Desde quando eram crianças, Kisa e Alfredo sempre se implicaram para esconder o sentimento que nutriam um pelo o outro. Com o passar dos anos, isso não mudou, as provocações e brincadeiras só aumentaram, até que Alfredo foi fazer faculdade em Londre...
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Sendo sincera sobre tudo, a volta do Alfredo me trouxe sentimentos que eu achei que estavam mortos e enterrados. Mexeu comigo o jeito que algumas coisas pareciam não ter mudado, como algumas das nossas antigas manias. Mas também percebi que algumas coisas mudaram, não só a nossa aparência adulta, mas coisas como toques e olhares que fizeram a gente sentir coisas diferentes.
Pode ser provável que eu esteja apenas vendo coisas onde não tem, ou apenas esteja percebendo o descostume de ter a presença dele. Pode até ser que seja a maturidade e a falta de hormônios à flor da pele que tínhamos antigamente.
Olho o meu celular e já passam das 15:00. Confirmo com Victor por mensagem de texto se nós ainda vamos almoçar. Após o confirmado, ligo para Mia e peço para ela me esperar na garagem.
Vamos para o restaurante em meu carro, o caminho não demora tanto, o restaurante não fica tão distante. Chego ao restaurante com a Mia, e o Victor está nos esperando em uma mesa mais afastada das janelas.
— A rainha chegou — digo, me sentando de frente para o Victor.
Mia faz o mesmo, porém senta ao lado do moreno dos olhos verdes, Victor.
— Até que enfim vocês chegaram — Victor diz enquanto chama o garçom em um gesto com a mão.
— Boa tarde — o garçom fala.
— Boa tarde. Traz as almôndegas que eu preparei com um vinho tinto, por favor — pede Victor, e o garçom anota mentalmente.
— Apenas isso, senhor?
— Sim. Obrigado — diz Victor, e o garçom se retira.
— Por que demorou mais do que pensávamos, Kisa? — Mia questiona, deixando sua bolsa na cadeira vaga. — Não vai me dizer que aproveitou o homem da sua sala? — seu tom é brincalhão. — Escutei que ele estava lá.
Reviro os olhos.
— As notícias voam rápido. — Pego a taça de água na mesa. — Alfredo Martell, esse foi o motivo da minha demora. — Bebo a água tranquilamente, mas sabendo que eu praticamente joguei uma bomba.
— Como? — Ela arregala os olhos. — Vocês conversaram? Ele te ligou depois de anos sem qualquer notícia?
— Aparentemente somos sócios. Tio Giovanni se aposentou e ele voltou para assumir, depois de me contarem que ele não queria voltar. — Deixo a taça na mesa. — Engraçado, né, Victor?
Olhamos para o Victor.
— O que? — ele pergunta, franzindo o cenho.
— Você sabia, certo? — Mia pergunta.
— Sabia, Victor? — reforço.
— Com licença — o garçom diz, trazendo os pratos.
Victor não responde nada, pois o garçom bota os nossos pratos na mesa junto com o vinho. Tento, durante o almoço, ficar em silêncio, não pensando se o Victor sabia ou não da presença do Alfredo de volta em Nova York.
