Capítulo 16

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Deixei Ágata sozinha como ela havia me pedindo, mesmo contra minha vontade.

Eu precisava tomar uma atitude, eu não poderia ver a única mulher que deu sentido a minha vida se afundar em sua dor. Esse verme está indo longe demais, usando da fragilidade de Ágata para fazer seu joguinho psicológico, mas isso teria um fim.

Eu precisava tirar Ágata daqui, uns dias longe, talvez fizesse ela respirar um mundo, viver por algum momento sua juventude que havia sido roubada.

Liguei para Avó de Olívia, perguntei se ela não gostaria de passar uns dias aqui em casa, ficar mais com Olívia, enquanto eu precisaria me ausentar.
A senhora aceitou de imediato, ela era uma boa mulher e amava a neta, amava tanto que nunca quis lutar por sua guarda, dizia que estava velha e na lei natural das coisas a tendência era falecer primeiro que eu, com isso a Olívia sofreria e ficaria "só", diferente do seu ex marido, oportunista.

Pedi ao Ryan que fosse busca-la. Avisei a Carmem, enquanto acariciava a pequena dormindo em seu berço.

Segui para o escritório, eu precisava organizar umas coisas, precisava falar com um velho amigo do passado.

O antigo Dominick deveria ressuscitar, mas agora por uma boa causa, salvar Ágata.

Peguei meu telefone fazendo uma ligação, após o terceiro toque ele atendeu.

— Alô!
— Sou eu, Dominick!
— Dom Mashina?
— Sim! Nick. Agora é só Nick.
— Nick? Fala sério, nome de cachorro de madame, — sorriu com deboche — mas fala, para procurar a família deve ser sério.
— Boris, não estou procurando a família, estou procurando um irmão, você. Espero que essa nossa conversa não se estenda aos assuntos da família.
— Está bem, como preferir, irmão.

Conheci Boris num momento conturbado da minha vida, eu acabara de voltar a minha cidade natal, Cambridge, e na minha primeira noite acabei me envolvendo em uma briga.

Dado meu histórico com bebidas e uso de drogas, que começou muito cedo, aos 15 anos. O fato é que durante a briga o outro cara saiu na pior, oque eu não esperava era que o tal cara fazia parte de uma organização criminosa, pra ser mais exato, a máfia.

Fui pego. Os boatos de como um garoto como eu, na época com 17 anos beirando os 18, recém chegando vindo do Brasil para o curso de arquitetura, havia matado um homem de 25 anos, treinado para matar, apenas com golpes e técnicas de luta, era um mito.

Então, pondo a prova de que era verdade fui instruído a lutar em uma arena clandestina da organização. O que a luta valia? Minha vida. Se eu perdesse, significaria que eu estava morto, se eu ganhasse eu não sabia oque fariam, mas descobri logo depois.

Contei ao Boris a situação de Ágata, claro que ele disse que eu não precisava de sua ajuda, e que eu poderia achar o filho da puta e mata-lo com mais facilidade do que amarrar os sapatos.

Isso é bem verdade, mas eu não gostaria de abrir as portas do inferno novamente, após a morte de meu pai eu tomei a decisão de nunca mais abri-las.

No fim, Boris aceitou, claro que aceitaria, ele me deve muito.

Em dois dias ele estará aqui, pronto para começar a caçada.

Não me estendo muito na conversa com Boris, quando ele chegar lhe ponho a par dos detalhes que o detetive descobriu.

Meu instinto me alertava, que não deveria deixar Ágata só por muito tempo.

Caminhando a passos largos sai do escritório, cruzando a sala e subindo em direção ao seu quarto, bati na porta e não obtive resposta, forcei a maçaneta e estava aberta, ao entrar constatei que Ágata não estava em lugar algum.

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