Laila
- Laila, não acha que já foi o suficiente por hoje? - Wanda pergunta com a respiração ofegante e eu paro por alguns segundos, ignorando a dor em meus ossos e meus músculos protestando enquanto continuo fazendo força para manter todos os objetos flutuando ao meu redor.
- Não posso parar. - Falo sem fôlego algum e sinto um tronco enorme de árvore se aproximando das minhas costas, então ergo mais a mão e faço ele parar antes de me atingir, jogando-o de volta para Vision.
- Já passou da meia noite. Você não quis comer nada o dia inteiro. Precisa de um descanso. - Ela faz sinal para seu companheiro e ele consegue forçar o suficiente para me fazer começar a derrubar os objetos. - Você precisa dormir, caso contrário amanhã vai estar imprestável para fazer qualquer coisa.
Respiro fundo sabendo que ela está certa, mas a ideia de voltar para o meu quarto e passar a noite sozinha em minha própria companhia não me agrada. Pelo menos hoje minha mente esteve focada no treino e no cansaço que estou sentindo, não nos motivos de todo esse desespero para aprender o máximo que posso em algumas horas.
- A Wanda está certa. Seu corpo precisa estar descansado para o que faremos amanhã. Vá dormir. – Ouço o suspiro da minha amiga e, antes que eu possa responder Vision, ela intervém.
- Eu sei que você quer treinar o máximo que conseguir, mas agora não adianta muito. A exaustão está te impedindo de ter resultados bons. Por favor, sabe que a melhor opção é relaxar.
Deixo meus ombros caírem e, junto com isso, tudo aquilo que ainda estava segurando cai no chão em um baque alto. Todo meu corpo relaxa imediatamente, como se um grande peso tivesse saído de cima de mim, e sou capaz de respirar com tranquilidade.
- Sim... Sim, eu sei. É só que... – balanço a cabeça, tentando dissipar meus pensamentos. – Obrigada pela ajuda. Sinto muito se fiz os dois perderem o dia comigo. – Vejo quando Wanda revira os olhos antes de falar enquanto andamos de volta à pequena trilha que leva para fora da clareira.
- Ficamos felizes por confiar na gente para te ajudar com isso. – Ela pausa por um segundo antes de continuar. – Não que você tivesse muita escolha quanto a isso. – Sua risada é baixa e eu acompanho.
- Fico feliz por ajudar meus amigos. Você é minha amiga, Laila, e seus motivos para esse treino são puros e bons. Eu e Wanda vamos te ajudar sempre que precisar. – Lanço um olhar agradecido a ele e meu peito fica apertado quando ele fala sobre meus motivos. Vision tem um coração enorme - não literalmente - e sempre tenta fazer de tudo para que todos se sintam bem. Eu aprendi a ficar confortável em sua presença e sou grata por toda sua ajuda.
Ficamos em silêncio o restante da caminhada e evito olhar para os lados enquanto atravessamos a mata densa. Eu não me considero uma pessoa medrosa, mas toda essa escuridão e a incerteza do que está à espreita entre as árvores me faz relembrar da guerra. Andar sozinha ou em pequenos grupos em locais assim era assinar o atestado de óbito. Tive que aprender a ser vigilante e tomar cuidado em todos os lugares que frequentava, mesmo que eu soubesse me defender muito bem.
O que me fez temer de verdade a guerra e me impediu de sair do acampamento por muito tempo foi o que aconteceu com a Nancy e o grupo de cozinheiras. Geralmente, os homens que saíam para caçar alguns animais que viviam nas redondezas, mas, quando eles estavam ocupados, esse era o trabalho das cozinheiras e, como ninguém ia muito longe, era relativamente seguro para as mulheres irem sozinhas. Um dia, porém, elas não voltaram e ninguém conseguiu encontrá-las por dias. Seus corpos foram achados na beira de um rio duas semanas depois e eles estavam... Violados. Destruídos. Haviam recados e ameaças pregados nelas e nas árvores ao redor. Eu nunca vou esquecer o horror daquela cena. O desespero dos irmãos, pais e filhos de todas as 13 mulheres que estavam no acampamento.
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The Project || Bucky Barnes (a editar)
Genel Kurgu- Vai se arrepender se encostar um dedo no meu irmão - falo com os dentes cerrados e John se aproxima também. - Ah sim, você é muito perigosa com esses braços fortes. - Os dois cutucam meus braços e tremo de ódio, sabendo que não posso fazer nada s...