Laila
Um soluço escapa da minha boca quando finalmente volto à realidade e Loki me solta do seu aperto. Sinto minha cabeça girar e minha visão ficar turva com a quantidade de lágrimas não derramadas quando tudo o que ele me mostrou repassa em minha memória de novo e de novo, em um loop infinito. Cada vez que me lembro do que fiz com Bucky é como se uma faca cravasse fundo em meu coração e girasse, fazendo meu corpo inteiro se retorcer e o ar escapar de meus pulmões. Eu nunca fiquei desacordada. Nada daquilo que eu imaginava é verdade. Eu desfiz, criei e recriei o homem sentado de costas para mim, moldando-o como se fosse um objeto em minhas mãos, uma simples escultura. Fui o motivo de sua dor e sua ruína e sempre tive consciência de cada coisa que fiz. Sempre soube o que estava causando e, mesmo assim, continuei. E nos dias em que mal conseguia dar um passo na direção de Bucky, Loki me obrigada. Eu não tive escolha, mas James teve muito menos.
Meu corpo treme e eu aperto os braços ao redor de mim, em uma tentativa de conter os tremores. Não sei definir se a sala está gelada ou se é minha mente revivendo sem parar as memórias e enchendo minhas veias de gelo. Não consigo ouvir um único ruído no ambiente, mas sinto os olhares em mim. Sinto o olhar dele em mim, mas não sei se estou preparada para encará-lo. Não sei o que vou encontrar quando me virar. Não sei se vou encontrar o mesmo Bucky de antes ou se vou encontrar raiva, mágoa. O pensamento de que ele pode me odiar me enche de desespero e eu paro de respirar, sem conseguir pensar em mais nada que não seja a sua rejeição. Eu não poderia culpá-lo. Deus, eu mesma me odeio nesse momento.
Encaro a parede branca à minha frente e sei que preciso me virar, mas meus músculos se recusam a mover um único centímetro. O pânico enche meu corpo a cada segundo que se passa e eu sinto a mão de alguém em meu ombro. Consigo desviar meus olhos para a pessoa e percebo que é Vision. Ele me oferece um olhar cheio de entendimento, mas também consigo enxergar a tristeza e o arrependimento ali. Como se ele entendesse agora que não deveria ter feito o que pedimos.
Antes que eu consiga criar coragem para me virar e perguntar o que aconteceu, sinto um par de mãos empurrar meu corpo da cadeira com tanta força que, quando caio no chão, o ar some de meus pulmões. Mal tenho tempo de me virar quando sinto suas mãos em meu pescoço, apertando o suficiente para que minha visão escureça. Seguro seus pulsos, tentando me soltar, mas seu aperto apenas se intensifica. Meu olhar se conecta com o de Bucky e eu não vejo nada além de raiva ali. Uma raiva cortante e quase física, como se fosse a única coisa que o guiasse agora.
- Bucky... – consigo falar quando junto fôlego suficiente e tento me soltar do seu aperto. Quando percebo que é inútil, paro de me debater. Eu não luto de volta, não tento me soltar do seu aperto e muito menos tento discutir. Talvez seja isso que eu mereço, afinal.
- Você fez isso comigo. Você, mais ninguém. – Ele puxa meu corpo, apenas para batê-lo no chão novamente. – Você me levou para aquele inferno e destruiu a minha vida. Eu acho que deveria agradecer aos dois por finalmente terem me mostrado quem você é de verdade. – O desespero cresce em mim quando ele aumenta seu aperto e não consigo pronunciar nenhuma palavra. Meus braços caem e eu apenas encaro seus olhos, esperando encontrar algo além de raiva. Fico com esperança de encontrar ao menos um pedaço do meu Bucky, mas essa esperança é esmagada quando percebo que não sobrou nada dele. Pelo visto as mudanças que Vision mencionou mais cedo eram verdadeiras. – Eu quero que você despareça. Eu espero nunca mais te ver na minha frente, senão você é uma pessoa morta. Está me entendendo?
Fecho os olhos diante das suas palavras e um som doloroso escapa de minha garganta. Não consigo controlar as lágrimas que invadem meus olhos e escorrem pelo meu rosto. Eu rezo para que esses sentimentos sejam passageiros, que ele retire o que disse e volte a ser o meu Bucky, mas sei que essa é uma esperança tola e que ele não vai voltar. Ele se foi e eu não posso culpá-lo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Project || Bucky Barnes (a editar)
General Fiction- Vai se arrepender se encostar um dedo no meu irmão - falo com os dentes cerrados e John se aproxima também. - Ah sim, você é muito perigosa com esses braços fortes. - Os dois cutucam meus braços e tremo de ódio, sabendo que não posso fazer nada s...