Laila
Acordo com a respiração ofegante e me sento, olhando em volta. Eu caí no sono. Ótimo. Suspiro profundamente passando as mãos no rosto e tento apagar a memória do pesadelo que assombra minha mente. Eu estava de volta à base da Hydra, meses após ser pega, sendo preparada para minha primeira missão. Sinto um arrepio percorrer o meu corpo quando lembro da sensação da máquina destruindo o meu cérebro e reconstruindo uma pessoa totalmente diferente. Uma boneca para eles usarem como preferirem.
Dou um pulo quando sinto uma mão sobre o meu ombro e me viro, pronta para atacar a pessoa por força do hábito. Abaixo a mão quando vejo Bucky e respiro fundo, tentando desacelerar os batimentos cardíacos.
- Você quer levar um soco? – Resmungo passando a mão na testa para tirar o cabelo que grudou por conta do suor.
- Eu sei me proteger. – Ele sorri de leve e retira a mão do meu ombro devagar. – Desculpa ter te assustado, mas vi você acordando desse jeito e queria saber se está bem.
- Eu diria que bem é uma palavra muito forte. – Tento forçar um sorriso, mas não consigo. A minha cabeça ainda está girando por conta do pesadelo, então apenas olho para ele. – Estamos chegando?
Balança a cabeça em confirmação e ficamos naquela posição por segundos que mais parecem horas. Ele está sentado na poltrona de frente, em uma posição diferente da qual estava antes, o que demonstra que dormi por bastante tempo e ele saiu dali, e me olha de uma forma que envia pequenos pulsos elétricos pelo meu corpo. Pisco uma vez, devagar, reconhecendo essa sensação de anos atrás e sinto a batida do meu coração errar um compasso com a familiaridade desse momento. Eu não sabia que poderia sentir uma dor tão forte apenas com um olhar. Seus olhos são transparentes e demonstram tudo aquilo que ele não diz. Uma história, sentimentos tão profundos e enterrados dentro dele que não posso evitar me aproximar um pouco.
- Seus olhos... Não consigo definir o tom exato deles. Em alguns momentos, é azul, mas em outros parecem ter um tom acinzentado. – Sussurro e vejo um pequeno sorriso se formar no canto na boca dele.
- Você sempre insistiu nisso, porque todos diziam que eram azuis, mas você teimava em dizer que eles eram acinzentados também. – Seu tom é baixo igual o meu e deixo um pequeno sorriso desenrolar na minha boca. Desvio o olhar do seu, sentindo muitas emoções passarem por mim e olho para as minhas mãos enluvadas.
- Eu me lembrei deles. – Volto o olhar para ele. – Seus olhos. Foi a primeira lembrança que tive na Sibéria. Mas eu não consegui definir de quem eram e por que eu lembrava deles. – Dou uma risada seca e sem graça, então balanço a cabeça.
- Eu entendo... Sei como está se sentindo. – Seu olhar está voltado para o teto nesse momento. – Ainda me sinto assim às vezes. Alguns dias a minha mente desliga e eu mal consigo lembrar de outra coisa que não seja aquele lugar. – Seu tom de voz é cada vez mais baixo e consigo perceber o quão difícil é para ele estar se abrindo um pouco comigo.
- Bucky... Posso te chamar assim? – Seu olhar encontra o meu quando ouve seu nome sair da minha boca e assente uma vez com a cabeça, então continuo – Ontem, Elizabeth me perguntou se eu conseguia me lembrar de você enquanto estávamos na base. Nós nos encontramos lá dentro? – Vejo sua testa franzir em confusão e ele nega.
- Não, eu acho que não. – Observo-o enquanto coça o maxilar e passa a mão livre no cabelo. – Você foi desacordada em 55 e esse foi o ano em que... Entrei em atividade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Project || Bucky Barnes (a editar)
General Fiction- Vai se arrepender se encostar um dedo no meu irmão - falo com os dentes cerrados e John se aproxima também. - Ah sim, você é muito perigosa com esses braços fortes. - Os dois cutucam meus braços e tremo de ódio, sabendo que não posso fazer nada s...