Capítulo 16 - Resposta inesperada

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- E então Itachi... quer casar comigo? – o ruivo voltou a perguntar, após não receber resposta alguma, na verdade não estava tão feliz assim com esse pedido, que havia sido forçado por seus pais a realizar, sentia-se encurralado e nervoso, todavia todos esses sentimentos foram substituídos pela mais genuína surpresa ao ouvir a resposta do menor.

- Não. – e após dizer isso, Itachi simplesmente subiu as escadas.


(...)


Kurama estava paralisado, ainda chocado pela resposta negativa do namorado. Era certo que não queria casar-se, que havia feito o pedido forçado pelos pais e sogro, no entanto aquela negativa de alguma forma havia mexido com algo em seu interior, seria por um acaso... orgulho ferido?


- Eu vou falar com ele. – Fugaku anunciou, antes de percorrer o mesmo caminho anteriormente realizado por seu primogênito, deixando toda a família de seus melhores amigos para atrás, ainda boquiabertos. Percorreu os corredores e andou até a última porta ao lado direito, justamente ao lado de seu quarto, suspirando profundamente, antes de dar leves batidas à porta – Itachi, posso entrar?

- Ah, oi otou-san, claro. – o rapaz respondeu em um tom baixo, mas alto o suficiente para que o mais velho ouvisse, este que girou a maçaneta angustiado antes de entrar ao quarto e encontrar seu menino sentado, com as costas escoradas no encosto da cama, segurando as próprias pernas.

- Qual o problema? – perguntou, logo de sentar-se à cama, ao lado do filho, Itachi apenas desviou o olhar, o que o fez substituir sua pergunta por outra mais adequada – Por que não aceitou o pedido?

- Otou-san, não quero falar disso. – o moreno de fios longos escorou o queixo em suas pernas dobradas, sentia-se deprimido, por isso quase chorou ao sentir as mãos grandes de seu pai afagarem seus cabelos.

- Qual o problema? Pensei que gostasse dele. – o patriarca falou de forma suave, ainda afagando os fios negros sedosos.

- E eu gosto. Eu amo o Kurama, mas... o senhor viu a cara dele quando contou da gravidez?

- Estava assustado, surpreso. – o menor negou com a cabeça.

- Não, estava desesperado, decepcionado, apavorado. Otou-san, Kurama não quer casar comigo, não quer o meu filho. – sentia seus olhos arderem e uma angústia crescente envolver seu peito.

- Isso não é verdade, ele...

- Ele odiou, e eu não vou me casar com alguém que não quer, também tenho meu orgulho. – o rapaz falou, as lágrimas escorrendo por seu rosto, enquanto um sorriso triste se formava em seus lábios – O senhor teve um casamento perfeito, eu via como o senhor e okaa-san se amavam e vejo como ainda a ama, eu... sempre sonhei com um relacionamento assim, mas... Kurama não me ama tanto assim, na verdade eu nem sei se ele realmente me ama ou se...

- Se? – perguntou, em um incentivo de fazê-lo prosseguir.

- Se é só atração, costume. – o mais velho suspirou profundamente, voltando a afagar os cabelos longos do menor.

- Não importa o que decida, vou estar ao seu lado. – deixou os fios negros e levou as duas mãos às bochechas do mais novo, fazendo-o erguer a cabeça, a fim de receber um singelo beijo em sua testa – Mas antes de qualquer coisa... fale com ele.


(...)


Kurama agitava as pernas nervosamente, sentado no sofá, com os braços sobre as pernas, aguardando que seu sogro retornasse, queria ir lá, falar com Itachi, entender o que estava acontecendo, o motivo de sua recusa, sentia-se mal, sentia-se pequeno, com o orgulho ferido. Viu Fugaku descendo as escadas e instantaneamente ergueu-se, antes de ouvir as palavras de seu sogro.


- Ele está te esperando.


(...)


Encontrou Itachi exatamente na mesma posição que Fugaku havia o visto, ainda abraçado às suas pernas dobradas, as lágrimas de seu rosto já haviam sido limpas, seu rosto agora era sereno, mesmo que internamente estivesse em uma batalha interna. O ruivo aproximou-se e sentou ao lado do Uchiha, seus olhos voltados para o chão, sem encarar ao mais novo.


- Por que não aceitou meu pedido? – perguntou ainda sem encará-lo.

- Porque... Kurama, você não quer se casar comigo.

- Eu quero. – levantou seu rosto para encarar um sorriso triste enfeitando a face tão linda.

- Não, não quer, e também não quer essa criança. Eu vi isso nos seus olhos.

- Itachi, entenda, eu sou muito novo.

- Eu também.

- Eu não esperava.

- Nem eu, mas eu o quero.

- Eu não disse que não o quero. Eu... – levou as mãos aos cabelos vermelhos e os bagunçou, sentindo sua cabeça doer – Eu não sei o que fazer, não sei o que pensar. Itachi, eu sei que eu não sou a melhor pessoa, sei que sou um idiota, ciumento, possessivo, egoísta e imaturo, mas... eu te amo, acho que podemos tentar, eu... – o moreno sorriu, ainda que não estivesse totalmente seguro.

- Não Kurama, não podemos tentar, você nem mesmo sabe o que quer e eu agora não posso agir levado pelo impulso, tenho que pensar primeiro no meu filho e... não quero que ele cresça em um lar infeliz. Eu agora não posso ter reticências, eu preciso de certezas, e se você não tem certeza do que sente de verdade, então... acho que é melhor darmos um tempo. – os olhos azuis arregalaram-se.

- Você... está terminando comigo?

- Não, eu estou te dando um tempo, um tempo pra refletir e decidir o que quer de verdade.

- Eu quero você. – suspirou – Certo, você tem razão, eu estou com medo, não queria ser pai assim tão jovem e sim, meus pais me mandaram te pedir em casamento, eu confesso, mas... – pegou nas mãos do menor – eu realmente te amo. Sei que já fiz muita besteira e não posso garantir que não vá fazer outra vez, porque eu sou um idiota, impulsivo, mas Itachi... eu quero uma chance, uma chance de mostrar que eu posso mudar, ser mais responsável. – o mais novo sorriu e tocou suavemente no rosto do ruivo, percorrendo delicadamente os traços da face com as pontas dos dedos.

- Então prove e depois... veremos o que acontece. – o Namikaze suspirou, pelo menos era um começo, ainda assim sabia que não seria tão fácil, mas por seu amor conseguiria, a partir de agora seria um novo Kurama. 

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