Capítulo 38

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Laila

          Dizer que Bucky me evitou essa semana é um eufemismo. Todas as vezes que eu não estava me afundando em auto piedade na minha cama e resolvia sair para treinar ou apenas conversar sobre o baile, ele desaparecia. Não sei bem onde se enfiava, mas acho que era no próprio quarto.

          Apesar de não ter desistido de fazê-lo conversar comigo, a minha esperança murchou um pouco a cada vez que eu tentei fazer algum contato e ele me ignorou ou simplesmente se levantou e foi embora. Acho que eu preferiria que continuasse me xingando e jogando coisas na minha cara, dessa forma eu teria seu corpo próximo do meu e sua atenção voltada para mim. E, além de tudo, ainda preciso lidar com os olhares de pena todas as vezes que minhas tentativas de aproximação dão errado.

          Ao menos Loki pareceu entender que eu preciso de um tempo e não me incomodou mais, o que é um alívio. Não sei se sou exatamente grata por isso, mas sua presença seria inconveniente para a minha tentativa de ficar em paz, então aprecio sua distância. Agora, estou treinando com Vision e tentando arrancar alguma forma de reverter o que aconteceu, mas ele não me dá nenhuma brecha.

          - Você não acredita de verdade que ele apenas vai me odiar a partir de agora e que não há nada a ser feito, acredita? – Quase grito para que ele possa ouvir através barreira que estamos aperfeiçoando agora.

          - Não, mas a única maneira de talvez melhorar a situação é mexer em sua mente de novo e eu não pretendo fazer isso. – A minha barreira enfraquece com o nervosismo diante do seu tom resoluto e respiro fundo para reforçá-la.

          - E por que não?

          - Porque você acha que a mente é algo simples e que eu posso fazer e refazê-la, mas não é assim que funciona. Você já viu o que acontece quando algo não vai como o esperado, não quero piorar a situação. – Com um simples movimento, ele desfaz todo o meu trabalho e eu resmungo. Maldita joia acoplada.

          - Escuta... Eu não pediria nada disso se não estivesse desesperada. Deve ter alguma forma. Vision, por favor – quase imploro enquanto ando em sua direção. Ele me olha e eu percebo o quanto está se segurando para não aceitar, mas, mesmo assim, não cede. – Me dê alguma ajuda, algo que eu posso fazer para, pelo menos, poder um dia voltar a conversar com ele.

          Meu tom de voz cai para quase um sussurro e eu sinto a angústia crescer em meu peito, criando raízes cada vez mais profundas e retirando o ar dos meus pulmões. Eu estou tentando ignorar essa sensação, tentando seguir em frente e buscar alguma maneira de reverter toda essa merda em que estou afundada, mas quanto mais penso nisso, mais a ansiedade cresce e mais eu sinto como se o mundo fosse desabar na minha cabeça. A ausência de Bucky é uma lembrança constante de que eu fodi com tudo e saber que sou alvo do seu ódio só faz tudo piorar. Meu irmão e meus amigos repetem todos os dias que eu não deveria me cobrar tanto e que eu sou uma vítima da mesma forma que ele, mas a minha mente não aceita isso. Não importa o que falem ou o que eu repita a mim mesma, a culpa me corrói cada vez mais. Cada vez que Bucky se recusa a olhar em minha direção, cada vez que ele ignora a minha presença, cada vez que ele finge que eu não passo de uma sujeira no seu sapato. Todas as vezes é como se eu ficasse menor e menor e eu não sei o que fazer para acabar com isso.

          Seguro um soluço e olho para o céu, tentando impedir as lágrimas de invadirem meus olhos. Já perdi a conta de quantas vezes eu quase perdi o controle na frente dos outros e isso me irrita profundamente, mas não consigo evitar. Fico aliviada quando percebo que estou bem o suficiente para me conter e volto a encarar Vision, que possui uma expressão preocupada. Isso me faz bufar e balançar a mão.

The Project || Bucky Barnes (a editar)Onde histórias criam vida. Descubra agora