Marine

Marine VS The Fury

[Ellie]

Não tinha reação para responder.

- Estás a ouvir-me??

- ..John... - as lágrimas começam a escorrer-me pela cara.

- Porque é que as tuas coisas não então em casa? - ele dizia em tom feroz.

- John...tu tens de ir para a clínica!

- Então tu também achas que estou maluco, é isso? - dá um riso irónico. - Vem para casa!

- Não!

Ouço-o bufar no outro lado da linha.

- Ouve Ellie, eu não te vou pedir mais vez nenhuma!

Desligo a chamada. Corro para a casa de banho e vomito tudo o que tinha no estômago. Começo a chorar compulsivamente. O que estava a acontecer?!

Molho a cara. Respiro fundo e volto para a receção. Mas o meu sossego não demorou nem quinze minutos.

A porta é aberta com toda a ferocidade e de lá aparece um John que eu não reconhecia. 

- Vai-te embora John! - grito a chorar.

- Vens já comigo para casa! - ele grita ferozmente.

- Deixe a menina! - diz dona Mary com as mãos no peito e a chorar.

- Vais comigo, agora! - agarra no meu braço ignorando totalmente a dona Mary.

- Deixa-me, estás me a magoar! - luto contra ele a chorar.

- Ouve Ellie, estás a tirar-me a paciência! - grita e eu toda estremeço.

- John, esquece-me durante uns dias. Por favor! - imploro.

Ele mete as mãos na cabeça frustrado e sem estar à espera, ele dá um murro na bancada da receção.

Afasto-me dele com medo. Eu não estava a conhecer a pessoa pela qual me apaixonei.

- Anda já à minha frente! - ele diz ferozmente vindo na minha direção.

- ... não... - eu estou sem forças.

- JÁ! - grita e volta a agarrar no meu braço, mas desta vez com uma força brutal.

Sinto uma enorme dor na barriga. Contorço-me. Olho para baixo e vejo sangue a escorrer-me pelas pernas. Olho para o John e pela primeira vez os olhos dele estão sem raiva. Começo a ver tudo branco e desmaio.

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Acordo com uma enorme dor na barriga. Aos poucos os meus olhos começam a focar. Ao meu lado está o John a dormir num sofá. Há quantas horas estou aqui?!

Carrego no botão de emergência e de imediato uma enfermeira chega.

- Eleonor, como está? - ela pergunta.

- Dói-me um pouco a barriga. O que aconteceu? Há quanto tempo estou aqui?

- A menina teve um aborto espontâneo. Vai fazer vinte e quatro horas que está aqui, mas não se assuste, brevemente irá ter alta! - sorri tranquilamente.

É impressão minha ou ela disse que eu tive um aborto?!

- Você disse... - as lágrimas escorrem pelos meus olhos.

- Eu sei que é complicado. - massaja a minha mão. - Eu própria passei por isso, mas encare como uma segunda oportunidade.

Olho para o lado e o John estava acordado. Os seus olhos estavam vermelhos. A enfermeira apercebe-se e sai da sala. Nós precisávamos falar.

Ficámos uns longos minutos sem falar, até que ele tomou iniciativa.

- Eu... - suspira. - ...eu não sei o que deu em mim... - a sua voz está tremula. - ...desculpa...

Evito a todo custo olhar para a cara dele. As lágrimas teimam em cair na minha face.

- Porque deixaste chegar a este ponto? - pergunto friamente sem olhar para ele. - Tu prometeste que não ias ser esse tipo de homem!

- Eu sei... - ele chora.

- Eu quero que saias daqui... - digo sem forças.

Ele não diz nada. Apenas chora e eu choro. Lentamente ele sai da sala e depois da porta se fechar, eu desabo em lágrimas.

A enfermeira aparece na sala e conforta-me. Aparentemente temos muito em comum.

As horas foram passando e finalmente tive alta. No exterior, Amy, Kate, Martha e Gina esperam por mim e num instante as abraço em grupo. E sem uma palavra, eu choro no colo delas. Elas eram o meu porto seguro agora.

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Cheguei a casa e em momento algum a Kate se foi embora. Disse que não me ia deixar sozinha. Pelo menos por agora.

As restantes meninas foram embora depois de eu implorar e garantir que ia ficar bem.

- Amiga, senta-te no sofá que eu vou buscar um chá para as duas! - diz Kate pousando a sua mala no sofá.

- Obrigada! - sorrio.

Eu ainda não tinha palavras para descrever tudo o que aconteceu. Não tinha ódio ou raiva do John. Muito pelo contrário.

Estava desiludida, triste e magoada. Nunca pensei que o Meu John me fizesse isto. Nos fizesse isto...