John é um Marine muito respeitado pelo seu excelente trabalho. É um homem reservado que não mostra sentimentos até encontrar Ellie num bar depois de uma vitória. Para não perder a sua oportunidade, John faz de tudo para a conquistar, mesmo que a sua...
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Mal consegui dormir esta noite. Estava sempre à espera de uma chamada ou mensagem da Ellie. Porém isso não aconteceu. Tomei o pequeno-almoço e fiz os treinos habituais. Nada disto me saia da cabeça. Sentia necessidade de pegar um avião e ir o mais rápido possível para Burbank só para a abraçar e mostrar que está tudo bem. Era tão mais fácil que ela fosse para um sítio mais seguro, tipo a minha casa.
- Aproveitem agora este tempo para vocês malta! - digo antes de irem para o banho.
Decido ficar pelo quarto. Pego num livro para me tentar distrair mas claramente foi uma missão impossível. Hora e meia se passou quando finalmente o meu telemóvel deu sinal de vida. Num instante o agarro e o meu coração pula ao ver que era a minha menina.
- Amor... - ouço a sua voz ainda como um sussurro.
Voz de arrependimento e de quem se está a conter para não chorar.
- Estou amor, sou eu! - digo docilmente. - Fala comigo princesa!
- Eu não consigo. - ela começa a chorar e a minha vida estava a cair aos bocados.
- Princesa, eu não sei o que é sentir a tua dor agora mas acredita que dava tudo por tudo para te a tirar!
- Eu sei que estás triste comigo por não te ter dado ouvidos para sair daquele lugar mas eu tinha de trabalhar! - ela diz entre soluços.
- Que conversa mais tola amor. Eu nunca na vida iria ficar zangado ou triste contigo. Se tu achavas que era melhor estares ali então eu também achava. Não penses sequer que eu estou triste contigo porque isso é a maior barbaridade!
- Eu tenho tanto medo John...
- Amor, vamos fazer assim, vais sair daquele lugar ainda hoje e vais procurar algo melhor, ok?
- É o que vou fazer. A Kate vai comigo...
- Ainda bem meu amor. E há outra coisa que gostava de te pedir. Não quero que leves a mal mas era algo que me deixava bem mais descansado.
- O quê? - ela pergunta a medo.
- Gostava que tu e o teu pai fossem para minha casa. Lá é tão mais seguro amor.
- John, eu vou fingir que nem me disseste isso. De maneira nenhuma. Nós estamos bem em minha casa. O emprego é que não era seguro!
- Hey calma, não disse isto para te irritares comigo. Eu só sugeri porque era algo que me deixava mais descansado mas se não queres eu aceito meu amor! - digo da forma mais doce possível mesmo ficando triste com a decisão dela.
- Desculpa estar tão alterada.
- Por amor de deus amor. Não tens culpa nenhuma e é perfeitamente compreensível. Não sabes o quanto queria ouvir a tua voz depois do que a Kate me contou. Fiquei tão preocupado amor.
- Vamos esquecer isto juntos, sim? - diz um pouco mais animada. - Falar contigo é das melhores terapias que tenho na minha vida. Obrigada por existires meu amor! - ela diz e um sorriso nasce nos meus lábios.
- Acredita que eu é que tenho de agradecer pela tua presença na minha vida meu amor!
A chamada termina. Vou desta vez tomar banho e despachar tudo o que tenho a despachar. Aproveitei para acabar uns relatórios e estudar melhor a cartografia de Kampala. Se há coisa que eu adoro fazer é estudar o terreno em que estou e isso faz-me sempre sentir mais preparado.
Como é de esperar, a vida militar é muito secante. Fazemos coisas produtivas mas nada que seja hilariante. Sei que dias piores se avizinham mas estar aqui sem fazer nada mata-me completamente.
- Então Coronel, isso é tudo tédio? - pergunta Alfred com o típico livro na mão.
- Não minto nem desminto. Estou pouco confiante para esta missão.
- Isso nem parece seu. Vida de homem comprometido não é mesmo?! Sentir falta da pessoa que temos em casa. Falta de lhe tocar, de a ouvir, de a beijar. É complicado. - ele diz nostálgico e sinto que estamos ambos a sofrer do mesmo.
- Sabes quando uma pessoa te marca tanto na tua vida numa forma positiva e tu só queres passar o resto da tua vida com ela? - ele acena com a cabeça. - Estou a sentir isso. Eu amo o que faço. Adoro a vida militar mas sinto que agora, mais do que nunca, preciso de dedicar mais tempo a mim e à pessoa que tenho ao meu lado.
- Sabe uma coisa chefe? Cobarde é aquele que não sabe aproveitar o melhor que a vida lhe dá. Aproveite a mulher que tem e viva. Faça acontecer, aproveite os melhores momentos que pode vir a ter com ela. Ter os vossos filhos e dedicar tempo a eles. Acredite, a pior coisa que fiz na minha vida foi não ter passado tempo nenhum com os meus filhos. Não os vi crescer praticamente.
Nunca tinha partilhado a minha intimidade com alguém e muito menos pensei fazer isso com o Alfred pois ele é das pessoas mais pacatas do pelotão.
- Nem sei o que te dizer Alfred. Muito obrigado mesmo pelas palavras. Acredita que tenho tanta necessidade de ser pai. Quero tanto dedicar tempo à minha mulher. Só quero que estes seis meses acabem.
Ele sorri e concorda com a cabeça.
E aos poucos vamos conhecendo a cara dos nossos personagens 😊
