Desde quando eram crianças, Kisa e Alfredo sempre se implicaram para esconder o sentimento que nutriam um pelo o outro. Com o passar dos anos, isso não mudou, as provocações e brincadeiras só aumentaram, até que Alfredo foi fazer faculdade em Londre...
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No relógio eram 13:15, eu já tinha acordado há algumas horas, mas ainda permanecia sentado na cama pensando na mulher de cabelos cacheados que vive me instigando.
Como um ser humano pode mexer com o outro dessa forma e ainda por tantos anos?
Faço o caminho para o banheiro após finalmente levantar. Escovo os dentes e tomo um banho demorado para tentar recolocar os pensamentos em ordem. Quando termino o meu banho, saio do banheiro e vou para o closet, coloco apenas uma calça de moletom. Saio do meu quarto e vou para a cozinha, onde encontro a Joana cozinhando.
— Bom dia — Me sento na banqueta. —, ou boa tarde, tanto faz.
— Boa tarde, Fred — diz, me dando um beijo na bochecha. — Quer almoçar?
Confirmo com a cabeça.
Ela me serve e eu como em silêncio, aproveitando a deliciosa refeição que a Joana sempre faz. Termino a refeição em poucos minutos, então sigo para o banheiro e escovo os dentes. Me jogo no sofá da sala quando volto do banheiro.
Minha cabeça está pensando apenas na Kisa, no jeito que ela sempre me domina de alguma forma. Começo a lembrar de como ela era desejada na escola, não só pela sua beleza, mas também pela sua autoconfiança. O jeito que ela amava seus cachos e não deixava que ninguém falasse mal. Como ela vivia falando "Sábio é aquele que admite o que precisa, eu preciso de óculos e aparelho, não nego ", eu adorava isso nela.
Eu adorava ela e escondia meus sentimentos atrás de provocações, somos assim até hoje. Confesso que adoro ver ela com raiva, mas acho que é hora de mudar um pouco as coisas e mostrar que eu sempre quis ela.
Saio dos meus pensamentos ao ouvir o som da companhia. Solto um suspiro antes de levantar do sofá e ir até a porta abri-la. Dou de cara com a Julieta, franzo o cenho.
— Oi. Por que não ligou?
Ouço a voz dela enquanto eu caminho de volta para o sofá. Também escuto ela fechar a porta. Julieta para em minha frente, eu encaro a morena alta, cheia de tatuagens e olhos azuis e abro um sorriso mínimo.
— Estive ocupado, Julieta. Perdão. — Passo a mão no rosto.
Conheci Julieta quando estava no hospital em Londres por socar o martelo no meu dedo. Mas ela não morava lá, apenas fazia faculdade. Namoramos por um tempo até ela voltar para Nova York repentinamente. Nos reencontramos quando eu voltei, mas não retomamos o namoro e nem provavelmente vamos, já que eu também reencontrei a minha dor de cabeça cacheada.
— Sei que não temos um relacionamento, mas eu me preocupo com você — diz, fazendo carinho no meu cabelo. — Eu quero saber sobre sua adaptação aqui.
Julieta é bastante amorosa e compreensiva. Temos muito carinho um pelo outro e vai muito além de um relacionamento.
— Fui almoçar com os meus pais e esqueci de ligar — Pego sua mão. — Obrigado por se preocupar.
