Marine VS The Victory

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Na vida de um militar, a pátria está sempre acima de tudo e todos. O nosso juramento vai ser sempre “a pátria acima das nossas vidas”. Tenho 35 anos e desde que entrei nos marines que a minha vida se tem limitado só à vida militar.

Perdi o meu pai quando tinha doze anos de idade. Aos dezasseis listei-me para os marines e desde que fui aceite comecei a trabalhar para ajudar a minha mãe. Aos vinte e três anos ela morreu. Pude declarar-me sozinho. A minha família não estava mais cá.

Nunca desejei criar uma família e ainda nos dias de hoje não é algo que me dê prazer ou atenção. Sou considerado um dos melhores marines e para continuar a ser um dos melhores não posso ter nada nem ninguém a distrair-me.

Hoje era dia de celebrar. Saímos vitoriosos do Iraque e como sempre, vamos para Burbank festejar num bar com bebidas, karaoke e muito mais.

- John, hoje é para apanhares uma valente bebedeira. – diz o Theo com duas cervejas na mão.

- Não. Sabes bem que deixei o álcool há algum tempo.

- Não sabes o que perdes. - diz todo feliz com as duas garrafas.

É escusado avisar que os meus soldados já estão todos sob efeito do álcool. Porém, também não podia deixar de beber alguma coisa e se há coisa que eu nunca dispenso é um copo de um bom whisky. Caminho até ao balcão e sento-me num dos bancos altos. Peço um copo de whisky e espero que o mesmo me seja servido.

Olho para o lado e pela primeira vez em muitos anos, sinto algo estranho em mim. Algo bom, mas estranho. Havia entrado uma rapariga morena. Bochechas rosadas e um sorriso carinhoso. Ela entrara para trás do balcão enquanto fazia um coque no cabelo e falava com a rapariga que me tinha atendido.

Aceito o copo de whisky e mesmo parecendo assustador e stalker, decidi ficar sentado em frente ao balcão para a admirar mais um pouco. Sinto-a um pouco constrangida e o seu olhar para mim era de incomodada. Desvio o olhar e tento perceber o que é que os meus soldados estavam a fazer. Uns dançavam, outros estavam a escolher uma música para cantar no karaoke. Rio-me das figuras de alguns deles e abano a cabeça.

- Vai querer mais alguma coisa? – ouço uma voz feminina à minha frente.

Assim que olho, entro em paralisia. Era ela.

- Ahhh… sim. Aceito uma garrafa de água. – digo meio engasgado.

Ela abre uma porta frigorífica atrás de si e entrega-me então a garrafa de água.

- Muitos parabéns senhor marine. Mais uma vitória. – diz ela com um sorriso.

- Obrigada…Ellie. – digo ao ver o seu nome numa placa no seu peito.

Ela sorri e eu não pude deixar sorrir também. Bebo um gole de água e ao meu lado senta-se o Charles pronto para pedir outra bebida.

- Coronel John, venha cantar a próxima musica comigo por favor!

- Nem penses Charles. Fala com outra pessoa. – rio-me.

- Mas eu tenho a certeza que você canta muita bem. Venha lá.

- Não Charles. Tira essa ideia da cabeça! - bebo um pequeno gole de whisky.

- Não sabe o que perde. – abala com uma caneca de cerveja na mão.

- Devia de estar a festejar com os seus colegas. – ela comenta com um sorriso na cara.

- E estou a festejar. Não daquela forma. – rio-me. – Desculpa não me ter apresentado. Sou o Coronel John. – estico a mão para a cumprimentar – Mas chama-me só John!

- Olá John. É um prazer conhecer um coronel dos Marines. – ela sorri cumprimentando-me da mesma forma.

A música Hungry Like The Wolf – Duran Duran. Ouço uma voz desafinada e rapidamente a reconheço. Olho para trás e vejo o Theo e o Charles a sentir a música por completo.

- Não é por nada mas os seus colegas estão a imaginar-se num grande concerto. – diz a Ellie morta de riso.

- Ainda não os ouviste a cantar no duche das camaratas. – rio-me junto a ela.

As horas iam passando e a minha conversa com a Ellie estava a evoluir. Ela estudou em Stanford. Cancelou o curso a meio devido à doença terminal da mãe. O pai tinha dividas e ela teve de deixar a universidade. Para ajudar o pai começou a trabalhar e há dois anos que ela se encontra aqui como empregada de balcão. É filha única e um dos seus maiores sonhos é visitar França.

Aos poucos os clientes iam embora. Ajudei alguns dos meus soldados a ir para os táxis. Por fim abalei eu do bar pois estava a gostar da conversa com a Ellie. Despeço-me dela e abalo do bar mas antes de sair decidi voltar atrás.

- Que vais fazer amanhã? – pergunto completamente nervoso.

- Amanhã? – confirmo com a cabeça. – De manhã vou ajudar o meu pai no pomar e de tarde devo de ir ajudar alguma das minhas vizinhas. De noite vou estar por aqui. – ela sorri.

- Bem, parece que vais ter um dia cheio.

- Depende. Se alguém me convidar para sair já vou poder relaxar um bocado! – ela faz-me sinais e então eu percebo o que ela quer dizer.

- Então aceitas sair comigo amanhã por volta da tarde? – pergunto destemidamente.

- Claro que aceito. Precisas do meu número?

- Creio que sim. – coço a nuca.

Ela aponta o número num guardanapo. Agradeço e guardo o mesmo no meu bolso.

- Então até amanhã! –digo.

- Até amanhã senhor marine! – ela diz com um sorriso.

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