Laila – 1955
O gelo parecia nos acompanhar a cada passo que dávamos nesse lugar. Já tinha se tornado uma rotina para mim e para Bucky nos últimos anos seguirmos os mesmos caminhos. Somos acordados juntos, uma câmara ao lado do outra, e não sabemos quem somos ou qual nosso propósito aqui. Recebemos nossas ordens e saímos para cumpri-las, não importa em qual parte do globo ela seja. Na maior parte das vezes, não nos reconhecemos, apenas cumprimos nossos papéis e voltamos para a base, então Loki nos encontra no meio do caminho e finalmente libera nossas mentes.
Não é uma escolha minha a forma que estamos vivendo. Por mim, já tínhamos desaparecido desse lugar, mas sem ajuda nunca conseguiríamos escapar completamente. Sempre teríamos nosso destino nas mãos daqueles filhos da puta, então preferimos seguir os passos lentos e calculados que planejamos com Loki.
Essa situação talvez seja melhor, para falar a verdade. Não acho que o homem ao meu lado se lembra, mas tudo o que fiz com ele ao longo dos anos pesa em minha mente. Sempre que eu me esquecia de tudo ao redor e apenas obedecia a ordens, destrinchando sua mente e fazendo Bucky sofrer, muito mais do que eu sofri. Meus métodos se mostraram muito mais eficazes do que qualquer um que usaram em mim, então Schmidt aproveitou a aberração que eu me tornei para muito mais do que seus planos e assassinatos. Mesmo que ele tenha desaparecido alguns anos atrás, Zola continuou seu legado e, por mais que eu achasse que a situação fosse melhorar, ela apenas piorou. Então, aqui estamos nós.
A cada passo que dou, todas as vezes que nossos ombros se esbarram ou seus dedos encontram os meus pelo mais breve contato, apenas o sussurro de um toque, meu peito se contrai e todo o meu corpo dói, revivendo cada segundo do que fiz com esse homem. Às vezes, eu queria que ele soubesse. Às vezes, eu gostaria que ele se lembrasse de tudo o que fiz com seu corpo e sua mente e ele me odiasse, não suportasse olhar em meu rosto por mais de um segundo. Seu ódio, seu nojo, seu rancor seriam muito mais fáceis de lidar do que todo o amor e a paz que eu enxergo quando encaro seus olhos. Seria tão mais fácil receber o que mereço ao invés do carinho que encontro toda vez que ele me olha e me toca. Como se eu merecesse o que ele tem a oferecer. Como se eu fosse digna de ser alvo do seu amor.
Se eu fosse uma pessoa boa, eu contaria a ele. Eu usaria minhas habilidades para mostrar todas as coisas horríveis que fiz nos últimos anos. Mas eu sou egoísta. Eu sou mesquinha e eu sou desprezível. Prefiro viver o máximo de tempo que posso recebendo tudo aquilo que pode me dar. Prefiro viver em uma mentira, em um mundo só nosso, longe da realidade por, pelo menos, alguns poucos segundos que nos são oferecidos.
Eu sei que uma hora terei que me abrir e desabafar tudo isso. Eu sei que, se conseguirmos escapar daqui algum dia, terei que ser honesta e apenas torcer para que ele entenda. Mas, por enquanto, me deixo viver em uma mentira confortável.
Um suspiro trêmulo sai dos meus lábios antes que eu perceba e sinto sua mão encontrar a minha.
- Está tudo bem? – Sua voz não passa de um sussurro e eu sinto um puxão leve, demonstrando que ele quer meu olhar. Hesito por um instante, sabendo que não deveria fazer isso, mas ergo o rosto e encontro seus olhos.
- Sim... Sim, eu só estava pensando. – Dou um sorriso fraco e tento desviar o olhar, mas ele segura meu rosto e me encara. Sinto um arrepio percorrer meu corpo com a intensidade de seu olhar e tento não pensar em todas as sensações que sinto com o toque de sua pele contra a minha. Ele sabe que eu estou escondendo a verdade e seu olhar endurece, mas seu toque continua suave contra minha bochecha.
- Sabe que pode confiar em mim, não sabe? – Sua voz é firme, mas cuidadosa, como se quisesse garantir, novamente, que eu entendesse isso. Se ele soubesse que o problema não é a minha confiança nele, talvez mudaria de ideia sobre sua lealdade.
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The Project || Bucky Barnes (a editar)
Ficção Geral- Vai se arrepender se encostar um dedo no meu irmão - falo com os dentes cerrados e John se aproxima também. - Ah sim, você é muito perigosa com esses braços fortes. - Os dois cutucam meus braços e tremo de ódio, sabendo que não posso fazer nada s...