Capítulo 42

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Laila

          A cada passo que eu dou, ele se torna mais difícil que o anterior, fazendo a dor irradiar do rasgo nas costas e percorrer todo meu corpo. Minhas pernas fraquejaram tantas vezes que eu fiz uma oração silenciosa de agradecimento pelos braços de Bucky estarem ao redor de mim, me amparando e não deixando nenhum dos dois à nossa frente perceberem o quão mal eu estou.

          O esforço de manter a barreira ao nosso redor e de impedir que o tecido que Bucky enrolou ao redor do meu corpo para tentar impedir o sangramento caia, faz minha visão ficar embaçada e gotas de suor se formarem na minha testa e no meu pescoço. Mesmo assim, me mantenho firme e entro na pequena sala afastada que encontramos e empurramos Ross e Elizabeth.

          Ela é totalmente branca e livre de móveis, da mesma forma que a anterior, onde tudo começou, mas pelo menos três vezes menor. Me pergunto qual o uso que eles fazem dessas salas, mas afasto o pensamento para focar nas duas pessoas que, nesse momento, estão com os olhos arregalados e a boca levemente aberta, em um claro sinal de medo, o que me deixa extremamente satisfeita.

          Bucky revista os dois e retira qualquer forma de comunicação que possam ter, pisando nos pequenos microfones e escutadores. Os dois começam a falar alguma coisa, mas não conseguimos escutar nada, então trocamos um olhar, entendendo que um dos dois precisa retirar a proteção do ouvido. Ambos sabemos que eu sou a melhor opção, pois estou fraca demais e, mesmo que tentem entrar em minha mente, não vou conseguir derrubar Bucky de forma alguma. Seu olhar é resignado e sei que não gosta de ideia, mas retiro os protetores e me concentro nos dois, que param de falar e nos lançam um olha aguçado.

          - Preciso dizer que foi uma boa ideia usar esses protetores – Ross diz com um sorriso sádico no rosto e tenta se aproximar, mas eu empurro seu corpo em direção ao chão, fazendo o mesmo com Elizabeth.

          - Vocês vão ficar aí. Qualquer movimento que fizerem, vocês estão mortos – minha voz sai surpreendentemente fria e não há resquício algum do cansaço que está tomando conta do meu corpo. Não preciso encostar no tecido às minhas costas para saber que está encharcado de sangue e o corte não tem nenhum sinal de melhora.

          - Imagino que não consiga fazer muita coisa com suas atuais condições – Elizabeth murmura e ignoro seu comentário enquanto libero a barreira e finalmente consigo respirar. Acredito que estamos quase que completamente seguros aqui dentro caso ninguém tenha nos seguido.

          - Vamos cortar essa merda de conversa e ir direto ao ponto – respondo. Fico a uma distância segura de seus corpos e Bucky se mantém ao meu lado, sua mão quase tocando a minha. – O que vocês querem?

          O silêncio se estende na sala quando eles se recusam a abrir a boca. Eu respiro fundo, tentando buscar outras alternativas além de entrar em suas mentes e fazer com que falem. De acordo com o plano de Fury e com os microfones que foram colocados em nossas roupas, precisamos ter tudo gravado para que possa ser exposto a todos.

          - Nós podemos fazer isso da maneira mais fácil ou da maneira mais difícil. Vocês escolhem.

          - Ah, você mudou mesmo. – O veneno escorre da voz de Elizabeth. – Sabe, meu tio costumava dizer como você nunca apelava para a violência ou para a tortura, mesmo quando era levada ao limite. Vejo que as coisas estão diferentes. Você parece até mesmo animada para isso.

          Sei que ela quer entrar na minha mente agora e que esse é apenas o começo, mas não me demonstro afetada por suas palavras. O que ela disse é verdade. Depois de tantos anos usando essas habilidades para infringir dor e morte, preferi manter os sentimentos para mim mesma e aceitar o que faziam comigo, mesmo que eu pudesse me defender. Isso irritava Zola, mas, depois de um tempo, parei de me importar. Não usar o que tinha chegava a ser um alívio e aceitar a punição era uma forma de compensar tudo o que eu tinha feito. Foi uma maneira que encontrei de não enlouquecer e me afogar em culpa e ódio. Talvez eu devesse ter me defendido e impedido as coisas de chegarem àquele estado, mas agora é tarde demais para pensar nisso. Não posso mudar o passado, mas, talvez, posso mudar o futuro e impedir toda a merda que esses dois planejam a anos.

The Project || Bucky Barnes (a editar)Onde histórias criam vida. Descubra agora