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Estávamos sentados em um banco comprido de madeira, em frente a um lago cercado por árvores e casais apaixonados. Zayn e eu segurávamos sorvetes; o meu de chocolate com menta e o dele de baunilha com morango.

— Não imaginei que quisesse sorvete. — Zayn fala.

— Eu amo isso, mas tive que ficar um tempo sem comer coisas desse tipo para não ganhar peso. — dei de ombros, arracando um pedaço do doce.

Eu estava quase acabando o alimento gelado, enquanto o de Zayn estava derretendo e melando toda a sua mão, mas ele não parecia se importar ou perceber o que estava acontecendo.

— Eu senti tanto a sua falta. — sussurra, sem tirar os olhos de mim.

Me engasguei com a casquinha crocante do sorvete que voou direto para minha garganta, me fazendo tossir incontrolavelmente. Dei um gole na água recém comprada com o sorvete.

— O que você falou? — perguntei, cheia de dúvidas.

Zayn riu, desviando o olhar para o líquido que ainda escorria e cobria toda a sua mão. Ele abriu as pernas, para apoiar o cotovelo afim de não deixar cair pingos de sorvete em sua calça de alfaiataria — que eu arriscaria dizer que era mais cara do que meu quarto inteiro.

— Você tem um lencinho para me dar? — ele pergunta, me encarando com aqueles olhos que brilhavam mais do que as estrelas do céu.

Rapidamente busquei por lenços umedecidos que sempre tinha na bolsa. Saquei o pacote e ofereci a Zayn que puxou alguns lenços.

***

Fazia algumas horas que estávamos tendo uma conversa cheia de histórias e contratempos. Eu não podia negar que Zayn e eu tínhamos uma química questionável.

Agora o homem me contava sobre as poucas tentativas de relacionamento que tivera desde que nos separamos. Não posso negar que estava sentindo um pouco de ciúmes.

— É meio difícil tentar encontrar em outra pessoa, o que eu já encontrei em outra. — ele diz, olhando para o chão. — Eu quis muito me apaixonar por alguém, queria voltar a sentir alguma coisa para mostrar a mim mesmo que eu não estava sendo duro com meus próprios sentimentos.

— Há tantas pessoas no mundo, não pare de procurar. — dou um empurrão em seu braço.

— Eu parei de fazer isso. — Zayn entrelaça os dedos. — Esse é o lado ruim de querer tanto uma coisa... o resto parece não ser tão interessante, por mais que seja. Acho que se torna invisível.

— Por que está falando isso? — perguntei curiosa.

— Não sei. Era uma coisa que eu tinha formulado em minha cabeça enquanto eu pensava em você. — volta a me olhar. — Foram dias difíceis para mim, Luna. — ele sorri sem mostrar os dentes.

— Eu te entendo. — cruzo as pernas. — Conheci Thomas em um dia que parei no hospital depois de ter passado tanto tempo sem comer. — dou uma pausa.— Depois que você se foi, achei que não encontraria alguém por quem eu fosse sentir algo bom e por um lado, eu queria estar certa. Não via vantagens em relacionamentos. Tudo parecia ser muito sem graça.

Percebo que Zayn me escuta atentamente, agora que sua testa está cheia de curvas e sua boca está aberta.

— No começo Thomas era um ótimo amigo, ia além de um médico, era alguém com quem eu me sentia confortável. Thomas se tornou meu amigo em tão pouco tempo, então voltei a acreditar nos sentimentos e tentei colher os mais genuínos.

Olhando Zayn mais uma vez, percebo que ele está sério.

— Luna, eu sei que você me pediu para ser seu amigo, estou me esforçando ao máximo para ser apenas isso... — Ele é interrompido assim que meu celular toca.

— Desculpa. Preciso atender. — falo, levantando.

"Luna?"

"Thomas?"

"Estou aqui no camarim, onde você está?" - Pergunta.

"Assim que acabou, eu saí para comer com um amigo."

"Hm. Onde vocês estão?"

"Na praça que fica algumas quadras daí. Te passo o endereço por mensagem."

"Ok. Até mais." - ele diz, antes de desligar.

Quando me aproximo de Zayn novamente, ele já está em pé. Fico confusa.

— Por que está em pé?

— Era seu namorado? — pergunta.

— Sim, ele queria saber onde eu estou. Ele vem me buscar. — dou um sorriso.

— Entendo. — Zayn sorri. — Eu tenho uma planilha para fazer, então já estou indo para casa.

— Sério? Não pode ficar mais um pouco?

— Não, não. — o homem enfia as mãos nos bolsos, como sempre. — Me desculpa por te deixar aqui sozinha, mas eu realmente tenho que ir.

Zayn beija minha testa e dá meia volta, virando as costas para mim.

Ele parecia tão triste.

The Unknow - ZaynOnde histórias criam vida. Descubra agora