relógio, faltava 10 minutos para às 18:00h.

Bateram a porta e Ágata entrou.

— Licença.
— Meu amor, sem cerimônias, afinal a futura senhora Torres não precisa pedir permissão. — falei pondo as mãos nas têmporas e ela sorriu fraco.
— Futura. No momento, sou sua secretária, falou olhando o relógio. Tome! — estendeu a bandeja com um copo de água e um comprimido.
— De todas suas qualidades eu desconhecia está, de advinha, poderia me aproveitar dela e saber onde diabos está a senhorita Dutra. — falei pegando o comprimido e tomando com a água em seguida.
— Bom, infelizmente, meus dons só funcionam com você, querido. Mas em relação a senhorita Dutra, fui ao almoxarifado pegar uns materiais e encontrei com Amanda, do RH, se você quiser saber sobre algo ou alguém dentro dessa empresa, fale com ela. — olhei-a cético — Enfim, soube que a Poliana se relaciona intimamente com o chefe da segurança, o Clóvis, então se há alguém que pode saber notícias dela, esse alguém pode ser ele.
— Meu amor, você participa de fofocas? — perguntei achando graça.
— Claro que não! Eu só gosto de me manter informada, é sempre bom ouvir e saber oque falam a seu respeito, não acha?
— Acho, mas no meu caso eu já sei oque falam, mesmo sem ouvi-los. É nítido em seus rostos.
— É? Então me diga: Oque falam sobre nós?
— Coisas terríveis, provavelmente, falam que deve ser difícil para você me aturar e que só o faz por interesse. Que sou chato, rígido, crítico, emocionalmente desconectado, arrogante, frio, indiferente, perfeccionista...Xiii a lista é grande, meu amor.
— E isso não te incomoda? — perguntou cruzando os braços.
—Não! — levantei e caminhei ao seu encontro — Você acha que eles estão certo? Eu realmente sou assim, com você? — perguntei colocando as mãos envolta de seus braços.
— Não!
— Você concorda que nossa relação é por interesse? — perguntei alisando sua pele.
— Claro que não! — respondeu ofendida.
— Como não, Ágata? Nossa relação é por interesse, sim — ela abriu a boca em choque e surpresa tentando afastar-se, mas segurei-a no lugar — Claro que nossa relação é de interesse, pelo menos é de meu interesse lhe fazer a mulher mais feliz e amada desse mundo. — sorri.
— Aí que besta! — deu um tapa em meu ombro.
— Aí! — reclamei sorrindo — Espero que você tenha bastante interesse em mim, senhorita Andrade.
— Bobo! Me deixou nervosa. — falou envolvendo meu pescoço.
— Desculpa! — dei um beijo nos seus lábios — Oque quero dizer é que pouco me importa oque acham ou falam de mim, de nós, pois a realidade é outra e não devemos viver querendo provar as pessoas oque somos, ou não somos, pois os de verdade, os que interessam já sabem de tudo.
— Tem razão! — ela disse ao me abraçar — Obrigada, por sempre me passar confiança.

— Vamos? — perguntei após um longo abraço — Hoje tudo que preciso para relaxar é estar em sua companhia.
— Adoraria, mas o encontro com o grupo da faculdade, que seria amanhã, foi antecipado para hoje, avisaram a meia hora atrás. Parece que não haverá aula hoje, alguns professores estão em um seminário, então eles resolverem adiantar o trabalho para hoje a noite.
— Onde vocês vão se encontrar? — perguntei, poderia ser uma simples mania de controle, mas desta vez era algo mais forte, eu queria lhe impedir de ir.
— A Clara ficou de enviar mensagem, vão vê se o restante dos garotos conseguem chegar até a biblioteca pública, parece ser mais calmo a noite, para estudos e pesquisas.
— Entendo. Porque você não oferece a seus colegas de fazer o trabalho lá em casa? A biblioteca tem espaço e além do desktop, vocês podem usar o meu MacBook e também o seu iPad que você normalmente usa para o trabalho. Podemos pedir para Antônia providenciar um jantar, rápido, fácil, para que vocês não percam muito tempo.
— Parece boa ideia, mas não vamos incomodar.
— Meu amor, a casa é sua, você é minha noiva. Por falar em noiva, estou lhe devendo um anel, vamos providenciar isso amanhã. Ok?
— Está bem! — disse envergonhada.
— Ande, ligue para seus colegas que vou ligar para Antônia, lhe espero lá embaixo, não precisa se apressar.

Saímos da sala, Ágata ficou na recepção, fazendo as ligações e organizando suas coisas.

Desci e fui direto para a sala da segurança, atrás do tal Clóvis, mas ele não estava, oque me deixou ainda mais em alerta.

No hall estava o segurança de Ágata.

— Senhor, poderia falar um minuto?— perguntou Túlio.
— Sim, diga.
— Está manhã quando saímos fiquei um pouco mais atrás, como de costume, reparei um carro branco de vidros escuros, de marca popular, atrás de nós. Durante todo o dia fique a observar o movimento, reparei que o tal carro passou duas vezes de frente ao prédio, verifiquei as placas, são frias. Então liguei para a empresa e pedi reforço, enviei um segurança no carro do senhor e pedi que fizesse o mesmo caminho que o de sua residência, e como imaginei, foram seguidos.
Não abordaram o carro, ficaram a uma distância segura, mas logo atrás enviei reforço, os meus colegas foram rápidos, chegaram de moto e tentaram interceptar o veículo dos suspeitos, mas eles perceberam e conseguiram fugir, nesse momento estamos a procura de seus rastros.
— Merda! Filho da puta! Eu sabia, eu sentia que algo estava acontecendo. Túlio, obrigado por seu trabalho, reforce a segurança, não confie em ninguém nesta empresa, até que se prove o contrário todos são cúmplices.
— Sim, senhor. Mudei a cor do veículo, o Ryan já está no subsolo com outro veículo.

O elevador panorâmico surgiu.

— Nenhuma palavra sobre esse assunto com Ágata.
—Sim, senhor.
— Outra coisa, uns colegas dela talvez compareça para o jantar, pente fino neles, entendeu? — falei mais baixo.
— Perfeitamente.
— Pronto! —disse Ágata ao se aproximar — consegui falar, todos confirmaram.
— Ótimo!

Seguimos rumo ao subsolo.

— Ué cadê o carro? —disse Ágata.

Ryan, saiu de dentro de uma SUV grafite e abriu a porta.

— Boa noite, Ryan, cadê o outro carro? — perguntou Ágata.
— Esta na manutenção, senhorita.

Agradeci silenciosamente com um meneio de cabeça pela descrição de sempre.

Assim que entrei no veículo, Ryan me estendeu a maleta, olhando-me pelo retrovisor.

Era uma de minhas armas, desde que comecei o relacionamento com Ágata eu evito transporta-la junto a mim, pois dado aos traumas sofridos por Ágata, talvez ela tivesse medo ao vê-la.

Ela olhou para mim e para mala, mas não perguntou oque era.

— Está tudo bem? — foi a única pergunta que ela fez.
— Sim, é uma de minhas armas, pedi ao Ryan que pegasse para mim, pois havia levado para fazer manutenção. — menti.
— Você tem uma arma?
— Uma, não. Algumas, meu amor. Não se preocupe, não precisa ter medo. Não quero que assimile, a arma, algo ruim, a mim. Pense, que ela serve apenas para nossa segurança, está bem.

Ela concordou com um aceno de cabeça.

Seguimos todo o percurso, em estado de alerta, tensos.

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