Três semanas depois
Os dias tem passado com certa lentidão, em minha mente tudo é apenas um borrão.
Estou indo as sessões de terapia, também tenho feito acompanhamento com dois médicos especializados em casos como o meu.
No dia que voltamos para casa do Dominick, fui apresentada novamente para os funcionários da casa, e a Olívia.
Ela é uma linda garotinha, risonha.
Dominick tem se desdobrado, sempre paciente, ele tenta reviver junto a mim situações que já passamos juntos, afim de fazer-me lembrar, mas até o momento eu só ando tendo uns sonhos estranhos.
Ontem mesmo sonhei que caminhava junto ao Dominick em uma praia, era noite, o céu estava lindo, estrelado... A sensação sentida ao acordar do sonho era tão família, quase poderia toca-la, tamanha era a realidade que a sensação me transmitia.
Senti um frio na barriga ao me lembrar do sonho, deitados na areia da praia, como dois namorados apaixonados.
Não cheguei a comentar com ele sobre esses sonhos tão vividos, tenho receio de não ser lembranças e frustra-lo, pois ele me parece estressado, diria até que preocupado com algo.
Estou dormindo em um quarto separado do Dominick, mas próximo ao seu quarto.
As vezes, durante a noite, quando perco o sono e desço para pegar água, vejo que as luzes do escritório acesas, quase todas as noites. Nunca fui até lá, mas acho que o Dominick deva estar trabalhando, pois está ausente de suas funções na obra da Argentina.
As aulas da universidade começaram, mas para minha infelicidade não estou satisfeita, ou me adaptando.
Não sei dizer se é a rotina puxada, ou a cabeça ocupada tentando lembrar de uma parte de minha vida, talvez seja o agravante de ter um segurança andando comigo 24horas por dia.
As vezes eu queria sumir, fechar os olhos e voltar no tempo em que vivia com meus pais, mas me lembro que se isso acontecer eu não viria mais o Dominick e a Olívia.
É estranho, não sinto-me próxima a ele, é como se fossemos estranhos recém conhecido, mas ao mesmo tempo é como se só de nos olhar soubéssemos oque o outro pensa. Nossos contatos visuais são sempre assim, rodeados de muitas palavras não ditas.
Talvez ele tenha razão quando diz que éramos amigos, pois isso parece permanecer a mesma coisa, mesmo não lembrando. As vezes, acho que ele deve estar escondendo algo de mim, mas não sei oque poderia ser, pois quando o assunto é a busca por Enrico ele desconversa, diz que não há com oque preocupar-me.
Ele é um ótimo ser humano, apesar de tentar esconder isso na maior parte do seu tempo, mas no fundo eu vejo.
Hoje é sábado, mas quando acordei ele já não estava em casa.
— Bom dia, senhorita! Posso servir seu café? — perguntou Antônia.
— Não precisa, pode continuar suas atividades, eu mesma me sirvo.Ela sorriu amável.
— Antônia, onde esta Dominick e Olívia? — perguntei ao me sentar na banqueta de frente ao balcão.
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Recomeçar
RomanceÁgata Andrade, 18 anos, é uma linda jovem com marcas profundas e cruéis para sua pouca idade. Nascida numa pequena cidade do interior, filha única de Mário Andrade e de Dona Marina. Um trágico acidente põe fim na vida dos pais da jovem garota, mas...