Desde quando eram crianças, Kisa e Alfredo sempre se implicaram para esconder o sentimento que nutriam um pelo o outro. Com o passar dos anos, isso não mudou, as provocações e brincadeiras só aumentaram, até que Alfredo foi fazer faculdade em Londre...
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Ao terminar de tomar banho sem molhar meus fios, escovo os dentes, hidrato meu rosto, faço uma leve maquiagem e passo desodorante. Deixo meu cabelo preso em uma rabo de cavalo baixo e faço um simples baby hair. Saio do banheiro e vou para o closet.
Escolho um vestido preto curto tomara que caia, uma meia-calça preta e um scarpin preto. Pego minha bolsa transversal preta e saio do quarto. Passo na cozinha apenas para pegar um pedaço de bolo antes de sair de casa.
Na garagem, entro no meu carro preto, coloco meus óculos de sol e vou para o oftalmologista. Até as melhores pessoas têm que ter um defeito.
Cheguei às 9:40, mas fui atendida às 10:00, no meu horário.
Entro na sala e automaticamente lembro que eu odiava. Lembro dos meus tempos de adolescente.
— Boa tarde, senhorita Smith — digo, sorrindo.
— Kisa, como vai? — Anna ajeita seu cabelo longo liso escuro.
Conheço a Anna há anos, temos a mesma idade e estudamos juntas. Sua mãe, que também era oftalmologia, me atendia quando eu era adolescente e agora que a mãe dela infelizmente faleceu, ela assumiu a clínica. A linhagem da Anna é de médicos, sua família, os Smith, tem um hospital aqui em Nova York, fica próximo da clínica.
— Bem e você?
— Bem — Levanta. — Fiquei surpresa com você aqui, pela ficha que minha mãe tinha, faz bastante tempo que você não vinha. Está escrito que você fez cirurgia. O que houve?
— Acho que meu astigmatismo decidiu me visitar. Mas eles disseram que seria comum voltar com o tempo.
Anna sorri.
— Vem, vamos ver — fala, me levando para a maldita máquina com a mesma imagem de sempre.
Sento e boto meu olho na lâmpada de fenda. Demora uns segundos até ela pedir para eu sentar na outra cadeira.
— Agora me diz quais letras você vê. — Aponta a acuidade visual.
Passo uns minutos dizendo as letras, algumas com mais dificuldades que as outras por causa da claridade e tamanho reduzido. Me senti um tanto idiota.
Assim que terminei, eu fui para a mesa dela.
— Sente-se — diz, e eu obedeço. — Então, bem-vindo de volta astigmatismo.
— Foi bom enquanto durou.
— É bem comum o retorno do astigmatismo, mas o seu grau não volta ao que era. Está com os seus antigos óculos? — Tiro da bolsa e entrego para ela. — Terá que fazer novos, esse é o seu grau antigo. Use esses só se for necessário, quando a vista estiver cansada.
