Cherry.

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O último verso da música chamada Fine Line, que também é o nome do álbum, ecoa pela sala e todos batem palma, me fazendo acreditar que foi a última música.

- Harry! Isso foi maravilhoso!

- Sem palavras, Harry. Isso merece o grammy.

- Não sei vocês mas aquela golden? Minha favorita!

- Obrigado, gente, muito obrigado. - Harry sorri tímido e olha pra mim, esperando que eu diga algo com as outras pessoas. - Você...gostou?

- Eu...- Estava com uma das mãos apoiadas na boca, algo não saia da minha cabeça. - Eu amei, Harry.

- Jura? - Ele sorri mas ainda sim me olha diferente.

- Sim, é...é um álbum maravilhoso.

- Tem alguma coisa errada? Eu coloquei algo na música que não deveria? Eu não queria te...

- Não, o álbum está lindo. Eu tenho que ir agora, tudo bem?

- O quê? Você vai embora?

- Foi bom te ver, estou muito orgulhosa do seu trabalho. - Saio pela mesma porta que entrei e Harry vem atrás de mim como eu temia.

*
- Ela tá indo embora? Depois de ouvir isso tudo?

- Parece que sim.

- Nossa, que louca. Se eu ganhasse um álbum desses, ainda mais do Harry, já estaria nos braços dele.

- Mas você não reparou?

- Em que, Jeff?

- A música Cherry.

- O que tem ela?

- O Harry colocou uma voz francesa no fim da música, e bom...Bella Hadid não é francesa...

- Ah, entendi tudo.

*
- Bella, espera. Me diz o que eu fiz de errado? - Harry grita atrás de mim enquanto eu vou até meu carro.

- Você não fez nada.

- É claro que fiz, você está puta. Não gostou de algum verso?

- Por que isso importa?

- Por que é um álbum inteiro sobre você, porra!

- É? Inteiro? Até aquela Cherry? - Ele arregala os olhos, como se realmente achasse que eu não ia reparar aquele áudio no final da música. - Você nem mesmo se preocupou, estava sorrindo enquanto aquele áudio tocava!

- Bella eu posso explicar.

- Ah, é claro que você pode, você sempre tem uma explicação para tudo.

- Por favor.

- Tchau, Harry. - Entro no meu carro e ele praticamente pula para dentro dele também, no banco dos passageiros. - Harry, sai...

- Não vou sair até me deixar explicar.

- Como você vai explicar a voz da mulher com quem você me traiu em um álbum que supostamente seria sobre mim!?

- Ele é sobre você. E não é pra interpretar dessa maneira. - Eu o olho sem o mínimo de paciência para seus jogos. - Cherry não foi escrita por mim, foi Camille que escreveu.

- O quê?

- Quando eu disse que estava apenas passando um tempo com ela, e ela sabia de tudo, era sério. Ela realmente sabia que eu não queria nada com ninguém além de você. Estavamos apenas sendo amigos com benefícios, ela também estava passando por coisas, a namorada dela...ex-namorada, trocou ela por um cara e bom, ela me contou essa história. - Tenho certeza que minha expressão é de total confusão, porque é só isso que estou sentindo. - O que precisa entender é que Cherry foi escrita por mim mas na perspectiva de Camille, ela foi minha amiga e uma ótima ouvinte durante um tempo e eu só...queria retribuir.

- Você...queria retribuir. - Eu não tenho nenhuma expressão no rosto e minha boca está formada em um "O".

- O áudio no final...foi a última mensagem de voz que Camille enviou para seu ex. Ela nunca o superou mesmo depois de tudo e eu me identificava, porque  eu sabia que nunca iria superar você.

O carro é consumido por silêncio por longos minutos, um silêncio desconfortável.

- Não poderia pelo menos ter explicado isso no título da música? - Harry ri. - Tipo, sei lá, "faixa sobre a história de outra pessoa". Por que Cherry?

- Cherry é uma alusão à "cherrí", querida em francês, por que a Camille é...

- Já entendi. - Harry ri mais.

- Bom e eu não ia perder a oportunidade de te ver assim com ciúmes.

- Não estou. - Digo pensando comigo mesma o quanto isso é mentira.

- Ok, acredito. - Ele vira seu rosto para rua, mas volta à olhar para mim em seguida. - Me perdoa?

- Não.

- Não? - Ele arregala os olhos assustado. - Por que não?

-  Me aceite de volta. - Seu rosto fica totalmente em pânico e abre a boca algumas vezes mas não consegue dizer nada. - Oh meu deus, Harry, estou brincando!

- Porra, Bells. - Ele apoia a cabeça na janela enquanto eu ainda estou rindo. - Isso não foi engraçado.

- Foi sim.

- Hm.

- Oh, não fique bravo! - Toco seu rosto e ele tenta segurar um sorriso se formando. - Estou vendo algo aí, não segure.

- Para! - Ele cobre o rosto com as mãos. - Você é chata.

Continuo tocando seu rosto, passando o indicador pelo seu maxilar. Eu o amava tanto e eu sabia que se ele olhasse para mim naquele momento ele iria perceber isso, então agradeci os céus por ele apenaa encarar seus pés.

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