Marine VS The First Month

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Estou em Kampala há cerca de um mês

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Estou em Kampala há cerca de um mês. Todos os dias tenho falado com a Ellie. O Sr Bill tem estado melhor e isso faz com que ela tenha de voltar a trabalhar naquele bar à noite. Coisa que não me agrada... Não quero ter de lhe dizer porque sei o quão independente ela é mas preferia bem melhor que ela trabalhasse num sítio mais calmo e menos propício a problemas. Saber que pode haver ali com cada pessoa mal formada a babar-lhe em cima dá-me ódio e nojo.

Todos os dias partilhamos histórias hilariantes do dia de cada um. Três vezes por semana fazemos video-chamada. Podem achar lamechas mas sempre que a chamada de vídeo termina uma lágrima escorrega pelo meu rosto. Pelo contrário, quando a chamada começa e vejo o seu rosto perfeito, algo em mim, cá por baixo, desperta. As saudades do seu corpo fazem-me estremecer e por vezes não aguento as minhas necessidades e isso faz com que tenha de as satisfazer no banho.

- Como foi o teu dia hoje? - ela pergunta com uma voz doce.

A sua imagem era deliciante. Tinha uma simples t-shirt vestida. Um coque no cabelo e estava a comer uma barrinha de cereais integrais com pepitas de chocolate.

- Foi calmo. E o teu? - pergunto com um sorriso.

- Cansativo. Precisava mesmo de uma massagem sua senhor marine! - ela provoca mordendo o lábio inferior.

- Ellie, Ellie, não me provoques! - brinco.

- Isso é tudo saudades?

- Que pergunta tonta amor. Claro que tenho saudades. Mal vejo a hora de me ir embora e ir ter contigo.

- Amor, tinha de ser assim. Agora vamos aguentar e fazer de tudo para que estes seis meses não pareçam seis anos ok?

A serenidade da Ellie parecia resolver todos os problemas em minha volta. Sorrio e concordo com as suas palavras.

- Tens razão. Vai passar num instante e vamos fazer por isso!

A chamada termina e volto para a minha camarata. Por lá encontrava-se Charles, Peter e Alfred.

- Meninos, os patinhos já cantaram! - brinco enquanto me deito na cama.

- Oh chefe, deixe lá ler mais um bocado. - pede Alfred ainda agarrado ao seu livro.

- Se amanhã vir alguém a morrer de sono já sabe que vai levar castigo! - todos se riem.

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Mais um dia, mais um treino matinal, mais um dia a planear estratégias. Hoje íamos andar em missão de paz. O plano será rondar as ruas e assegurar que está tudo calmo e em paz, porém tenho um pressentimento e raramente costumo errar. Fomos divididos em equipas de 10 soldados. Para além de patrulhar as ruas, teríamos de patrulhar dentro de casas abandonadas e claro que aí o cuidado era pouco.

- Odeio ter de entrar na porcaria destas casas velhas! - ouço Alfred pelo intercomunicador.

- Calma menino. Não vai ser nada demais! - tranquilizo.

O ambiente até parecia estar calmo. Ouço um dos grupo as a dizer "clear". Isso queria dizer que a sua ronda tinha terminado e que não havia problemas.

- Charles, em que ponto estás? - pergunto.

- Estou a dez passos para Este!

- Boa, estou a chegar a ti. Isso quer dizer que estamos a chegar ao fim!

- Cheguei ao fim chefe! - diz Alfred desta vez.

- Espera por nós que estamos mesmo a chegar!

Missão bem sucedida. Apesar de tudo ter corrido bem, ainda tinha aquela má sensação. Tinha comentado com o Charles e ele sabe que eu raramente erro quando tenho estes pressentimentos. Pedi a todos que tomassem muita atenção pois poderia estar algo para acontecer. Hoje o dia estava a decorrer tranquilamente e decidi tentar ligar para a Ellie. Ela não estava online há umas horas e isso não era normal. Sei que ela está sempre online e atenta a qualquer chamada. Comecei a ficar cheio de calores e agora o pressentimento era ainda maior.

- Fala com a Ellie, talvez seja só saudades! - diz Charles entrando no quarto.

- Estou a tentar mas diz que não está online. - digo com um tom de preocupação.

- Tem calma. Ela pode estar ocupada ou ter adormecido!

- Eu sei mas qualquer das formas diria que estava online. Achas que estou a ser paranóico?

- Epha yha, tenta descolar um bocado. Depois vais ficar sempre com isso na cabeça.

- Talvez tenhas razão.

Apesar de tudo não estava tranquilo. Hora e meia se passou e recebo finalmente uma chamada da Ellie.

- Olá John, é a Kate! - ouço a voz da amiga da Ellie.

- Olá Kate. A Ellie? - pergunto logo com voz de caso.

- É sobre ela que te queria falar. Primeiro quero que prometas que não te vais zangar com a Ellie ou fazer-lhe sentimento de culpa!

- Por amor de deus. Eu nunca faria isso! O que aconteceu? - começo a desesperar.

- A Ellie foi perseguida a noite passada por dois homens. Ela não conseguiu ver as caras. Ela entrou num autocarro e foi o caminho todo a falar comigo para a ir buscar fosse onde fosse. Ela veio para minha casa. Está a dormir há umas horas. Está de rastos.

Esfrego as mãos na cara. Não estava a acreditar no que estava a ouvir. Sinto um sentimento de culpa por não estar lá para ela.

- Eu preciso tanto de falar com ela! - levanto-me e começo a andar de um lado para o outro.

- Ela não queria que soubesses mas eu tinha de te contar. Ela não pode mais trabalhar ali. Por favor tenta convencê-la a sair dali! - ela implora.

- Acredita que é o que mais quero. Obrigada mesmo por tudo Kate. Por favor diz-lhe para me ligar. Eu preciso de ouvir a voz dela!

- Não tens que agradecer. Fica descansado que eu falarei com ela!

Como iria dormir agora depois de saber isto?!

- Hey, houve problemas? - pergunta Charles depois de ter percebido o meu estado de à pouco.

Explico tudo e ele fica boquiaberto. Não quero prender a Ellie mas eu preciso de tomar medidas acerca disto. Eu sei que ela precisa de trabalhar mas não a quero nestes ambientes em que a possa estar em perigo. Muito menos quando não estou lá para a poder ajudar. Eu vou saber quem foram aqueles canalhas....

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